46° Capítulo

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Baile gostosinho mesmo e eu nunca tinha vindo, ah volto mais vezes, com certeza! Avisei a Flávinha, que iria dar um rolé, na verdade fui buscar um lança, não resisto, Deixei a Vitória com ela. Fora da quadra próximo a uma boca eu chamei um trafíca, que veio até mim.
Mayane: Pô, com todo respeito tem como trazer um lança para mim, por favor?
— Até dois! —Falou abusadinho; dou o dinheiro na mão dele e não demorou nada ele trouxe— Busquei o melhor que nós temos.
Agradeci dando um sorrisinho discreto, até que era gatinho, mas eu tô de boa!

Assim que voltei tornei a dançar, guardei o lança dentro dos peitos.
Flávia: Ué tu usa lança? Porque não falou, mulher? Tem vários lá e até black lança no balde do meu marido.
Mayane: Black eu não me garanto não, mas o tradicional eu curto muito!
Deu em nada, rebolei à beça usando meu bico verde.
Mayane: Brota lá no quinze que você vai se envolver, vai usar usar...vai beber, beber. -cantarolei.
Os funks eu conhecia, só mudava o nome da favela e os faixa preta, que dava para aprender rápido, repetia toda hora.
Não demorou muito pediram 1 minuto de silêncio.
Mayane: Fala nada, silêncio total! -Aviso minha sobrinha, Deus me livre!
Passou um bloco trepado na minha frente que cheguei a sentir um frio na espinha, só cara de ruim preparado pra dar pescoção no primeiro que desrespeitar o falecido. Vitória apertava minha mão a cada vez que via um armado, tadinha. O minuto não acabava não, olhei para trás e meus olhos cruzaram com o um cara brabo, pretinho gatão, disfarcei e tornei a olhar para frente. Quando enfim acabou começou a tocar os hinos deles de facção.
Flávia: Vou ali rapidinho e já volto. -A
avisou para mim; aproveitei para mexer no telefone, tirei umas self discretamente e guardei- Voltei, aí May meu cunhado gostou de você.
Mayane: Ih, tô fora de laço! -Falo fazendo bico- Quero não mana!
Flávia: Meu cunhado garota, é maneiro ele, gente finíssima. -Dizia fazendo a propaganda.
Mayane: Tô de boa! -recuso; quero nada.

Minha noite estava sendo agradável, e o melhor era que eu não estava bêbada. Por volta das 04h e pouca resolvi ir embora, nada de onda nem o lança subiu.
Flávia: Já vai cara? Tá cedo ainda.
Mayane: Ah não, Vitória já cansada e eu também...
Vitória: Tô nada tia, tô de boa!
Mayane: Duas contra um caralho? Vou marca mais um dez.
Fiquei tomando um redbull e me mexendo bem pouco, sinto uma mão pesada na minha cintura, virei logo para trás, era o bofe divino.
Mayane: Que susto, faz isso não colega!
— Pô desculpa aí. —Deu um sorrisinho cafajeste — Posso saber seu nome?
Mayane: Pra quê? -indago mas respondo- May.
— Humm... Será que a gente podia conversar melhor depois?
Mayane: Pode ser, quando eu for embora te do um toque. -Falo com desdém.
Vou dar toque nada, tô fora de problema e principalmente esses problemas que tem a cintura ignorante, cabelo na régua, pretinho...do jeito que a gente gosta. Não me amarrar nesses laços não que depois são os próprios que me enforca!

Terminei de tomar o redbull, coloquei o lança dentro do balde e me despedi, agora sim eu vou, com cuidado pra não bater de frente com o gostoso.

Chegamos em casa por clarear já.
Vitória: Tia, mais é muito homem armado... -Diz impressionada- Tô fora, nunca mais.
Mayane: É questão de você acostumar, você não cresceu no meio assusta mesmo. Baile não é lugar pra você não filha!
Vitória: Deus me livre mas depois eu evitei olhar e fiquei mais tranquila.

Meu corpo pede cama, tô mortinha. A idade está chegando e com ela vindo o cansaço de farra e tudo mais. Num vejo a hora de poder cantar: Eu sosseguei! Mas está difícil, ninguém colabora...

Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now