Capítulo CLXIII - MALU

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Assim que eu ouvi a voz do Bruno do outro lado da porta, tentei lhe mandar uma mensagem para que ele desse o fora dali. Essa mulher era completamente maluca e eu tinha medo do que ela podia fazer para nós.

Ele cruzou a porta e correu até mim, preocupado.

– Você está bem? – perguntou-me, ignorando completamente aquela mulher doida.

– Estou sim. – Sorri.

– Olha só, se não são os irmãozinhos – começou ela, com deboche. – Vamos sentar, Bruno. Temos muito o que conversar, não acha?

Ela tentou usar sua telecinese nele, mas parecia não surtir efeito, o que eu achei estranho.

– Seu truque barato não funciona, não é? – indagou ele, com um sorriso de canto. – Qual é a sensação de descobrir que seu sobrinho querido é muito mais poderoso do que você? Deve ser uma porcaria.

– O que você sabe, seu pirralho enxerido?

– Mais coisa do que você imagina. Eu fui procurar nos registros qualquer informação sobre esses seus poderes repentinos e qual foi a minha surpresa ao descobrir que você nem sequer fez parte do experimento? Você é uma fraude, Vera. Você é uma usurpadora, porque esses seus poderes são nossos! – Ele a acusava com os olhos injetados de raiva. – É por isso que você nos odeia e odiava a nossa mãe. Porque nós representamos o seu fracasso.

– Do que você está falando, fedelho? – perguntou, arregalada.

– Não venha se fazer de desentendida, que esse papo não cola comigo, titia. – Ele transbordava deboche. – Todos nós já sabemos que o intuito do experimento era vender os poderes e você resolveu usar todos eles ao mesmo tempo, não é? Mas, além de descobrir que esses seus poderes fajutos duram só alguns minutos, ainda ficou sabendo que nós somos muito mais poderosos do que você. Nossa mãe também era. Eu li nos registros que ela era telecinética também. E você? Você ficava com as sobras, Vera.

Eu estava completamente estarrecida com o que estava acontecendo naquela sala. Acho que nem conseguia manter minha boca fechada, tamanha a minha surpresa.

- A mãe de vocês era fraca. Ela tinha um poder imenso nas mãos e tinha medo de usar. Ela nunca foi digna desse experimento.

- Você consegue invadir a mente dela e descobrir toda a verdade? – perguntou-me. Concordei com um aceno de cabeça e ele usou seus poderes e a deixou imóvel.

Nem precisei de muita concentração para entrar na mente dela, talvez ela realmente fosse tão fraca como o Bruno dissera.

Em poucos segundos descobri que nossa mãe era médica e só participou do experimento por pura curiosidade. A organização sabia que ela tinha família, mas não reclamou porque o número de voluntários foi muito abaixo do esperado. A Vera só apareceu quando o experimento já estava adiantado e as cobaias já começavam a manifestar seus poderes. Ela queria participar de todo jeito, mas já era tarde e os gastos para fazer todo o procedimento apenas nela seria grande demais.

Mesmo sem fazer parte efetivamente do experimento, a Vera ajudou em toda a parte burocrática e já era considerada o braço direito dos médicos. Eles a elogiavam o tempo todo e ela estava feliz com a situação quando houve uma morte acidental. Uma das cobaias morreu por um cálculo mal feito e a culpa desse erro caiu sobre as costas dela. Ela foi expulsa e a nossa mãe ficou contra ela, o que gerou muita raiva entre elas.

Depois de um tempo, quando ficou provado que ela não tinha nada a ver com a morte, foi readmitida e a nossa mãe já estava grávida. Ela fazia ameaças constantes a vida dela e, quando nossa mãe teve chance, fugiu daquele lugar. Com a desculpa de recuperar uma cobaia, ela transformou a busca pela minha mãe em uma obsessão e, quando a encontrou, morando no apartamento da mãe do Zeca, matou as duas sem a menor compaixão, na minha frente.

Eu nem tive tempo de ficar chocada com as descobertas, porque assim que eu foquei no que estava acontecendo naquela sala, senti o Bruno se jogando em cima de mim, com suas mãos segurando o meu pescoço e uma expressão de pura raiva. Eu sabia que aquela bruxa tinha invadido a mente dele. Senti muita dor quando minhas costas se chocaram com o chão e, por mais que eu lhe implorasse para parar, nada daquilo estava funcionando.

Da última vez que isso tinha acontecido comigo, foi o Bruno quem me salvou. Agora, que era ele quem tentava me matar, eu não fazia ideia de quem poderia me ajudar. 

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Último capítulo da maratona. Segunda os últimos 15 capítulos serão postados de uma vez.

Beijão e até lá 😘

As Últimas Cobaias - Livro 3Место, где живут истории. Откройте их для себя