159° Capítulo

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3 DIAS ATRÁS...

Narração: Serafim

Abro os olhos aos poucos e reparo ao redor, me dou conta de que não conhecia essa casa mesmo com a visão pesada, pude ver alguém de costa pegando algo... Eu estava quentão e com o corpo pesadão, não estava me aguentando, papo reto.
Serafim: Coé Mayane. -chamo-a um pouco rouco.
Quando ela se virou eu tomei um susto, não era a May, era aquela doidona lá tal de Paola.
Serafim: Qual foi que tu está aqui, cadê minha mulher?
Paola: Ih ingrato! Tua mulher sou eu, bebê!
Serafim: Sai porra, tá maluca?
Paola: É sério, mô. -Dizia serinho ela; enquanto eu com pouco raciocínio- Acabamos de namorar gostoso!!!
Serafim: To brincando não garota... -Digo já boladão.
Paola: Tremeu na base,  né?! Peida não xereca! -zombou rindo; fico mais tranquilo-  Enfermeiro está vindo aí, te encontrei aqui na porta da minha casa faz dois dias, tu até acordou, mas parecia está delirando, uma doideira...
Serafim: Liga pra minha irmã aí parceiro, tu sabe bem pô, caça o contato dela.
Paola: Deixa de ser abusado, cretino! Eu hem, a gente ajuda e ainda quer meter bronca. -Disse vindo na direção- Se fosse outra deixava você fodido aí para morrer na rua porque o que você fez comigo foi imperdoável tá?!
Serafim: Vacilou, foi cobrada! É o certo.
Paola: Tua mulher que é mandada! Eu não falo mais com a sua irmã faz anos, me mudei de lá.
Serafim: Hum, aonde eu tô?
Paola: Nikite ainda, bofe! Quer algo para comer, beber? Deve está fraquinho você.
Serafim: Quero saber o por que tu me deixou aqui três dias já e não brotou na boca para dar um parecer.
Ela saiu do quarto sem me responder, um cara entrou dizendo ser o enfermeiro, deu uma olhada no meu tornozelo que latejava pra caralho.
— A bala está aqui ainda? —pergunta um pouco incrédulo, com maior zoião.
Serafim: Lembro de ter sido atingido não.
— Tem que ir para o hospital.
Paola: Ele não pode não amigo, te contei o caso dele... —comentou com o maluco lá.
— A febre dele está muito alta, não pode ficar aqui assim não.
Eles saíram do quarto e meu pensamentos era só na minha mulher e nos meus moleque em casa. Devem estão no maior desespero achando que eu morri.
Paola: Serafim, eu não posso ir na boca porque eles querem me matar. -Disse, assim que retornou.
Serafim: O que tu já aprontou, garota?
Paola: Fiquei com um cara daqui aí a polícia buscou ele lá em casa e acham que eu o entreguei, mas foi uma menina que trabalhava comigo...
Serafim: Tu é malucona também hein, só arruma encrenca.
Paola: Meu amigo foi ver as condições de te levar para um hospital no sigilo.
Serafim: Mano, vai lá na boca o resto eu resolvo.
Paola: Vou não, não quero morrer eu tenho um filho pra criar merda!
Serafim: Vão fazer nada contigo não, relaxa.
Paola: Vão sim, a ordem veio de lá de dentro.

Tinha horas que eu não conseguia nem falar, me tremia todo. Eu até tentava levantar da cama, mas eu sentia uma dor do inferno, tomei um puta choque.
Mas só em ter vida eu agradeço, o mano tomou um tiro do meu lado, direto na cabeça, mulher do cara vai surtar. Eu vi muitos morrerem nessa e eu saí invicto dela, aliás, com vida dela. O que me vier agora é lucro!

Chegou o tal amigo da maluca lá dizendo que iria me levar de carro e para eu chegar até ele no portão foi maior luta, uma dor nunca sentida.
Serafim: Agora nós vai lá na boca primeiro, preciso fazer contato com alguém para avisar minha família que eu tô bem pô, não é assim não, nós é bandido e nós tem família!
Eles me encararam sério.

TEMPO ATUAL

Meu pé doía bem menos. Estava prestes a sair do carro, mas antes tinha que agradecer a mina, ela foi gente boa comigo, foi pica pra caralho! Jamais pensei que seria tratado dessa maneira, principalmente por uma pessoa que já esteve no erro comigo e eu cobrei; meus seguranças trouxeram uma recompensa para ela e o viado que estiveram nos cuidados com meu ferimento e mantiveram minha presença na maior cautela num lugar público, como fizeram isso eu não sei... Podiam ter entregado a minha cabeça, mas trabalharam bem para caralho.
Serafim: Pô brigadão aí, vocês foram bacanas pra caralho!!!
Paola: Tem nada não, seu vacilão!
Serafim: Qual foi garota, me respeita!
Paola: Vai lá que tua mulher deve está sentindo tua falta.
Serafim: É, está mesmo... Tu se cuida maluca, tu é gente boa sai dessa vida... Vai viver bem com teu filho, duas realidade cruel pô; vai ser feliz, tu é bonita e inteligente, vai se dar bem na vida.
Paola: Esquenta não bofe, eu sei me virar. -Falou sorrindo, apertando minha mão.
Serafim: Valeu mano, brigadão! -agradeço o moleque.

Troco de carro e vou ao encontro da minha deusa e da minha família. Tô cheio de saudades deles, papo reto.
Pela madrugada liguei para o meu filhão e o avisei que estava suave e pedi até sigilo, que por mais que eu tenha desesperado minha família, eu ainda sim queria fazer uma surpresa, inclusive para a minha mulher. Vou morrer agora não e antes disso acontecer, eu vou recuperar todo o tempo perdido com ela.
A gente sai de onde nós é cria para não passar reflexo e acaba tendo que imbicar na troca da favela de abrigo. É foda! Nunca mais faço essas maluquice, vou ficar na minha de favela mesmo que os caô de lá eu sei bem resolver.

Ajeito o boné branco na cabeça e passo pela marina de cabeça baixa, o barco já me aguardava por lá. Assim que adentrei meu neto correu na minha direção, fiquei felizão; todo afoito ao me ver e o que era para ser surpresa acabou não sendo, que ele me chamou alto pra caralho. Esse moleque é foda, minha vida ele! Camisa dez do vó.
Minha mãe apareceu logo, é outra que também já sabia. . .

Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora