ROSAS E ESPINHOS

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Não foi uma, nem duas, nem doze vezes que o Sparky agiu como um total e completo babaca. Eu sabia que ele estava cada vez mais viciado, sabia o absurdo de grana que ele gastava com heroína, sabia que toda vez que ele desaparecia, estava trancado em casa, totalmente chapado, paranóico, e o pior: sabia que devia ter deixado claro de alguma maneira que eu não tinha perspectiva nenhuma de terminar com o Bret, certo?

Mas por que o Sparky era...bem, o Sparky, achava que era dar satisfação demais para quem fazia o que queria, quando queria e como queria. O que ele estaria fazendo, afinal, quando soubesse que não havia feito diferença nenhuma no meu relacionamento com o Bret? Mesmo errando feio, não pensava em desistir dele em nenhum momento.

Provavelmente o Spark estava armado e com todas as portas trancadas. Odiava isso, pensava que a qualquer momento chegaria uma notícia de que ele se matou com um tiro na boca, ou coisa assim. Nessas horas, eu mesma respondia a esses pensamentos: "nah, ele sempre foi muito forte. Não vai chegar a esse ponto". Não que funcionasse, mas eu tentava.

Enfim, o festival em Denver, a Venomous tocou junto com o Poison. Ainda estava com o Bret Michaels; afinal, o conhecia desde quando não éramos ninguém, ou melhor: estávamos prestes a deixarmos de ser. Foi uma coisa muito boa durante...dois meses? Três? Ele me distraía um pouco das preocupações. Aos poucos, sentia que o Sparky era passado,tinha sido um erro que ele entenderia, e quem sabe conseguia ma
nter uma perspectiva de sermos grandes amigos um dia, quando ele estivesse curado. Quando eu e Bret voltamos para L.A., era óbvio que eu já imaginava que a fofoca tivesse chegado aos ouvidos dele. Esse tipo de coisa chegava sempre nos ouvidos de qualquer um, até em um cara trincado de drogas trancado atrás de cinco portas e um sistema de segurança.

E eu estava preocupada. Não queria que ele surtasse... Ainda repetia para mim mesma que ele era forte e tudo mais, mas...se antes já não funcionava, agora era pior. Forte? Sim, ele sempre foi forte. E orgulhoso. Ele não deixaria barato.

Não faziam quinze dias que tinha voltado para casa, quando o Bret apareceu de repente, furioso, com uma fita cassete de secretária eletrônica na mão.

— Escuta essa merda.

Eu me sentei no sofá, ele tirou a fita da minha secretária eletrônica e colocou a fita que ele trouxe. O Bret era exatamente o tipo que o Sparky fez um comentário maldoso que acabou em pancadaria comigo uma vez: mais um vocalista afeminado e loiro. E eu sabia que ele também se lembrava disso. O Bret estava me encarando, o maxilar tenso e parecia que tudo que ele queria era o poder de atirar lasers pelos olhos e me matar ali mesmo. Mas o que eu tinha a ver com essa fita? Escute:

"E aí, Bret, beleza? Ah, com certeza deve estar tudo maravilhoso! Nada melhor que comer a garota de outro cara para se sentir algo parecido com um homem de verdade, não é, seu escroto de merda? Ah...verdade, você não está. Está passeando por Denver ou só está fodendo a mulher errada? Eu devia cortar o seu pau fora e enfiar nessa sua boca de travesti! Mas tudo bem. Quando você voltar para L.A., eu vou te encontrar. Um conselho? Aproveite agora, enquanto as rótulas dos seus joelhos ainda não encontraram meu taco de baseball, sua putinha afeminada diabética do caralho...caso você não tenha se ligado ainda, sou eu, Sparky quem está falando. Tô pouco me fodendo se eu for preso por isso. Entro na cadeia sorrindo por ter fodido a tua vida".

O meu queixo estava literalmente caído.

Eu imaginava que ele não iria saber lidar com tudo aquilo, mas...a esse ponto? Não tinha checado a minha secretária ainda, na verdade eu demorei alguns dias para criar coragem e ouvir, mas o único recado dele dizia que esperava que eu estivesse bem e estava agradecendo pela mensagem de aniversário, Natal e Ano Novo que eu mandei para ele. Estávamos em Fevereiro!

STARRY EYESWhere stories live. Discover now