Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDA

139° Capítulo

Por volta das 20h eu fui embora da casa da minha vovó. Não tenho que sumir por tanto tempo assim e devo encarar a minha realidade. Foi a vida que eu quis, foi o homem que eu escolhi, tive oportunidade de recomeçar com uma nova pesso, mas eu certamente quis o que desde sempre foi meu único amor e que me completa.

Clarisse estava atônita, emendando um assunto no outro, querendo conversar o tempo inteiro, estava estranha. Quando ela fica assim é porque ou aconteceu alguma coisa ou seja, fez merda.
Clarisse: Médico falou que o estado da minha bisa é terminal.
Mayane: Complicado... Seu pai que vai ficar mal quando ela partir.
Clarisse: Ele não demonstrou muita tristeza não, estava bem frio.
Mayane: Talvez ele tenha acordado, sua avó não valia nada.
Clarisse: Minha vó Valéria, sumiu também, é outra maluquinha!
Mayane: Essa gente é demais, seus parentes.
Falava o básico, eu não tinha humor para conversar, eu não estava bem.
Clarisse: Hein mãe, tirei uma foto do meu irmão para a senhora ver. -Diz sentando ao meu lado- Olha aqui, não parece comigo?
Me mostrou a foto.
Mayane: Sim. Muito lindo!
Clarisse: O que houve mãe? Está estranha...
Mayane: Nada não filha, tô bem.
Clarisse: Eu sei que não está, me conta, foi o Serafim?
Mayane: Não... -Digo limpando o rosto das lágrimas que involuntariamente desceram- Coisas da vida... Recompensa das minhas escolhas.
Clarisse: Ai mãe, não fica assim não.
Contei à ela do acontecido de mais cedo. A deixei à par de tudo porque ela já está grande, já sabe de praticamente tudo o que nos acontece e é a minha cúmplice, uma amiga que posso realmente contar para tudo.
Clarisse: Que droga! A gente pode voltar para a favela de vez, vende essa casa...
Mayane: Não é assim Clarisse, não posso fazer nada agora que senão estarei me entregando mesmo não fazendo nada.
Clarisse: Eu tô com a senhora mãe! Não fica assim não, sabe porque? Não vai dar em nada, como nunca deu!
Mayane: Só você mesmo. -sorri mesmo chorando.

Me deitei com a minha preciosa, mexiamos no celular.
Clarisse: Mamãe... Te contar uma coisa... -Disse rápido, tirando o cel da minha mão.
Mayane: Fala de uma vez Clarisse, não enrola.
Clarisse: Perdi minha virgindade.
Mayane: Estava demorando né Clarisse?! -Exclamei- Foi com quem? Você se preveniu?
Clarisse: Sim. Com um menino lá da favela.
Mayane: QUE FAVELA GAROTA??
Clarisse: Ai mãe calma, não é traficante não.
Mayane: Você não tem consciência não garota? O que você tem nessa cabeça, me diz aí?
Clarisse: Ai mãe, aconteceu... Me deixei levar pelo momento.
Mayane: Agora você está ciente se não usar camisinha e se previnir direito, vai engravidar ou até mesmo aderir uma doença, né?
Clarisse: Ai Deus me livre!!! Praga de mãe pega.
Mayane: Não estou rogando praga, estou sendo sensata! Que depois não adianta vir chorar pelo leite derramado.
Clarisse: Eu sei, vou me cuidar, mas a gente não namora não.
Mayane: Esse garoto quer alguma coisa com você? Eu preciso o conhecer.
Clarisse: Quem disse que eu quero alguma coisa com ele?

Ao ouvir isso dela pensei numa conhecida que era bem assim, pensava igualzinho, aprontou tanto que só quebrou a cara.
Se chamava: Mayane.
Tô fodida mesmo!
O que essa se passa na cabeça dessa garota? Parece até cabeça de camarão, o pior é que eu não posso impedir e muito menos brigar por uma coisa que acontece com todo ser humano, mais cedo ou mais tarde.

Ao amanhecer, Clarisse me acordou com o Serafim querendo falar comigo, eu estava um pouco greg ainda.

Inicio de ligação
Mayane: Alô? -Digo, logo bocejo- Oi...
Serafim: E aí amor, está melhor?
Mayane: Mais ou menos.
Serafim: Hum, fica tranqüila, faz tuas paradas normal, se intoca não.
Mayane: Eu sei, eu vou para a loja hoje.
Serafim: Isso aí, não para teus esquemas não.
Mayane: Tá bom.
Serafim: Tô aqui do outro lado da ponte, cheio de saudade de tu.
Mayane: Está longe hein, também tô amor quero tanto te ver, preciso muito de um abraço seu.
Serafim: Em breve a gente vai se encontrar, é só questão de tempo... Aguarda aí! Te amo minha neurótica.
Mayane: Eu também te amo meu vida! Se cuida.
Fim de ligação

Entreguei o celular de Clarisse e me levantei da cama. Um novo dia se inicia!