Capítulo LXXXIX - ZECA

1.3K 269 144
                                    

Depois que a Malu pisou na bola, ele saiu de casa puto (com razão)

****************

Após a discussão que tivemos antes de sair de casa, abri a porta do quarto preparado para mais uma sessão de perguntas, desconfianças e hostilidades. A Malu desmemoriada conseguia me tirar a paciência de uma maneira inimaginável. Já fora assim da outra vez e, conhecendo-a como eu conhecia, sabia que ela só confiaria em mim novamente quando recuperasse a memória – o que poderia levar bastante tempo.

Assim que destranquei a porta e entrei, encontrei-a deitada na cama, com o controle remoto na mão, zapeando. Ela vestia uma das minhas camisetas, como já era de costume. Devido a diferença de altura, era quase como se ela usasse um vestido, afinal.

– Como foi seu dia? – perguntou, despretensiosa.

– Estressante – respondi, enquanto colocava a bolsa sobre a cômoda.

Queria dizer que meu estresse era quase totalmente devido à sua teimosia, mas mantive-me quieto. Deitei-me sobre a minha cama e fiquei olhando para a televisão, sem realmente prestar atenção no que estava passando. Minha mente estava viajando nos últimos acontecimentos.

Afugentei esses pensamentos enquanto pegava minha roupa para tomar um banho. Talvez um bom jato de água morna ajudasse a colocar os pensamentos no lugar.

Deixei o banheiro, vestindo uma calça de moletom velha e uma camiseta puída e a encontrei parada em frente à porta. Ela parecia desconfortável, como se quisesse falar algo urgente comigo.

– Se você quer continuar nossa discussão, sinto muito, mas eu não estou com o menor clima...

Antes que eu tivesse oportunidade de terminar minha frase, ela segurou meu rosto e selou nossos lábios. Não sei se ela planejara aquele beijo ou se agira por impulso, mas saber que a Malu tinha tomado a iniciativa, me fez sentir uma felicidade estranha, que eu não sentia há muito tempo.

Seu beijo parecia diferente. Mais apressado e voraz do que eu estava acostumado. Mas isso não me impediu de puxá-la pela cintura para mais perto de mim. Eu queria tê-la o mais próximo possível para compensar todo o tempo que passamos afastados.

Quando ela finalmente se afastou, aproveitei para perguntar o que estava passando pela minha cabeça.

– Você recuperou a memória?

Ela negou com a cabeça, dando um sorriso sem graça.

– Só resolvi te dar uma chance.

Antes que ela tivesse oportunidade de voltar atrás, tornei a beijá-la, desta vez ainda mais vigorosamente do que antes e, conforme fui notando que ela correspondia na mesma intensidade, percebi também que as coisas foram tomando uma proporção cada vez maior.

Logo ela estava encostada na parede, tentando tirar a minha camiseta, que foi a única coisa que conseguiu nos afastar por alguns segundos. Quando fiz menção de tirar a dela, alguma coisa mudou e percebi que eu tinha passado do limite.

Ela me empurrou com força e correu para o banheiro e eu me senti um grande idiota.

– Malu – chamei baixinho, em frente a porta. – Abre a porta, vai. Eu sei que eu exagerei.

Ela não respondeu e percebi a gravidade da situação. Eu tinha jogado fora todo o progresso que fizera.

– Por favor. Abre essa porta – insisti, colando o ouvido na porta.

Quando ouvi alguns gemidos, percebi que alguma coisa errada tinha acontecido. Sem pensar, atravessei a porta e a encontrei deitada no chão, com as mãos sobre os ouvidos, contorcendo-se e gemendo. Abaixei-me ao seu lado, tomado pela preocupação.

– O que está acontecendo? – perguntei, tentando controlar o nervosismo.

Sem responder, ela continuou gemendo por mais alguns minutos, até que finalmente cessou, ofegante.

– O que aconteceu? - insisti.

Ela sentou-se, apoiando as costas na parede, parecendo extremamente confusa. Então me encarou, espantada e, antes que eu pudesse perguntar novamente, ela se jogou para a frente, enlaçando-me num abraço.

– Desculpa, Zeca – disse, finalmente, entre lágrimas. – Eu me lembrei de tudo e eu fui tão injusta com você.

– Calma – sussurrei, enquanto retribuía o abraço. – Está tudo bem.

– Não está tudo bem – tornou, afastando-se para poder me encarar. – Você fez tudo o que podia para me ajudar e eu...

– Você não tinha como saber – sorri, interrompendo-a.

Levantei do chão e ofereci a mão para que ela me acompanhasse.

Seguimos até o quarto novamente. Sentei na cama e ela deitou no meu colo, enquanto eu acariciava seu cabelo e não demorou até que ela pegasse no sono. Mesmo que a noite tenha tido um final bem diferente do que eu imaginava, eu estava explodindo de felicidade. A Malu estava de volta. A minha Malu estava de volta.

*******************

A Malu recuperou a memória! É pra glorificar de pé!! \o/

Agora falta só resolver os outros duzentos problemas :D

Não esqueçam do voto e dos comentários.

Beijo e até amanhã

As Últimas Cobaias - Livro 3Where stories live. Discover now