114° Capítulo

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Narração: Joana

Levei a menina que eu tomo conta em casa e voltei caminhando.
Eu ainda estou ficando aqui na casa que o George, me emprestou. Ele faz tanta falta, ficar sozinha é muito ruim!
A prima dele que nos juntou digamos assim, me disse hoje que ele vai arrumar um telefone e vai entrar em contato comigo, e disse que ele está com saudades de mim. Menos mal, pensei até que ele não me queria mais porque ele mantém contato com a filha e comigo não, até estranhei. Mas se tem uma coisa que eu sou, é paciente.

Casinha cheirosa só de abrir a porta, não tem coisa melhor. Encontrei um dinheiro aqui lavando as roupas do George e chamei logo uma diarista, isso estava de dar vergonha, tinha que pedir licença aos bichos para entrar, os lixos já se mexiam sozinho.
Tomei um copo d'agua e pus o copo na pia, depois eu lavo. Ouvi um estrondo no portão, as pernas tremem toda vez mas fui abrir, era uma mulher.
— Você que é a namorada do George?
Joana: Sou.
Ela saiu entrando, cheia de marra.
— Sou a mãe do George e vim buscar uns documentos dele.
Joana: Não tem não, eu já procurei. Deve estar tudo com a ex dele.
— E ela mora por aqui, neguinha?
Joana: Mayane? Não, ela é casada com um ronca lá da Vila Kennedy.
— Mayane? Casada? Ela era casada com meu filho... Está estranho isso.
Joana: É, o que eu soube é que ele é pai do filho mais velho dela.
— Sei qual é... Então um amigo meu trabalha no presídio e ele vai ver um negócio para mim e para isso preciso de documentos.
Joana: Eu não tenho nada senão te dava, a senhora é a mãe dele né?! E vem cá, será que seria possível eu o visitar sem ele saber que expedi a carteirinha?
— Isso que meu amigo vai ver, quero visitar meu filho amado.
Joana: É, meu nego está sem visita nenhuma deve estar sofrendo tanto... -Falo com o coração em pedaços.
— A MÃE DA FILHA DELE NÃO ESTÁ O VISITANDO?
Joana: Não, e nem deve.
— É obrigação dela levar a garota para ver o pai, nunca vi isso. —Diz perplexa.
Joana: Claro que não, a namorada dele sou eu! Quem tem que ir sou eu e não a ex, eu posso levar a menina.
— Você chegou agora garota, não é assim não! Você vai bancar direitinho, levar as coisas na boceta sem ser pega? Tem que ser esperta! Essas está difícil.
Joana: Eu não! -rebato- Se ele quiser droga ele que arrume outra, não sou mulher de levar droga para presídio não, mas sou de fechar com ele, posso fortalecer ele sim, sou mulher e não mula!
— Deixa disso, aí ele saí e você toma nas venta que homem não quer só mulher para ir em cadeia não isso é mole, qualquer uma vai, ele vai logo arrumar outra. —Disse na maior tranquilidade.

Já estava me dando um certo ranço da cara dela. Era essas mulheres escrota, a cara da porta do botequim, desbocada que só fala gesticulando, bem baixa. Não gosto, santo logo não bate!
Dei um jeito de despachar ela aqui de casa, mas a bonita quis conversar no portão, puta que pariu George que me desculpe, mas essa mãe dele, te contar...
— Anota meu número que a gente marca de fazer a carteirinha juntas.
Joana: Pode ser. -Falo já cansada- Vou entrar tá, que amanhã eu vou sair cedo.
— Já é, amanhã eu vou lá na vila Kennedy atrás da Mayane, faz anos que não vejo minha netinha o Gê não deixava...
Joana: Por quê? -Pergunto assustada- Não deixa a vó ver a própria neta?
— Ah, meu filho é neurótico eu também dou umas vaciladas e aí já viu...
Joana: Ah tá, tá bom, vou entrar dona Valéria.

Por fim, ela foi embora. Ai, que chata! Só queria mesmo era a ligação do boy, acho que eu fiz errado em ter falado da ex do George, se o próprio impede de ver a neta coisa boa ela não fez/faz.
Agora vê, dizer para mim que se eu for pura não precisa, que ridícula! Eu estou com toda boa vontade de ajudar o cara que não tem ninguém e ela diz isso, até xoxa a gente. Nunca vi! Amar o filho, ajudar e uma coisa, agora levar droga na xereca podendo ser pega a qualquer momento é outra.
Tô fora dessas encrencas! Nada vale.

Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora