Capítulo CXXXVI - TONHO

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Por que é que eu tinha concordado em participar dessa droga de plano mesmo? Onde eu estava com a cabeça quando disse sim para essa ideia absurda? E se as coisas não saíssem como o planejado?

Essas perguntas não paravam de martelar na minha cabeça e, por mais que a Sara estivesse tentando a todo custo me tranquilizar, simplesmente não estava funcionando.

– Olha só. Na melhor das hipóteses a gente vai embora com os documentos e a segunda geração com a gente – tentou explicar. – Na pior das hipóteses, a gente vai embora com as mãos abanando. De qualquer maneira, a gente não perde nada.

Ela estava errada. Na pior das hipóteses nós seríamos presos na segurança máxima até apodrecer lá dentro. Isso cogitando a possibilidade de ficarmos vivos.

Eu estava tão absorto em meus pensamentos, que levei um susto quando a Sara se prostrou na minha frente e segurou meus ombros.

– Quer parar de pensar em todas as possibilidades desse plano falhar e ter uma atitude otimista? – ralhou. – Você não é o único que está com medo. Todos nós estamos, porque todos nós temos muito a perder com tudo isso, Tonho. Mas enquanto você está aqui pensando no seu umbigo, tem um monte de crianças que estão contando com a nossa ajuda, mesmo sem se dar conta disso. Então faça o favor de parar de reclamar e me ajuda a esquecer que a gente pode nunca mais sair desse inferno.

Aquela era a Sara que eu via em momentos raros. A Sara séria e adulta que muitas vezes parecia ser mais velha do que eu e me colocava no meu lugar. Por mais embaraçoso que isso pareça, eu me apavorava quando ela tomava essas atitudes.

Arregalado, apenas concordei. Ela tinha razão. Eu estava tão focado no meu medo, que nem percebi que a Sara estava apavorada e bem ao meu lado. Mesmo que estivesse com essa atitude corajosa, eu já a conhecia bem o suficiente para saber que era tudo encenação.

– Como é que a gente vai cobrir a Malu e o Zeca, se a gente nem encontrou eles ainda? - divagou, como se falasse com ela mesma.

– Concentra, Sara. Você tem a melhor visão do mundo.

Ela parou no meio do corredor e sentou no chão.

– Me dá cobertura – pediu, enquanto abaixou a cabeça entre os joelhos.

– Você está bem?

– Eu só preciso me concentrar.

Concordei e fui para a extremidade do corredor, observando se alguém aparecia. Ficamos assim por algum tempo e, para a minha sorte, não apareceu nenhuma visita indesejada.

– Eles estão no segundo andar – anunciou, levantando do chão. – Vamos logo.

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Beijão e até amanhã

As Últimas Cobaias - Livro 3Where stories live. Discover now