Capítulo CXLIX - TIÃO

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– Onde está o Joca? – perguntei, assim que abri a porta e dei de cara com a Nice.

– Estou aqui – respondeu aos gritos, correndo na minha direção. – Eu tive que resolver um assunto.

– É bom mesmo, porque a energia está oscilando e a Helô não consegue salvar os arquivos. Está dando erro.

Ele concordou com um aceno e encostou na parede. Voltei para dentro da sala e encontrei a Helô sentada, olhando para a parede e perdida em pensamentos.

– O Joca já normalizou a energia.

– Sabe, Tião. Eu estava pensando que, se o nosso plano der certo, a gente vai se livrar desse hospital para sempre – disse, mas ela não parecia feliz. E eu não conseguia entender como se livrar do hospital e felicidade podiam não caminhar juntos.

– É com isso que a gente sonha há anos, não é? – devolvi.

– É o que eu mais quero que aconteça, mas eu estava pensando como vai ser nossa vida daqui pra frente. Será que a gente vai conseguir fazer parte de alguma coisa ou vamos estar sempre à margem da...

– Fogo! – exclamei, interrompendo ela.

– Não! Eu não estou falando de fogo, Tião – respondeu, irritada.

– Está pegando fogo! – insisti.

Os computadores estavam todos pegando fogo e eu não conseguia entender como isso tinha acontecido. Não houve uma fagulha ou nada do tipo. Em um momento estava tudo certo e no outro estava tudo pegando fogo.

Sem perder tempo, a Helô pegou os arquivos que ela conseguiu salvar em um dispositivo – que eu não fazia a menor ideia de como se chamava – e saímos porta afora, esbaforidos.

– O que aconteceu? – perguntou a Nice alarmada, assim que nos viu.

– Fogo! – respondemos em uníssono.

– Fogo? – repetiu, entrando na sala.

Antes que ela pudesse entrar lá dentro a puxei pela blusa, desesperado.

– Você está louca? Vai entrar numa sala incendiando? – perguntou o Joca.

– Não tem fogo nenhum ali dentro – respondeu, como se estivéssemos loucos.

– É claro que tem. Você não está ouvindo o crepitar das chamas? – perguntou a Helô. – A gente tem que sair daqui imediatamente e avisar aos...

– Não está pegando fogo, Helô – repetiu, pausadamente.

Ela a encarou por um tempo, como se estivesse tentando entender o que se passava, até que seu semblante se iluminou.

– Eu já entendi tudo. Você está mancomunada com aquele médico. Como eu não pensei nisso antes? É por isso que você veio até aqui, para tentar matar a gente. – Acusou-a, com os olhos injetados de raiva.

Revirando os olhos, a Nice entrou na sala, enquanto todos nós ficamos na porta a observando. Então ela entrou no meio das labaredas, mesmo que estivéssemos berrando para que ela não fizesse aquilo e, dentro de alguns segundos ela saiu dali, ilesa.

– Eu não estou entendendo mais nada – declarei, estupefato.

– Eu não estou mancomunada com ninguém – explicou, lançando um longo olhar na direção da Helô. – Isso que vocês estão vendo não passa de uma ilusão. Eu sou imune e, por isso, não estou vendo essas labaredas que vocês tanto falam.

– A Flávia é a única pessoa capaz de fazer isso – A Helô constatou, boquiaberta. – E se ela está contra a gente...

Ficamos nos encarando por algum tempo, sem saber o que pensar. As expressões apreensivas estampadas em nossas caras só significavam uma coisa: estávamos ferrados.

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Quem estava reclamando que tudo estava dando muito certo... ó as tretas começando.

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Beijão ;*

As Últimas Cobaias - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora