2- PRÓXIMOS DA LISTA

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E na sequência do pequeno festival de New Orleans, vínhamos nós, para encerrar o evento. O que era perfeito, pois teríamos uns dias de folga quando chegássemos de Jacksonville. Durante o dia, fizemos um pequeno passeio pelo French Quarter. De novo, um bar de strip para os caras, drogas pra mim.

Eles evitavam ficar muito por perto quando a Mave estava por perto, mas pra mim era perfeito. Livre de babacas como o Raz se sentindo o Pica das Galáxias e com a minha garota e um pacote todo nosso. Eu não disse? A vida era boa.

Então, voltamos para o hotel e nos trancamos no quarto. Claro, os planos eram os de um casal de junkies-rockstars em lua-de-mel improvisada, ou seja: slutty, drunk sex.

Mas ela tinha outros planos que eu não imaginava. Mal entramos e ela se sentou com as pernas esticadas na cama e a garrafa de uísque na mão. Ela sabia o que eu ia fazer e estava esperando. Eu, um panaca egoísta como sempre, nem prestei atenção.

Estava fazendo a função de sempre: dois gramas de cocaína pra ela

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Estava fazendo a função de sempre: dois gramas de cocaína pra ela. Pra mim, eu evitava injetar na frente dela (perto, ok - na frente, jamais. Acho que no fundo, eu sabia o quanto estava sendo um idiota e tinha um mínimo de vergonha na cara ainda). estava misturando um pouco da heroína com a coca para disfarçar, mas a porção que sobrava eu reservava para injetar quando precisasse "dar uma mijada".

— Você vai injetar isso no banheiro?

Eu travei. Parecia que a minha mãe me pegou encerando a minha cenoura na sala vendo pornô...

— Como assim?

— Só queria saber...qual é a desse negócio?

— Heroína? Não...nem fodendo. Esquece.

— Só quero experimen...

— Não, caralho! Se quiser, pode cheirar um pouco, aqui. Mas você não vai injetar essa merda enquanto eu estiver vivo, tá me entendendo?

— Tá bom, tá bom...credo...

Eu não contei imediatamente, mas também não lembro em que ocasião que eu contei que na verdade, já tinha perseguido o dragão algumas vezes antes daquele dia. Provavelmente eu estava trincada... Mas lembro quando foi a primeira vez que mandei nariz adentro cocaína e heroína misturadas: foi em L.A., no Rainbow, enquanto ele estava chupando a cara da tal Marianne. Desde então, como não tinha interesse em injetar, misturava um pouco de heroína com cocaína e cheirava...bem, desde que tivesse heroína china white. Daria muito na cara misturar a persian, que parece açucar mascavo. Levantaria dúvidas. 

O esquema sempre seguia algo como: um pouco de coca, bebida, mais coca, mais bebida, e assim segue. Quando a nóia começa e já não se está mais confortável cercada de gente, precisa de um lugar para se manter escondida, sozinha com os fantasmas na cabeça. Aí em casa, fechada e sozinha vendo vultos e imaginando invasores e perigos absurdos, você começa a misturar o próximo pino com um pouquinho de heroína. E vomita as tripas fora na primeira carreira, de novo na segunda (que é um pouquinho mais de heroína do que antes), na terceira já está acostumada. Lá pela quarta ou quinta carreira, já é heroína pura e você vomitou mais ainda, está em um estado semi-catatônico, mas pelo menos os cachorros de três cabeças vindos do inferno não estão mais arranhando a sua porta. Você não escuta mais um alfinete cair no chão e surta pensando que a polícia esteve te seguindo e estão prestes a invadir sua casa, ou que alguém que você considerava seu amigo pode estar a caminho com uma ambulância para te sequestrar e internar você num hospício na força bruta. A coca corta a brisa da bebida e a heroína corta a nóia da coca. 

STARRY EYESWhere stories live. Discover now