27° Capítulo

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Narração: Mayane

Resenha rolou aqui em casa, eu e Kelly. Botei umas Brahma para estalar, fiz uma comidinha e ficamos a vontade conversando à beça, relembrando os tempos antigos.
Mayane: Era bom né?!!! Volta mais não!
Kelly: Ah, só saudades cuma! Pega mais uma lá caralho.
Peguei o litrão no freezer e reenchi nossos copos.
Mayane: Tô pensando em ir embora daqui, sabe... -comento.
Kelly: Ah, para de graça cara, tua casa é aqui.
Mayane: Não, essa casa é do George! A  minha está lá fechada me esperando.
Kelly: Ele vai aguentar ficar longe da filha não, te aviso logo.
Mayane: Só ele ir lá ver ela, não é proibido não! Lá eu tenho minha loja por perto, minha casa, tudo o que eu preciso.
Kelly: Eu não concordo, mas se é melhor para você, vá sim e ajeite sua vida.
Mayane: Pensando seriamennte... -Falo um tanto pensativa.
Kelly: Descobri o bonde que estava lá na semana passada, dá para você ter noção.
Mayane: Quero descobrir um por um, até chegar no fofoqueiro, x9 do caralho! Vai ser cobrado.
Kelly: Calma mulher, quanta fúria...
Mayane: Cara, destruiu meu "casamento" -dou ênfase, gesticulando- Com mentiras obviamente e sabe se lá o que não foi dito, a Samantha estava comigo o tempo todo lá, não aconteceu nada demais.
Kelly: Será que não foi ela não?
Mayane: Não sei não, confio nem em mim, mas não vou acusar ninguém sem saber.
Kelly: Ai, muito estranho May! Mas, os caras que estavam lá de conhecido do Gê, era o bonde do Gão e um outro lá que eu esqueci o nome.
Mayane: Gão é um fofoqueiro fodido, não duvido nada e o mais ele divide a segurança do homem com o George.
Kelly: Cobra comadre, cobra mesmo deixa passar batido não, porque é assim que muitas morrem por calúnia, metirada alheia e o George ainda foi passivo porque ele é calmo se tu é casada com um virado no samurai já não estava aqui.
Mayane: O que é dele está guardado! Deixa, deixa só!
Kelly: Essa é a saideira hein. -avisou.

Cortei uns queijos em cubo, salaminho com limão e ficamos ali até anoitecer, enquanto as crianças brincavam no quarto da Clarisse. Quando a cerveja acabou já estava estourando às nove da noite e Kelly, se despediu e foi embora.
Cuidei da Clarisse, dei comida, botei pra tomar banho senão hoje ela não toma mais, só gosta de se arrumar. Diz o pediatra que é a fase certa de não gostar de banho, fiquei até preocupada com a minha peppa pig. Criança cresce tão rápido...por isso muitas -sem generalizar- todo ano tem um bebê; ter criança em casa é muito bom, muda o ambiente, muda a nossa vida, nossas maneiras e costumes. Crescer é necessário, meus filhos já estão grandes e criados, como passa rápido.
Mayane: Filha, arruma uma bolsa com suas coisas que vamos passar o fim de semana fora.
Clarisse: Humm, adoro! Tá bom mãe.
Saí do quarto dela um pouco zonza, é até um milagre eu não está bebissíma, que hoje eu bebi foi muito. Tomei um banho e fiquei olhando na janela o movimento da favela por um instante e pensando em algumas coisas.

Porque eu fui escolhida para ter essa vida, viver nesse impasse, ser como sou? Séria tão fácil se eu tivesse uma vida normal, com pessoas normais ao meu lado, ter uma família normal que me apoiasse, que me julgassem OK, mas construtivamente e que me fizesse melhorar e até mesmo mudar. É tudo ao contrário, eu vivo o oposto do que eu almejo e sou obrigada a aceitar e seguir em frente tropeçando em todos os obstáculos que a vida me propôs. Acorda Alice!! Vai correr atrás e traçar o caminho certo, de melhorar as coisas ou amenizar um pouco a situação complicada
Acorda Mayane!!

Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now