154° Capítulo

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Bebi uma garrafa sozinha de Champanhe que me fez bem não e eu nunca passei mal. De repente fiquei me sentindo para baixo, me sentindo aérea, mal...

Elaine está me ligando desde cedo, mas como eu passei mal não tive forças nem para atender um sequer telefonema hoje.

Inicio de ligação
Elaine: May?
Mayane: Oi cunha. -Digo baixo, quase que sem voz.
Elaine: Preciso te contar um negócio, Serafim morreu.
Foi como se tudo ao meu redor tivesse parado, tudo parou na verdade.
Mayane: O...quê? Ãh-nh? -Digo gaguejando.
Elaine: Mexicano estava lá em Niterói com ele e invadiram a favela, dizem que foi tudo de surpresa. -contava rápido.
Mayane: E COMO VOCÊ TEM CERTEZA? ISSO É MENTIRA! -berro incrédula.
Elaine: Não é, dizem que já caçaram tudo por lá e que provavelmente os rivais levaram o corpo dele.
Mayane: Eu vou pra lá agora!! -anuncio decidida, desorientada.
Fim de ligação

Isso não pode ter acontecido
Isso não aconteceu
O meu marido está vivo!
Ele tem que estar.
Não tem lógica alguma eu o perder assim desta forma, sem ao menos me despedir.

Tentava ao máximo não me aterrorizar, manter a cabeça fria e no lugar primeiramente.

Fiquei por longos minutos na ponte, que droga!! Ao chegar fui direto para a favela que ele estava ficando. Eu não vou perder o meu marido, o homem que eu custei para ter de volta, que isso, é inaceitável.

Subi na favela mesmo, mas ao ouvir tiros  voltei no mesmo pé, não tem condições d'eu ficar e o pior é que eu não tinha um sequer contato com alguém daqui. Eu só preciso é ver o meu marido... Não vou permitir a morte, eu não vou aceitar o fim... O Serafim não morreu e eu vou trazê-lo de volta.

Meu telefone não parava de tocar e era Elaine enchendo o saco, não vou atender enquanto eu não encontrar o Serafim. Não sabe dar uma porra de uma notícia, joga na lata sem nem pensar no meu desespero. Nesse caso eu prefiro a mentira do que acreditar que meu marido tenha partido...
Ele não pode sair de mim assim, agora, desse jeito...sem nem se despedir de mim, dos filhos, NÃAAO!

Bato a testa no volante varias vezes consecutivas, já chorando inconsolávelmente. Dirigi até um posto de gasolina e abasteci o carro, decido ir embora é a minha única solução do que ficar plantada aqui em Niterói sem recurso.

Cheguei em casa e Elaine estava lá.
Elaine: Mulher, tu é doida?
Mayane: Fala que isso é mentira cara, pelo amor de Deus!!! -suplico em total desespero- Não pode ser.
Elaine: Eu não sei... -Diz limpando o rosto de lágrimas- Ao certo ninguém sabe, mas o meu marido disse que é provável já que não o encontraram...
Mayane: Como pode dar uma notícia falsa assim, se não tem certeza? -Digo alterada- É FAKE NEWS!
Elaine: Tenho certeza que é, eu quero que seja.
Mayane: Não aceito perder o meu marido, logo agora que as coisas estavam se encaixando.
Elaine: Eu nem contei para ninguém ainda, só para você porque tu é forte.
Mayane: Sou forte? Modéstia parte, agora uma notícia dessa eu não sou ninguém, me destrói. -Digo gesticulando, rouca- Eu estou arrasada, sem chão.
Elaine: É foda, Mexicano vai me passar as notícias.
Mayane: A bala estava comendo lá. -conto ao me sentar no sofá.
Elaine: Mexicano me falou, se acalma May, que agonia te ver assim.
Eu estava andando de um lado para o outro, nervosa demais, ansiando por uma notícias, com um frio na barriga, aperto no peito, um nó entranhado na garganta...
Eu só queria uma notícia, apenas uma.

Tanto que eu falei, tanto que eu pensei, o que eu mais temia estava tão próximo de acontecer. O que vai ser da minha sogra, do meu filho sem esse homem? O que vai ser de mim?? Me diz!!!
Eu não tenho estruturas para perder alguém, eu preciso do meu marido, sem ele tudo é sem graça na minha vida...

Mexicano liga toda hora, mas não fala porra nenhuma, só sabe dizer não sei ainda não, é um imbecil!
Elaine: May, tu está muito pálida... Vai comer alguma coisa, vai acabar desmaiando aí
Mayane: Eu tô bem. -Digo passando a mão no rosto; nada bem, com um embrulho tremendo no estômago.

Não é possível, justamente na semana do meu aniversário, acontecer esse sumiço? É castigo, só pode ser.
Samantha conversou comigo dizendo que não sabe de nada disso e ninguém sabe dessa tal notícia. Se isso for uma invenção para desestruturar minha família, vão me pagar! Ah vão!

Dia seguinte

Só dormi porque o sono foi maior que tudo. Acordei já olhando o celular e nada do meu maridinho, nenhuma msg, nenhuma ligação...
Caí no choro...
Foi como se uma certeza, eu me sentia sozinha, sentia um vazio dentro de mim imenso.

É...vai ser tão difícil ter que aceitar que o homem da minha vida me deixou, eu não quero que isso aconteça.
Eu não aceito!

Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now