STARRY EYES

OUTRAS VOZES...

VANITY

Na verdade, ela me comprou as coisas porque ficou constrangida mesmo, eu nunca cobrei. Quem poderia julgar? Não é uma situação que você pode dizer: "olha, tudo bem, o seu namorado morreu e voltou, mas isso não te dá o direito de surtar". Ela tinha todo o direito.

O Tony ficou um pouco assustado com a reação dela. Não surpreso, mas assustado. Sabíamos que ela não ia reagir bem, de fato. Estávamos os dois parados na porta do quarto quando ela berrou "sai da minha frente! Agora EU vou matar esse cuzão!".

Já tentou segurar um trem em movimento? Então...não é impossível, mas exigiu um esforço enorme, tanto meu quanto do Tony.

Acabei dando outro comprimido para ela, esses de "capotar elefante", no estilo enfermeira de hospício mesmo: o Tony segurou ela e assim que ela abriu a boca para xingar ele de alguma coisa por estar impedindo que ela fosse até a casa do Spark para matá-lo, aproveitei a deixa e enfiei o comprimido goela abaixo. Ela ficou puta como um gato de rua capturado.

— Se ela cuspir, enrola outro num pedaço de queijo ou coisa assim! — Muito engraçado, Tony...

Pensando bem, toda essa situação foi como dar um comprimido para um gato, mesmo. Eu tenho três dessas bolas de pêlo, e posso dizer que nesses dias a Mave foi minha quarta gata.

Ela ficou mais alguns dias em cativeiro na minha casa, não confiava nela nem para receber o entregador de pizza na porta. Juro, eu podia imaginar ela derrubar o entregador e roubar a bicicleta, pedalar até Van Nuys e enforcar o Sparky com uma echarpe.

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TONY

Todo mundo tirava uma com a minha cara quando eu falava que por causa da Mave eu não queria estar no lugar do Sparky nem por todo o uísque da Escócia.

Mas eu estava errado? olha só!

Hoje em dia, eu penso que na verdade, eles são praticamente a mesma pessoa. O Sparky é uma versão um pouco mais burra dela, talvez essa seja a única diferença. A Mavie tinha alguma noção de limite, o Sparky...se ele farejava um limite, atravessava tudo como um tanque de guerra.

Feitos um para o outro com a receita caseira do diabo. Rá.

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Sério isso? Vocês vão mesmo acreditar no conto da Mave-badass depois de tudo que contei?

Ela pode ter quebrado tudo, até aí eu concordo. Mas que ela ficou puta da cara, queria me matar?

Ah, tá bom.

Quando ninguém mais estava vendo ela deve ter chorado até desidratar, porra...vocês sabem tão bem quanto eu.

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É, disse o cara que estava morto demais pra saber o que estava acontecendo com os outros.

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