As Últimas Cobaias - Livro 3

Capítulo XVI - BRUNO

Além de preso e sem esperanças, ele está ajudando a Malu a não ficar completamente sem comida.

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Um pouco depois de receber meu almoço – e deixar metade da carne na portinhola do quarto da Malu – recebi a visita do médio. Se ele não tivesse o controle do meu capacete, eu já teria arrancado a cabeça dele sem usar as mãos.

- Boa tarde – disse ele, sorridente.

Apenas o ignorei e continuei comendo a pelinha do meu dedo.

- Vejo que você não está a fim de papo. Eu também não estou. Então vamos ao que interessa – ele disse, sentando-se na beirada da minha cama. - Na próxima semana teremos uma visita ilustre. Um grupo de cientistas virá até aqui para conhecer vocês.

- Sei... - resmunguei, sem tirar os olhos da pelinha que eu insistia em comer.

- É muito importante que você não faça nenhuma besteira – advertiu-me. - O sucesso do nosso experimento depende disso.

Parei imediatamente o que eu estava fazendo – que se tratava basicamente de ignorar o médico – e concentrei toda a minha atenção nele. Eu acabara de ter uma grande ideia.

- Tudo bem – concordei, como quem não quer nada. - Tudo nessa vida tem um preço. A minha colaboração também.

- Você não está em situação de barganhar – tornou, levantando-se da cama.

- Olha só, doutor – disse, chamando a sua atenção. - Eu sei ser bem problemático às vezes e você sabe disso.

Ele parou um pouco antes da porta e me encarou com uma expressão indecifrável.

- Isso é uma ameaça? - indagou, com um meio sorriso.

- Não – apressei-me em responder. – É uma negociação. Deixa eu ver a Malu, conversar com ela, nem que seja um pouquinho.

- Ela não se lembra de você – deu de ombros.

- Eu sei disso. Mas eu preciso ver ela, está bem? - insisti. - Deixe-me vê-la e eu prometo que eu serei a melhor cobaia que você poderia ter.

Sem responder, ele virou as costas e foi embora.

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E aí? Será que colou?

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Beijão