19° Capítulo

8.3K 621 32
                                    

Som de carros ligado tocando roda de samba, outro com funk, todos com copo na mão papeando, sorrindo...
A hora estava passando tão de pressa e eu tinha que ir embora buscar Clarisse.
A namoradica de Cleyton, eu percebi que é uma boba, conversei com ela e a ensinei como lidar com ele.
Mayane: Vou ali falar com o meu filho. -Digo avisando minha comadre.
Fui até ele, que estava todo soltinho.
Cleyton: Hoje eu tô pras fodas, isso incomoda... -Cantou, dançando todo todo.
Mayane: Você está muito marrento pro meu gosto, pode parando de destratar a menina, eu hein. -Digo cortando o barato.
Cleyton: Relaxa dona Mayane, que a única mulher que tem meu coração é a senhora. -Falou me levantando no ar.
Mayane: Me larga, me põe no chão agora Cleyton. -peço enquanto dava uns tapinhas nele- Ai você é presepeiro igual seu pai viu, pode parando de beber.
Cleyton: Tá bom minha rainha. -Disse e em seguida virou o copo com tudo no chão.

Dá vontade de bater nele quando bebe que fica todo empolgado, emocionado. Pai dele estava se aproximando, percebi pelo ar, tenho um olfato muito evoluído. Mesmo assim olhei para trás vê se era real, confirmado.
Mayane: Vou embora e tu se cuida hein filho da puta, pode parando de beber.
Serafim: Ele vai pra casa pô. -Disse, se metendo já bem próximo.
Mayane: Tchau filho!
Dou um beijo nele e vou andando, como se o outro não estivesse ali. Ele foi mais ágil e segurou no meu braço.
Serafim: Dá pra tu parar com a graça? -Disse olhando nos meus olhos, tento me esquivar fechando os olhos- Qual é pô, tá paz.
Mayane: Nunca vai estar paz quando estivermos no mesmo ambiente, depois do que você fez comigo nunca será paz. -retruco com mágoa.
Serafim: Fresca do caralho, o que eu fiz contigo não foi nem metade do que você merecia, sua traidora!
Mayane: Me insultar não vai dar em nada! Agora me solta.
Serafim: Conta lá pro teu filho o que você fez, que ele vive me cobrando o porque dessa palhaçada tua.
Mayane: Ele não é mais criança e mesmo assim, não interessa a ele e me solta nessa porra!
Serafim: Deixa de ser criança Mayane, fica na moral; tenho guerra contigo não, o ódio que eu tinha da tua cara já passou, senão tu acha que tu estaria viva hoje?
Mayane: Quer que eu te agradeça por ter me deixado viva? Nem por isso quer dizer que vou ficar de papinho contigo, ser tua amiguinha, eu hein se liga, Serafim!
Serafim: Já é, contigo mesmo! Tô falando na moral contigo, te dando maior condição mas suave, pode ir lá. -Disse me encarando com um olhar inexpressivo; só então me soltou- Toda grossa pô.

Fui saindo de perto dele um tanto abalada , talvez ele só queira mesmo apaziguar e eu não dei a liberdade necessária, preferi viver com essa indiferença. Vai ô burra!
A mágoa que eu tenho é maior que a vontade de perdoar e esquecer o passado. Consigo não, infelizmente eu tenho um lado muito amargo, que nem eu compreendo na maioria das vezes.

Samantha me levou aonde eu pudesse pegar um Uber.
Samantha: Serafim te encurralou bonito né? Me conta pelo whats cuma.
Mayane: Pode deixar, beijos.
Meu carro chegou em 1 minuto, parti para casa. Minha vósogra deve está pistola, são quase onze da noite e eu em Bangu ainda. George a tem como mãe, foi ela quem cuidou enquanto a mãe caia no mundão.

Eu me tornei uma pessoa tão indefesa, que tem medo de tudo, que se defende na base da grosseria porque se der liberdade as pessoas se aproveitam do coração doce que a gente tem, ponho uma capa que na qual não é minha, eu me torno extrema por defesa, mas eu juro que não é intencional. Eu até queria ser normal, mas eu não consigo, tenho medo de quebrar a cara de novo...
Só eu sei o peso que eu carrego, o coração amargurado, um forte aperto... É ruim demais!

Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now