Capítulo XXXVII - ZECA

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Após aceitar ajudar a Fernanda, Zeca não teve mais nenhum contato com ela.

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Eu queria entender o que estava acontecendo com aquele bando de desmiolados para ficarem me fazendo visitas tarde da noite e – muito provavelmente – sem o consentimento do Tonho.

Admito que quando ouvi batidas na minha janela, achei que talvez fosse a Iolanda para mais uma lavação de roupa suja do passado. Ao ver a Helô juntamente com o Tavinho e a Dani, fiquei sem entender nada.

- Nós podemos entrar ou você vai ficar nos encarando por muito tempo? - indagou a Dani, demonstrando irritação.

Sem pestanejar, ajudei-os a entrar pela janela. Eles sentaram-se na beirada da cama e ficaram em silêncio, como se medissem as palavras.

- Você deve estar surpreso com a nossa visita – começou o Tavinho, com aquele seu jeito intelectual.

- Isso para dizer o mínimo – respondi.

- Nós viemos conversar sobre a Malu – começou a Helô, inquieta.

Suspirei, tentando não perder a paciência com eles. Por mais que esse assunto me esgotasse, eu sabia que eles não o faziam por mal. Mas antes que eu tivesse oportunidade de reclamar, o Tavinho continuou.

- A Dani vem observando a Malu nessas últimas semanas e ela não está nada bem. - Ele levantou-se da cama e começou a andar de um lado para o outro. - Você precisava ver só.

- Ela não come há semanas – explicou a Dani. - Está tão magra que parece que vai sumir.

Minha irritação deu espaço ao espanto. Como eles poderiam estar observando a Malu de dentro do hospital?

- A Dani se transmutou em um pássaro e passou as últimas semanas a observando pela janela – explicou, como se tivesse lido meus pensamentos.

Levantei da cama e peguei um livro do meu curso que estava sobre a cômoda. Não que eu estivesse interessado em ler alguma coisa. Na verdade eu só precisava mexer em alguma coisa para tentar reduzir minha tensão.

- Além disso, o Bruno está nos mantendo informados sobre o que está acontecendo lá no hospital – contou a Helô.

- E ele nos contou sobre uma visita muito importante que o hospital vai receber. Uma visita tão importante que vai tirar o foco da Malu e nos dar a chance perfeita de tirá-la de lá.

Enquanto eu folheava as páginas daquele livro sem prestar atenção em uma palavra sequer do que estava escrito nela, senti meu coração dar um salto dentro do meu peito. Mesmo que eu insistisse para mim que aquela era uma ideia estapafúrdia e que não deveria ser levada a sério, minha cabeça já criara mil e uma possibilidades de tirá-la de la.

- Nós precisamos da sua ajuda, Zeca – insistiu a Helô.

- Eu não sei – respondi, travando uma batalha imensurável dentro de mim.

Eu queria muito poder ajudar. Na verdade, tirar a Malu daquele lugar era o que eu mais queria. Mas eu não sabia se aguentaria mais uma decepção daquelas.

- Você não foi o único que sofreu com tudo o que aconteceu – continuou. - Todos nós acabamos sofrendo também e, no momento, a Malu é quem está precisando de ajuda.

Concordei com um aceno de cabeça e larguei o livro. Ela tinha razão. Eu estivera tão obcecado com a minha própria tristeza, que acabei me esquecendo completamente de que outras pessoas estavam sofrendo, dentre elas a Malu.

- Eu vou ajudar vocês – disse, finalmente os encarando. - Se existe uma possibilidade de tirá-la de lá, nós vamos até o fim.

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Eitcha! Será que vai rolar?

Capítulo postado para atender o pedido da amiga AFortalezaVermelha

Beijão e até amanhã.

As Últimas Cobaias - Livro 3Donde viven las historias. Descúbrelo ahora