Capítulo LXXII - ZECA

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Apesar do alívio de ter reencontrado a Malu, Zeca está passando um perrengue para fazer a garota acreditar nele.

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Acho que nunca na minha vida eu passara um dia inteiro com a cabeça em outro lugar. Todo tipo de preocupação rondava a minha cabeça e foi difícil me concentrar no trabalho. A Dona Gorete descobrir a Malu ou ela simplesmente fugir eram as principais da imensa lista de possibilidades que poderiam me ferrar.

Quando abri a porta e a encontrei sentada, usando uma camiseta minha e assistindo televisão no volume mínimo, consegui enfim relaxar.

– Que cara é essa? – perguntou, enquanto trocava de canal. – Pensou que eu fosse fugir?

– Honestamente? Pensei mesmo – respondi, deixando a bolsa com o material do curso sobre a cômoda.

– Eu teria motivos para fugir?

– Não, Malu. Se existe uma pessoa nesse planeta em quem você pode confiar, essa pessoa sou eu – disse, cansado.

Ela deu de ombros e voltou sua atenção para a televisão. Peguei minhas roupas e toalha e fui para o banheiro tomar um banho, não sem antes lhe avisar que a Fernanda poderia aparecer a qualquer instante e que ela deveria deixá-la entrar.

Quando saí no banheiro, encontrei as duas numa conversa bem animada sobre cabelo.

– Você acha mesmo? – perguntou a Malu, enquanto passava a mão na cabeça raspada. – Eu não consigo me olhar no espelho e me achar bonita desse jeito.

– É super estiloso, garota! – exclamava a Fernanda, enquanto a admirava. – Você só precisa colocar uma corzinha nesse rosto e alguns acessórios e voilà! – Ao notar que eu prestava atenção em sua conversa, ela pediu minha aprovação. – Não é mesmo, Zeca? Ela não é linda?

– É – respondi.

– Está certo que eu fiz essa pergunta pra pessoa errada. É claro que o seu namorado vai achar que você é bonita. – Riu.

Neste instante a Malu me fitou de um jeito estranho. Enquanto eu fiquei sem graça e a Fernanda, sem entender nada.

– Namorada? – insistiu a Malu, provavelmente sem entender o clima estranho que se instaurara no local.

Sentei na cama cansado, enquanto a Fernanda ensaiou uma despedida.

– Amanhã à noite a tia Suze quer ver vocês. Posso combinar?

Concordei com um meneio de cabeça e ela foi embora.

– É verdade, Zeca?

– É, Malu. É verdade.

– E por que você não me contou esse detalhe? – tornou. Seu tom era muito mais curioso do que incriminador, o que me deixou aliviado.

– Eu pensei que você pudesse se sentir intimidada se soubesse. Como se eu estivesse cobrando alguma coisa. Eu só tentei não forçar a barra.

Ela cruzou os braços e me encarou por alguns instantes que pareceram intermináveis. Eu não sabia o que se passava na sua cabeça. Talvez meu tiro tivesse saído pela culatra e ela passasse a desconfiar ainda mais de mim.

– Fez bem, Zeca – disse por fim e se deitou.

Soltando a ar que eu mantivera preso por todo esse tempo, apaguei a luz e me deitei também.

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A Malu ainda vai dar muito trabalho pro Zeca, viu??

Depois posto mais um capítulo.

Beijo

As Últimas Cobaias - Livro 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora