PORCOS ESPINHOS

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("Afraid" - Motley Crue)

Eu já estava puta da cara, e até hoje eu não vou abrir mão da razão nessa história

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Eu já estava puta da cara, e até hoje eu não vou abrir mão da razão nessa história. E a pergunta continua ecoando: quem ele estava pensando que era?

Eu sabia que era dia após dia, turnê atrás de turnê, dezenas de garotas, algumas se jogando nele, outras que ele pagava em bares de strip.

E não era mentira: depois de uma ou duas trepadas, já estava cansada do Monroe. Ele começou a ficar pegajoso, e naquela tarde na piscina ele estava me rodeando diante dos caras tentando fingir que eu era propriedade dele. Isso jogou uma pá de cal no meu tesão de vez. Mas pelo menos teve a decência de não insistir quando eu disse que não queria mais saber.

Voltando para o momento onde paramos: Eu estava mesmo bufando, minha visão estava turva e sentia os nervos agitando toda a minha pele como um reator de fissão nuclear dentro de mim prestes a explodir. Quando ele foi insinuar que era maior que eu, tudo acabou explodindo. Hoje em dia quando lembro dessa noite, sempre penso que éramos como dois porcos-espinhos. Sabe, daquela fábula, que eles queriam se abraçar mas sempre acabavam espetando um ao outro e precisavam insistir muito até achar um jeito de não se espetarem mais e conseguirem se abraçar decentemente?

Eu podia jurar que era um tapa, mas só percebi que meu punho estava fechado quando já tinha acertado a cara dele. A cabeça dele girou pro lado e voltou, e eu já estava com o outro braço erguido quando ele agarrou meu punho com força e me empurrou na cama. Foi bem feio. Ele tentava me segurar para eu não atacá-lo mais, mas estava com a adrenalina do ódio transbordando até o último fio de cabelo, e chutava ele, até que enquanto ele me segurava e eu não conseguia me soltar, como último recurso, cuspi na cara dele.

Acho que qualquer um naquela situação, do lado dele ou do meu, não reagiria diferente. Eu lembro de um tapão forte na cara que devolvi com socos no peito e na garganta dele. Mas ele não saía de cima de mim. Aí virou uma briga de garotas, porque ele agarrou meu cabelo na parte de trás da cabeça tentando me imobilizar, mas eu soltei uma mão, acho que foi a pura força do ódio e quase arranquei um tufo de cabelo dele também antes de começar a chutar e bater as pernas com a força renovada, mas mesmo assim, uma coisa ele estava certo: ele é muito maior que eu, e mesmo magrelo daquele jeito, ainda era forte o suficiente para impedir que eu conseguisse levantar um milímetro que fosse do meu corpo.

Eu estava cansada, e acho que ele também. Ambos sem fôlego, ele ainda apertava meus punhos.

— Abre a mão. — ele falou ainda resfolegando, mas eu ainda estava furiosa demais. — Eu não vou soltar enquanto você não abrir a porra da mão.

— Vai se foder.

— Justo. Mesmo assim. Abre a mão.

Eu não estava vendo o rosto dele, só os olhos, de tão perto que ele estava. Mesmo que o olhar dele não parecesse mais disposto a brigar, eu não confiava.

— Abre...a...mão.

Acabei abrindo, mas ainda estava furiosa.

— Some...da...minha...frente. — cochichei quase rosnando.

— Como queira.

Ele soltou os meus punhos e saiu de cima de mim. Assim que me levantei fui procurar meu cigarro.

— A gente se vê por aí, Mav. 

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