Ex-Venomous?

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- Puta que o pariu, Raz, você tá brincando com a minha cara, só pode... - me levantei do sofá tão indignada que quase derramei minha caneca de café nele. - Você sabe que eu tenho uma banda minha né? Bem agora que estava começando a colocar as coisas nos trilhos! Porra...

- Mav, qual é...

- Não. Não, não, não, não ... .não! Isso não vai acontecer, Esquece. Tá cheio de baterista no mundo, porra, por que tem que sobrar justo pra mim?

- E você acha que é o que eu queria? Porra, se tem alguém que eu não preciso perto d...

- Perto do quê? Ou melhor, de quem?

Lógico que ele travou e não disse mais nada. Eu estava na bancada da minha cozinha procurando meu cigarro e ele veio e parou na minha frente com o meu maço nas mãos.

- Conheço alguém que também fica cego quando tá com raiva, sabe...infelizmente é um bosta que toca baixo na minha banda.

Eu peguei o cigarro, acendi e soprei a fumaça nele.

- É, eu sei de quem você tá falando. Acho que é o mesmo bosta que podia ter me matado um tempo atrás.

- Qual é, Mav...quer saber a verdade? Eu mesmo fui o primeiro a dizer que não era uma boa ideia. Tá! Você tem razão, o mundo está cheio de bateristas! Mas só tem uma que tem capacidade pra cobrir o lugar do Tony bem o suficiente..alguém que no máximo vão dizer "que pena que o Tony não tá aqui, mas ela quebra a casa!".

- Eu não sei, não, Faz...isso tem tudo pra dar merda...A última vez que eu toquei com um babaca, fiquei marcada como encrenqueira pra sempre...

- O Pilson era outro escroto. Você tem um imã potente pra atrair fracassados, Mav, convenhamos...eu sempre quis te dizer isso, mas...

- Você sabe que você está nessa mesma categoria, né?

Ele riu enquanto abria a minha geladeira e pegava uma cerveja. Não sei, talvez por causa de todas as vezes que dividimos um camarim e todos pegavam as coisas da geladeira o tempo todo, nem sequer me incomodei.

- Mav...eu diria pra você pensar a respeito com calma, o problema é que não temos tempo. Temos uma turnê em poucos dias e...

- Caraaaaaaaaaaaaaalho, Raz... - eu cruzei os dedos atrás da cabeça olhando pra cima - Por que é que Você, em toda a Sua sabedoria não manda alguém pra resolver os meus problemas ao invés de eu ter que resolver problemas dos outros? Não é justo isso, ó Grande Sacana do Universo...

- O que você quer em troca? Olha só, qualquer coisa que você pedir, eu dou um jeito, mas não deixa a gente na mão...

Ele não ia desistir, nossa... nada melhor que a sensação incrível de ser colocada mais uma vez contra a parede pelo Razzle...

- Bom...se você não tivesse arranjado para a Venomous tocar no Troubadour, já seríamos carne morta a essa altura...

- Tá vendo? Você me deve uma.

- Foi por causa desse papo de "você me deve uma" que essa história começou. - Ele só estava bebendo a cerveja e olhando pra minha cara como se fôssemos irmãos conversando na cozinha de casa em Wisconsin. - Quer saber? Tá bom. Se ajoelha, então.

- O quê?

- Se você vai fazer o que eu quiser, começa agora: de joelhos.

Ele ficou me olhando, atônito. Quase tão vermelho quanto a calça de vinil que usava. Eu apontava para o chão encarando com firmeza bem nos olhos dele.

STARRY EYESWhere stories live. Discover now