Capítulo XCIV - MALU

1.4K 258 41
                                    

Malu recuperou a memória! \o/

*********************

Quando acordei no outro dia, o sol estava alto, o que significava que já era tarde. Não sei se foi o cansaço mental ou a paz de espírito por finalmente me lembrar de tudo, mas eu não me recordava de ter uma boa noite de sono como aquela há meses. Levantei o mais silenciosamente possível e liguei a TV no volume mínimo. Eu já estava de saco cheio de assistir esses programas matinais, mas é como diz o ditado: o que não tem remédio, remediado está.

A solidão e o tédio são capazes de coisas inimagináveis e, graças a eles, comecei a tentar reaver a minha telepatia. Da última vez, eu recuperei a telepatia antes da memória, o que me atrapalhou de certa maneira. Agora tudo seria mais fácil.

Tentando fazer meu cérebro trabalhar a meu favor, depois de sete horas de incessante treinamento, finalmente consegui um avanço. Começou quando ouvi a Dona Gorete do outro lado da pensão e, pelos desaforos proferidos, pude perceber que se tratavam de pensamentos. Ao final do dia, eu estava exaurida e faminta, por isso, esperei que todos dormissem e fui até a cozinha arranjar algo que fizesse meu estômago parar de roncar.

Só me dei conta de que estava lá há bastante tempo quando o Zeca apareceu com uma expressão preocupada no rosto.

– Estão todos dormindo. Não se preocupe – apressei-me em explicar, antes que ele viesse com sermão.

– Como você tem tanta certeza? – desafiou-me.

Suspirei, enquanto me concentrava em todos os moradores da pensão e seus pensamentos.

– A Dona Gorete está sonhando com uma excursão, o seu Alceu ainda não chegou no estágio dos sonhos, a garota no final do corredor ainda não está dormindo, mas está no telefone com o namorado em um papo bem tenso e a Nice está sonhando com a irmã dela. Satisfeito?

Sem dizer nada, ele sentou-se ao meu lado e pegou uma bolacha do pacote que estava em minhas mãos. Mordeu-a e a mastigou vagarosamente, como se estivesse ganhando tempo para compreender o que eu dissera.

– Sua telepatia voltou também? – perguntou, quando finalmente engoliu a bolacha.

– Deu um certo trabalho, mas digamos que me ajudou a passar o tempo.

Sorrindo discretamente, ele guardou o pacote de bolachas e o leite. Voltamos para o quarto e aguardei ele terminar o banho para que tivéssemos uma conversa séria.

– Eu preciso tirar o Bruno de lá – expliquei, enquanto ele sentava ao meu lado na cama. – Nós somos a única saída dele.

– Eu sei disso – concordou, parecendo preocupado. – Eu só não sei como nós vamos fazer isso sem nos arriscarmos. Quer dizer, nós não podemos entrar lá com um plano idiota em mente como fizemos todas as outras vezes.

Mesmo que meu coração dissesse que não tínhamos tempo a perder, concordei, porque eu sabia que ele tinha razão. Da primeira vez que invadimos o hospital, minha omissão custou muito caro e nada saiu como o planejado. Da segunda vez, as coisas foram ainda piores. Nós precisávamos de um bom plano.

– Eu sei que é difícil te pedir isso, mas precisamos de calma para podermos raciocinar com clareza. Tirar o Bruno de lá não vai ser tão fácil como da primeira vez que te resgatamos – insistiu, provavelmente temendo que eu fosse tomar alguma atitude por conta própria.

– Amanhã você está de folga, né? – perguntei, tentando mudar de assunto. – Bem que você poderia me ajudar a distrair a Dona Gorete para tentar recuperar as minhas roupas. Não aguento mais usar as suas camisetas.

– Puxa! Eu tinha esquecido completamente que eu pedi pra ela guardar suas roupas em algum lugar. Provavelmente deve estar no depósito. Amanhã daremos um jeito nisso.

Sorri em agradecimento e fui surpreendida com um abraço. Um meio abraço que me fez mais falta do que eu sequer imaginei que poderia sentir.

*********************

Tudo dando certo por aqui :D

Não esqueçam do voto e dos comentários.

;*

As Últimas Cobaias - Livro 3Where stories live. Discover now