Capítulo IX - MAG

1.8K 307 45
                                    

Ela e o Joca foram pegos roubando comida.


*********************

Eu estava com tanta raiva do Joca que, se estivéssemos na mesma cela, eu provavelmente o mataria. Eu queria entender o que tinha dado naquele idiota, para que ele ficasse comendo mosca ao invés de dar no pé. Puxa! Ele tinha muito mais experiência do que eu. Alguma coisa tinha acontecido e eu precisava entender o que era.

Ele estava em uma cela de frente para a minha, mas permanecia de cabeça baixa, evitando me encarar. Eu não o culpava, já que nossa última conversa não tinha sido nada civilizada e terminou com a interferência de um guarda, dizendo que se o silêncio não reinasse, nós dois nos arrependeríamos. Achei que obedecê-lo era o melhor a se fazer.

- Psiu – chamei, tentando não chamar a atenção do guarda. – A gente precisa conversar.

Ele me olhou e então revirou os olhos, para depois voltar a abaixar a cabeça entre os joelhos.

- É sério, Joca – insisti, em voz baixa. – Precisamos dar um jeito de sair daqui.

De má vontade, ele se levantou e sentou-se em frente a grade. Apenas um corredor de cerca de um metro nos separava.

- O que aconteceu, Joca? – insisti. – Por que você não fugiu quando eu disse para fugir?

Ele suspirou e encarou uma parede ao longe. Ele era o cara mais fechado do planeta e havia uma chance muito grande de ele não me contar o que tinha acontecido. Mas estávamos ferrados mesmo! Eu não tinha nada a perder.

- Eu sei que você não quer me falar e eu nem ligo, mas...

- Eu vi meus pais – anunciou.

Levei alguns segundos para processar o que ele acabara de dizer.

- Seus pais? Eles não estão...

- Mortos? – interrompeu-me. – Não. Eu nunca disse isso.

- Você nunca disse muita coisa, na verdade. Eu só deduzi.

Ele me encarou com um sorriso triste, enquanto tentava chegar ainda mais perto, o que a grade não deixava.

- Foi por isso que eu não consegui correr – sussurrou.

Muita coisa não foi dita naquela conversa, o que não me impediu de compreender um pouco mais sobre a vida do Joca. Seus pais não eram pais exemplares e por isso, perderam a sua guarda. Ele os culpava por ter acabado no orfanato e, consequentemente, no hospital. Isso também explicava porque ele não gostava muito de falar.

- Desculpe – pediu, encarando o chão. – Eu nos coloquei em uma confusão enorme.

- Não tem problema – tornei, solidarizando-me com sua história implícita. – A gente vai dar um jeito de sair daqui. A gente sempre dá.

*********************

Dão mesmo? O que vocês acham?

Não esqueçam do votinho e do comentário.

Beijão e até terça ;*


As Últimas Cobaias - Livro 3Where stories live. Discover now