163° Capítulo

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Narração: Serafim

Nesses últimos dias só tenho ficado em casa, fora de favela e está sendo até melhor, que rolou um papo de que querem minha cabeça, por enquanto não vou brotar, mas quando eu sair na pista, vagabundo vai passar mal!

Dei papo de cinco borrifadas do Angel em meu pescoço e guardei no armário, acabou já essa porra, tem nem um mês que a mulher me deu... Calço o chinelo e vou caminhando mancando, logo me sento na área de serviço só palmeando a Mayane que lavava sei lá o que na mão.
Mayane: Ai, lá vem você com esse perfume... -reclamou.
Serafim: Qual foi, tu gosta pra caralho pô!
Mayane: Não mais, nem o hidratante, aff!
Serafim: Humm, sei...
Fiquei só a observando um pouco distante.

O rostinho é o mesmo de sempre, mas o corpo não. Cocei a cabeça pensando numa parada, já rindo meio bobão; me deixou encucado, mas também nem vou me precipitar, vou ficar na minha tranquilão. Uma mulher conhece bem seu corpo e se estivesse algo errado ela teria notado.
Clarisse: Serafim, já chegou tua comida já. -avisou.
Mayane: Vou comer, tô cheia de fome. -Disse em meio ao bocejo, largando tudo o que estava fazendo.
Serafim: Bora lá.

Aquele combo bolado de japa, com tudo o que tenho direito, me amarro!
Tempo esfria e meu pé dói logo, sei disso porque já quase perdi meu braço e dói para caralho também com a mudança do tempo e Agora são dois, é foda! Sem contar que vou mancar para o resto da vida, o enfermeiro deu o papo que eu teria seqüelas, mas até então, eu tô tranquilo. Isso não é nada não, o pior é perder a vida.

Eu ainda nem parei para conversar legal com a minha coroa, tô ciente de que eu vou ouvir o que eu sempre ouvi.
"Sai dessa homem, você não tem mais motivos para estar nisso"
É aquilo, pegou o gostinho fodeu. Tu pode até entrar para quitar os problemas, alcançar um objetivo com a certeza de que tu vai sair, mas quando tu começa a portar várias peças diferentes, ganhar várias moral, várias boceta jogando pra tu...isso é a verdadeira perdição... Maldito é o dia que tu forma na boca, depois dali tua vida começa a dar um passo para frente e cinco para trás, tu fica numa balança dividido pra caralho entre sair e continuar a vida tranquilão ou permanecer no crime aprimorando tuas habilidades e tendo os benefícios que essa vida proporciona e os malefícios também num piscar de olhos. Oportunidade de sair, já até tive, mas sempre joguei limpo e dei a minha palavra de sujeito homem que, eu entrei e só vou sair no dia do juízo final, queiram ou não. Ninguém tem que se meter, somente respeitar a decisão que eu tomei para a minha vida, parceiro.

Desde moleque sempre tive a vontade de portar mochila, radinho na cintura, pistola no coldre... Ficava só palmeando os menor da atividade e almejando para mim, mas no mesmo tempo que eu queria, lembrava da coça que meu pai me deu quando me pegou soltando pipa com os cara uma vez, meproibiu até de jogar country striker para não aprender nada... Meu coroa era o meu alicerce, era ele que tinha o controle de mim e quando ele se foi, isso foi a deixa para eu jogar a porra toda para o alto e curtir a vida. Buscaram meu coroa em casa, agiota metralhou a casa com geral dentro ele já não era casado com a minha mãe; e nessa só meu pai morreu, arrancaram de mim o único que podia me parar em qualquer situação. Miliciano, raça desgraçada, bando de pau no cu. Por mim já tinham entrado em extinção, já passei o cerol num bocado, hoje em dia nem esquento com isso mais, mas se brotar na minha é aço firme. Medo a gente tem, de fazer a família chorar, mas fazer o que, a vida não para e muito menos espera alguém. Ninguém fica para semente, na vida estamos só tirando férias e eu curto cada dia intensamente como se fosse o último.

Quando eu partir quero ir satisfeito, não quero ninguém chorando por uma escolha que foi minha. Quero geral sorrindo nessa porra, para eu poder descansar da colônia de férias que tirei aqui.
(...)

Mayane veio para o quarto peladinha, só com a mão no rosto bocejando.
Mayane: O que é cara? -pergunta impaciente- Desde cedo me olhando com esse ar de desconfiança.
Serafim: Sai surtada, está viajando aí. -Digo rindo- Vai ô maluca!
Mayane: Fala logo se tiver algo para dizer -Diz no meio de minhas pernas, me abraçando.
Serafim: Eu não tenho nada para te falar não, por que, tu tem?
Mayane: Eu mesma não...
Me beijou, apertei sua bunda a filha da puta contínua gostosa. Em seguida chupei seu peito de leve.
Mayane: Ai! -reclamou- Meu peito está doendo, droga! Tá sensível.
Vish!
Só deixei escapar uma risada de nervoso...

Porra, a essa altura do campeonato? Que seja pô, vai ser ruim não, muito pelo contrário, eu já estou todo bobo mesmo.
Essa mulher é minha vida papo reto, me proporciona várias alegrias, minha vida só teve sentido quando eu a tive de volta, e te falar? Não largo nunca mais, parceiro.

Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now