Tony de volta

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(Vou continuar aqui mais um pouquinho; como eu disse, não sou do tipo que recusa uma fofoca...e esses dois sempre deram pauta de sobra!)

Tem ideia do inferno que era toda vez? Tanto na época que estavam começando essa história de 'transa e vai embora, mas fica' quanto depois, toda vez que eles estavam no mesmo lugar era certeza que não seria monótono.

E como eu disse, sempre soube, desde o começo que tinha alguma coisa muito grave acontecendo com eles. E durante a maior parte do tempo, eu sabia mais que os dois e cada vez que via eles trocando um olhar cheio de raiva, ficava bem claro pra mim que eles não conseguiam simplesmente ocupar o mesmo lugar. Se não acabassem se escondendo em algum canto ou se refugiando na casa um do outro...provavelmente um dos dois tratava de achar um jeito de provocar. Eles simplesmente não suportavam a ideia da presença de um passar batido para o outro, seja pelo amor ou pela dor.

O Sparky sempre foi um irmão pra mim. Sério, eu amo esse cara como a minha família, nos piores e nos melhores momentos. A Mave era um pouco esquisita demais pro meu gosto no começo, não gosto muito de gente rabugenta que não seja o Jack. Naquela noite no Rainbow eu comecei a gostar um pouco mais dela, e a cada vez que ela estava por perto em algum festival ou estávamos na mesma festa, com ou sem Sparky, sempre conversávamos. Lembro quando fiquei noivo da Heather, eu tinha certeza que ela e o Sparky tinham se acertado para sempre, e mais uma vez estava frustrado nessa expectativa.

Quando fui preso, depois que a Heather me deixou, o panorama da minha situação era: o Razzle ocupado demais com a filhinha dele que estava doente; o Jack não falava comigo e estava grato por eu ter saído da banda.O Sparky chapado demais, mas era uma boa opção para chapar e não pensar na merda toda. Podia falar com a minha família, com outros amigos mais distantes, mas não eram uma boa escolha a não ser em um balcão de bar. E outra preocupação que tinha: eu não queria ficar fora da Dazzle, mas não sabia o que ou como eu iria voltar. Ao contrário dos outros caras, eu sabia que a Mavie não reagiria mal se eu perguntasse pra ela, e a minha sorte foi encontrá-la por acaso numa festa na casa do Andy McCoy. Ela estava limpa na época, de todas as vezes que conversei com ela, acho que foi a primeira vez que ela estava realmente agradável. Não via mais aquela sombra furiosa na expressão dela.

— Mavs, não me leva a mal, mas precisava conversar com você sobre...bem, você sabe...

— Você tá grávido! Você sabe quem é o pai, por acaso?

— Palhaça...não, é sério, porra...

Ela olhou ao redor com uma expressão séria, entortando a boca para o lado.

— Não é sobre ele, né?

— Prometo, não vou sequer tocar no nome dele.

— Certo. Bem, aqui a gente não vai conseguir conversar porra nenhuma...a minha casa ou a sua, garotão?

— O quê??? Não...!

— Pra conversar, Tony...vamos para a minha. Pelo menos é mais perto.

Ela morava em uma casa de condomínio em Hidden Hills, sempre o oposto de tudo que um rockstar entende como o adequado. Era um sobrado de três quartos, a única coisa mais luxuosa que tinha era uma sala grande com janelas enormes com vista para a cidade inteira lá embaixo. Segui o Maverick vermelho até chegarmos lá e ela largou as chaves ao lado da porta e foi direto para a cozinha e abriu a geladeira.

— Tenho...um resto de vodka, Coca-cola, cerveja...o que vai ser?

— Pensei que você estava limpa...

— De drogas, mas uma cerveja ou outra nunca foram problema pra mim. Esquisito né?

Ela me trouxe uma cerveja e seguiu na minha frente até a janela enorme. Tinha um espaço no canto esquerdo com uma porta que dava para uma varanda com apenas duas cadeiras e uma mesinha menor.

STARRY EYESWhere stories live. Discover now