156° Capítulo

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Narração: Mayane

Amizade é mesmo você não ter força para si e ainda sim ajudar o próximo.
Minha comadre recebeu o corpo do marido e pelo menos pode o enterrar.

O corpo saiu da capela, arrumei o lenço da minha cabeça e o óculos no rosto e fomos subindo lentamente, eram os passos mais dolorosos da vida. Samantha não tinha forças para estar ali, já desmaiou e tudo mais, um estado lastimável e eu não pude fazer nada, a não oferecer meu ombro e amparo para ela, que sempre foi muito presente na minha vida e na de meu filho.

É muito triste a pessoa perder o marido assim e só de pensar que eu posso vivenciar uma situação dessa meu mundo desaba. Estou uma pilha de nervos sem ter notícias do meu marido, mas ao mesmo tempo há uma pontinha de esperança dentro de mim de que ele possa estar vivo, eu sinto isso. Eu só vou ter certeza de que eu o perdi quando eu ver o corpo na minha frente.

Os amigos puxaram um funk, e aí que Lorena e Samantha choraram, era doloroso demais.
Mais não chore não! Nessa hora é o momento em que você tem que saber lidar com a emoção... —Entoam.

Minha comadre sofria tanto naquele momento, se debruçou sob o caixão ainda em cima do carrinho e dizia algo bem baixinho, não fazendo aquele escândalo de não deixar o morto ir.
Era impossível conter as lágrimas, uma dor imensurável no peito. Principalmente para mim que convivi com eles a minha vida todinha, sempre estive presente ali no meio deles, meu compadre mais malucão se foi...
Vá com Deus, sua missão já foi cumprida por aqui, cupadi!

Cleyton carregou a madrinha dele até o ônibus, como ela não estava muito bem ele pôs ela no meu carro

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Cleyton carregou a madrinha dele até o ônibus, como ela não estava muito bem ele pôs ela no meu carro. Eu estava conversando com a Lorena que iria no ônibus quando uma menina grávida me chamou, eu estranhei logo.
Mayane: Oi, quer falar comigo?
— Sim, a mulher dele está passando mal né?! É que eu estou grávida dele... —conta meia receosa, de uma vez.
Mayane: Olha bem, se você azucrinar a vida da minha comadre você vai se acertar comigo, CO-MI-GO. -silabo.
Lorena: Calma, tia... Eu já sabia... -Diz ao chegar perto
Mayane: Como assim, Lorena? -pergunto incrédula.
Lorena: Eu catei no celular dele uma vez, mas nem falei nada, que isso era um assunto deles dois... -Disse abatida.
— Meu bebê não tem culpa... —Diz num tom de choro.
Mayane: Mais você tem, sua safada! Engravida de homem casado, piranha, cachorra!!! -comecei a insultar mesmo; me chamou para tentar amenizar a situação e só piorou- Safadeza! Ainda tem a castimonia de vir no enterro.
— Eu só vim avisar porque ele pediu, parece que ele sentiu que ia partir... —insistia em dizer algo, mesmo após eu xinga-la.
Mayane: Engraçado quando o cara está vivo ninguém aparece né, é só morrer que surge filho, namoradinha, amigo leal, a porra toda nesse caralho!!! Bando de hipócritas e comigo não tem vez não!!!
Lorena: Outro dia a gente conversa sobre isso, num está vendo o nosso estado? Eu hem, se poupe e nos poupe também, se põe no nosso lugar, acabamos de ter notícia do falecimento do meu pai e em seguida o enterro e agora vem essa? Vem tia, vamos.

Safadeza
Falta de respeito
E covardia com a mulher do cara... Tomei as dores sofrendo, odeio tratar os outros desta maneira, mas é só morrer que aparece a porra toda, vá caçar um trabalho para sustentar o filho. Quando se envolveu sabia muito bem so risco que tinha de deixar o filho órfão, agora sustenta, vai ser alguém na vida para suprir a presença do pai no futuro desta pobre criança.
O que é da fiel, é dela e ninguém tira!

Cheguei na favela deixando a Samantha em casa.
Samantha: Obrigada May por estar a todo tempo ao meu lado, por ser tão forte mesmo passando por problemas em casa.
Mayane: Não tem do que me agradecer não, eu sempre estarei com vocês.
Samantha: Deus me deu, me tomou, bendito seja o nome do senhor; agora é bola para frente!
Mayane: Exatamente, Deus vai amparar vocês.

Segui só eu e Cleyton, meu filho de repente caiu no choro...foi aí que eu desabei também ao ver meu filho chorar e saber o motivo me doeu mais que qualquer coisa. Eu sei que ele não quer enterrar o pai, que não quer passar por isso também... É tão árduo só de pensar e eu não posso fazer nada, que além de mim existe outro alguém mais importante e que não o quer nessa situação. Por que homem é tão cabeça dura?
Mayane: Fica assim não meu filho. -Digo prendendo o choro, com a vista embaçada já.
Cleyton: Pô cara, será que meu pai também morreu?
Mayane: Ele vai aparecer, ele não morreu.
Cleyton: Sei lá, tô sentindo uma parada legal não.
Mayane: Cleyton, se fosse já teria vestígios, notícia ruim chega rápido filho.
Cleyton: É foda! -murmurou- Vou pegar o Bryan e vou lá na minha vó.
Mayane: Ta, cuidado viu?! Te amo!
Ele desceu do carro e eu fui para a minha casa daqui mesmo, tenho ficando por aqui esses dias, que lá fico distante da minha família e a única coisa que queremos nesse momento é ficar todo mundo juntinho.

Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now