Capítulo XXXV - IOLANDA

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Iolanda levou um corte do Tião e a situação está meio tensa entre eles.

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Eu estava me sentindo muito mal com tudo o que acontecera nos últimos dias e aquela ida até a farmácia com o Tião só serviu para reforçar toda a raiva que eu sentia de mim mesma. Ele não me dirigiu a palavra uma única vez e eu me senti tão miserável, que se não fosse a doença da Sara, eu teria virado a volta naquele instante.

No fundo eu sabia que eu precisava resolver alguns problemas do passado para poder enfrentar os do presente. Mesmo sendo uma medrosa, achei que já era hora de resolver isso de uma vez.

Já era tarde da noite quando saí de casa escondida. Segui aquele caminho que eu já conhecia tão bem e me surpreendi em lembrar que da última vez que eu o fiz – acompanhada do Tonho -, já não estava com raiva como eu pensei que estaria. Isso só me serviu ainda mais como incentivo.

Bati na sua janela e esperei pela resposta, que logo veio.

- Iolanda! – exclamou o Zeca surpreso.

- Desculpa ter vindo tão tarde – disse, sem graça. – Mas eu precisava muito conversar com você.

Ele concordou e me ajudou a entrar em seu quarto. Sentamos na cama e ficamos nos encarando por algum tempo, enquanto eu tentava juntar coragem para dizer tudo o que precisava ser dito.

- Eu vim até aqui porque precisava resolver algumas coisas. Eu já venho pensando nisso há dias, mas nunca tive coragem de enfrentar isso – comecei.

Ele assentiu, incentivando-me a prosseguir.

- Eu queria te pedir desculpas por tudo, Zeca. Desde o começo eu sabia que você gostava da Malu e resolvi fazer toda aquela criancice com medo de te perder. No fundo eu só estava te afastando mais de mim.

- Não, Iolanda. – interveio. – A culpa de tudo aquilo foi minha. Se eu tivesse sido sincero desde o começo, teria evitado esse monte de confusões. Minha covardia custou muito caro para todos e você não merecia nada daquilo que eu fiz você passar. Sou eu quem te peço desculpas.

Assenti, de cabeça baixa. Mesmo que a iniciativa dessa conversa tenha surgido de mim, ainda era bem chato falar sobre esse assunto.

- Eu achei que eu fosse te odiar pra sempre – admiti.

- Eu também pensei isso – sorriu.

Comecei a reparar nos detalhes do seu quarto simples. Não havia qualquer luxo naquele lugar. Duas camas simples e meio bagunçadas, algumas peças de roupa jogadas pelo quarto e a porta do banheiro entreaberta. Mesmo se tratando de um lugar tão simples, senti um pouco de inveja. Ter uma vida normal era algo tão comum e ao mesmo tempo tão distante de mim.

- Eu me sinto tão ridícula por ter feito aquela cena – suspirei. – Se eu tivesse aceitado a realidade desde o começo, nada disso teria acontecido.

Ele se aproximou de mim e me deu abraço. Retribuí com vontade. Essa conversa era tão importante para mim, que eu me senti muito mais leve conforme eu admitia aquelas coisas em voz alta.

- A culpa não foi sua – insistiu, ainda abraçado a mim.

Não sei por quanto tempo ficamos assim, mas me senti grata por finalmente ter tomado coragem para ter essa conversa.

- Você está tão diferente daquele Zeca que eu conheci – concluí. – Você amadureceu tanto nesses meses.

- Isso é bom, não é?

- É ótimo. A única coisa que não é boa é essa tristeza que eu estou vendo estampada na sua cara.

Ele apenas suspirou, como se estivesse concordando com o que eu dizia.

- Eu preciso ir – disse, afastando-me dele. – O grupo anda numa fase meio esquisita e não quero preocupar o Tonho.

- Ele deve me odiar – suspirou.

- Ele já superou isso, Zeca – sorri. – Acho que está na hora de você fazer a mesma coisa.

Depois de pular a janela, voltei para casa me sentindo esquisita. Finalmente eu tinha finalizado uma fase da minha vida. Era hora de começar a próxima.

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Roupa suja lavada com sucesso.

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Beijão e até amanhã

As Últimas Cobaias - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora