bônus 2- Cherry & Vanity's Baby Girl

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Como o Sparky mencionou durante o livro de fato, tiveram algumas músicas que aconteceram em torno de alguma merda que eu fiz com alguém

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Como o Sparky mencionou durante o livro de fato, tiveram algumas músicas que aconteceram em torno de alguma merda que eu fiz com alguém. Pelo menos um versinho ficava no ar vez ou outra que eu pensava “vixe, será que doeu assim?”. O Pilson fez uma bem desaforada, mas não importa muito. Tem o mesmo nível de importância que ele teve na minha vida, apenas um pé no saco. 
Quando ele me mostrou “Starry Eyes” naquela tarde na casa dele, eu juro que sequer passou na minha cabeça que era comigo. E eu realmente pensei que era uma música bonitinha, mas boba demais para a Dazzle. Os acordes que ele me mostrou pareciam uma canção de ninar, não fazia muito sentido! Mesmo que eu tivesse percebido que era comigo, não iria concordar com aquela música na versão crua; a canção foi salva pelo Jack, que como sempre tinha o timbre e a distorção certas para ter a “cara” deles. 
Quando entendi que se tratava não só de mim, mas de como ele estava se sentindo a respeito do que acontecia entre nós, percebi que estava esquecendo como ele era prolixo quando se tratava de dar qualquer abertura. De alguma forma ele sabia que qualquer mínima abertura virava uma avalanche. Eu não era muito diferente e detestava quando desmoronava, porque detestava me sentir vulnerável. 
Mas outra música, e essa me pegou de jeito, que me desarmou totalmente não veio dele. 
A Cherry sempre foi a cabeça de vento da Venomous; e por mais que me preocupasse com ela, a verdade era que eu falava melhor do que fazia. Mesmo que ela cheirasse quilos de cocaína, bebesse como um peixe, ela tinha uma sensibilidade incrível. Durante um bom tempo, nos encontrávamos muito pouco para qualquer assunto que não fosse a banda, mas era apenas um sinal dos tempos…Tinha uma banda punk dos subúrbios chamada Clam Dandy cuja vocalista, Bettie era amiga dela há muito tempo, e elas curtiam mais entre elas. E eu, por outro lado, estava em um círculo vicioso bem mais pesado que cheirar cocaína. Nos tornávamos aos poucos aquele tipo de amiga que raramente conversava, mas sempre que precisávamos uma da outra, estávamos a uma ligação de distância, melhor exemplo do que a agonia que ela estava em me encontrar quando o Sparky “deu uma morridinha rápida”, não há. Quando pedi para todos me encontrarem na casa dele depois que ele foi para a clínica, ela foi a primeira a chegar e a última a sair. 
Quando eu tive aquela recaída e não sabia o que fazer pois não podia ir para a mesma clínica onde ele estava, ela disparava com o Phil à procura de uma nova, mesmo que ele insistisse que ela devia procurar para si mesma, não para mim. Certa vez, ela foi me visitar e a Vanity estava junto e conseguiram uma visita fora da cafeteria onde era comum receber visitas (o que me fazia me sentir em um filme sobre prisão feminina). Estávamos no meu quarto, ricamente decorado com móveis lisos de metal, uma porta que não tinha fechadura por dentro, apenas uma campainha, uma mesinha e janelas altas sem cortinas para evitar suicídios e o banheiro sem porta. Depois disso, nunca mais me senti confortável em casas com salas espaçosas e cortinas pesadas e desde então, moro em um apartamento simples em Santa Monica. A única coisa que faço questão é a vista para a praia para não me sentir isolada em um quarto daqueles. Acordar e ver o mar lá fora me lembrava todo dia que estou viva. 
 — Você vai ser o primeiro a testemunhar uma música inédita nascendo, está pronto? — ela brincou com o enfermeiro que estava em pé ao lado da porta, enquanto tirava o violão de dentro do case. 
— Vocês tem certeza que aqui é um bom lugar para ensaiar? Podíamos esperar eu sair daqui… — estava sentada com as pernas cruzadas sobre a cama parecendo uma girls night com uma camiseta enorme branca sem nenhuma estampa; prisão feminina. 
— Olha só… — ela puxava uma folha de caderno do bolso, desdobrou e esticou em cima da perna. — Não precisamos gravar essa, ok? 
— Do que essa maluca tá falando? — virei para a Vanity que estava com o outro violão já empunhado. 
— É o seguinte, Mavs… — ela começou a afinar o violão enquanto a Cherry tocava a Mi para ajudá-la. — Pensamos muito em tudo o que aconteceu, e não podemos te julgar, nunca julgamos. 
— E sempre cuidamos uma da outra, não era esse o combinado quando começamos?
— Certo… — eu estava com um flashback estranho do Sparky fazendo rodeios ao invés de contar logo alguma coisa. 
— Se for para eu ter algum crédito nessa, só queria dizer que a letra não é autoria minha. Não totalmente, só ajudei no máximo com algumas rimas e acordes. A ideia foi da Cherry e eu fui construindo com ela.
— E isso que eu escrevi, baby girl, pensei em te mostrar quando você saísse daqui. Mas talvez sirva como um empurrãozinho para você sair daqui mais rápido. 
— Não dá para sermos a Venomous sem o nosso ‘braço forte e gênio do cão’, afinal…

STARRY EYESWhere stories live. Discover now