152° Capítulo

5.1K 449 11
                                    

UMA SEMANA DEPOIS...

Essa foi a minha melhor viagem, juro! Só faltou mesmo meu filho e meu neto para ficar ainda melhor, Cleyton fica tão entretido em farrear, cuidar de futebol e até mesmo da escola de samba da comunidade que acaba deixando a família de escanteio.

Antes mesmo de chegar em casa eu já estava me despedindo do meu marido, ai que ruim! Infelizmente tem que ir para essas favelas, já emburrei a minha cara.
Serafim: Para de gracinha, tô direto contigo pô. -Diz segurando meu maxilar.
Mayane: Tranquilo Serafim, eu falei alguma coisa?
Serafim: Na tua cara está escrito pô, tô vendo.
Mayane: Tá bom, vai com Deus.
Serafim: Fica tranquila meu amor, em breve eu tô voltando para a nossa casa.
Mayane: Que seja breve mesmo, se cuida!
Nos beijamos bem demorado, eu não queria soltar não, mas infelizmente...

Entrei no carro e fui com meu povo, Serafim se encontrou com a segurança dele e atravessou.

...

Chopp desceu geladerrimo, caneca russa, como eu amo! Vim com minha sobrinha Vitória e minha comadre zero um, fazia um tempo que eu não me encontrava com elas, já que Vivi só vive na Cidade de Deus e Samantha na Vila Kennedy, é um desencontro do caramba, inda mais que o Serafim não quer que eu vá na favela, só quando necessitar fazer algo sério e voltar no mesmo pé. Lá vive em guerra com políciais e daí a outra facção aproveita e faz arruaça lá, não dá! Não mais para mim.
Samantha: Nem te contei né May, Elaine voltou a ficar com Mexicano, dizem que agora ela é a fiel.
Mayane: E quando largou? Eu que não posso...
Samantha: Sustenta posto de amante por tantos anos né?! Quando ela vai acordar?
Mayane: Quando tomar um tombo bem grande, só quer comer o marido dos outros, na vez dela o cargo fica livre
Samantha: Meto a porrada nos dois, o outro está lá com o dedo paralisado da facada que dei. -conta naturalmente.
Mayane: Devia ter mordido o saco dele todinho para deixar de ser filho da puta.
Vitória: Vocês são ruim à beça, torturadoras. -Diz incrédula.
Mayane: Filha, vacilou? Vai ser cobrado! E é a lei deles mesmo.
Vitória estava aérea demais, eu e minha comadre só no desce gelo e papeando à beça. Como diz nossos digníssimo maridos: Nunca vi duas mulheres para ter tanto assunto,
Ah eu amo!!
Desce gelo, desce.🍺

Para fechar com chave de ouro o nosso encontro chegou nossos pratos, eu pedi um cordeiro maravilhoso que é iguaria desse bendito Outback, que só presta para me engordar. Ao terminar de jantar fomos embora, cheguei em casa já tirando a sandália exausta. Clarisse dormia à beça pelo sofá, acordei ela e fomos para o quarto

Essa foi a única viagem que não me deixou cansada, cheguei melhor que nunca. Eu quero morar naquele lugar, eu cansei desse Rio de Janeiro, que só tem barbaridades.

Serafim me mandou algumas msg mais cedo, mas eu nem vi, fico tão entretida com as meninas que esqueço de celular. Mandei um áudio avisando que cheguei, tomei um banho e me deitei.

________NO DIA SEGUINTE

Busquei minha avó para ficar comigo hoje, saudades da minha coroa. Fiz uma comidinha que ela adora, baião de dois, caímos dentro.
Néia: Gostei da sua casa, é chique né?! -Fala brincando.
Mayane: É chique que fala né vó?! -retruco sarcástica, sorrindo.
Néia: Tem falado com sua mãe?
Mayane: Não, nosso contato é básico e a senhora sabe.
Néia: Orgulhosas! A bisavó de Clarisse faleceu né?!
Mayane: Sim.
Néia: Aquela ali foi dura na queda até o fim, agora o pai de Clarisse precisa ter auto-controle.
Mayane: Coisa que ele não está tendo, ele está tão diferente vó... Que dó eu tenho dele, coitado... -Digo com pena.
Néia: As máscaras caem né Mayane, ninguém segura por tanto tempo...
Mayane: Ele não é assim vó, eu sei que é pelo momento de turbulência que ele tem vivido.
Néia: Você é ingênua Mayane, acha que todo mundo é bom, então você é a que não presta?
Mayane: Eu penso diferente né, as pessoas merecem uma segunda chance.
Néia: Volta pra ele, ó ele lá te esperando.
Mayane: Eu não, eu sou muito bem casada!!!
Néia: Então pronto, e o Serafim vai continuar até quando nessa vida? O negocio que ele me pediu eu já até fiz.
Mayane: Serafim é macumbeiro! -exclamo rindo, imaginando o que seja- Cismou de procurar a senhora cara, o que ele pediu?
Néia: Só um patuá de proteção mesmo, depois cê me leva até o armário dele.
Mayane: Não dá confiança vó porque ele adora essas coisas.
Néia: É, ele suplica por proteção, se não fosse o santo dele já tinha ido embora faz tempo.
Mayane: Complicado...
Néia: A senhorinha também, pensa que passa batida? Vou nem falar nada...
Mayane: Vó a questão não é a senhora falar, sou eu de aceitar e me entregar.
Néia: Você precisa ter mais fé, bota fé que sua vida anda, não adianta você acreditar hoje e amanhã não.
Mayane: Tem horas que eu dou uma bambeada mesmo, por isso me afastei definitivamente.
Néia: É aí que tudo acontece...
Conversamos por um bom tempo, a levei até o quarto e ela guardou o negócio de Serafim, não deixou nem eu ver e reforçou ainda para eu não ver.

Por volta das 16h a levei para casa, estaciono o carro no portão dela e destravo a porta.
Mayane: Beijo vó, fica com Deus.
Néia: Vá com ele! Seu irmão já deve ter chego.
Mayane: Que bom que ele agora mora aí né, já é uma companhia.
Néia: Bom que eu não fico sozinha... Deixa eu entrar, filha -Diz me abraçando- Que você tenha muita fé para seguir em frente, tudo não vai passar de susto, é só uma fase!
Mayane: Seja ela qual for, eu estarei preparada.
Néia: Está mesmo? -indaga me encarando bem séria olhando nos meus olhos...

Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now