Uma possível saída para Scarlett

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Uma semana depois do violento ataque de seu marido, quando os hematomas em seu rosto haviam diminuído e já estavam quase imperceptíveis, Scarlett foi visitar a sua melhor amiga, que logo a questionou:

- Porque o seu rosto está com partes roxas?

- O meu marido me surrou intensamente na semana passada Josefa.

- Ele teve coragem de fazer isso com você?

- Sim... Ainda com apoio daquela escrava que mandou ele bater ainda mais.

- Eu não acredito que ela tenha sido tão insolente? Diz Josefa espantada.

- Foi sim. Aquela escrava ainda vai me pagar com a sua vida. Diz Scarlett.

- Uma escrava minha jamais teria uma audácia dessas. Não seria maluca nem de pensar em fazer uma coisa dessas. Você deu muito poder ao seu marido, que tirou totalmente o seu. Diz Josefa.

- Até então ele não tinha sido violento comigo, mas agora, você acredita que ele me jogou no chão quando disse que havia conversado com meu pai sobre nos mantermos com os recursos da própria fazenda, na frente da escrava e do filho dela, e me deu várias bofetadas no rosto, em minha sala? Eu nunca me senti tão humilhada em minha vida.

- E você não fez nada? Questiona Josefa, quando complementa: Eu jamais aceitaria uma afronta dessa em minha casa sendo dona de toda aquela riqueza como é o seu caso.

- Mas, o que eu poderia fazer, se meu marido me tirou todo o poder naquela casa, inclusive, de punir os escravos. Eles não me respeitam mais, eu tenho ódio daqueles escravos! Acredita que aquela escrava, Justina, ao final da intensa surra que o meu marido me deu, disse em minha frente, enquanto eu estava a recuperar o fôlego, que ele deveria ter me batido mais para que eu aprendesse a respeitá-lo.

- Que insolente! Como uma escrava acha que pode falar para o seu senhor punir a sua própria dona. Isso é inadmissível. Você deu mesmo muito poder ao seu marido e ele tá passando esse poder as suas escravas. Se continuar assim, daqui uns dias elas te colocam no tronco e te chicoteiam. Francamente! Diz Josefa demonstrando revolta.

- Mas foi ele que tomou esse poder, quando retirou as minhas liberdades. Eu não pude fazer nada. Diz Scaerlett se mostrando impotente perante a situação.

- Você não poderia ter deixado ele fazer isso.

- Eu não tinha o que fazer? Ele fez isso. Ele é homem e os relacionamentos aqui são assim. Os homens mandam e as mulheres ou obedecem ou são castigadas.

- Você tinha e tem o que fazer. Uma mulher não pode se mostrar fraca perante o marido, senão ele toma conta de você e de tudo que é seu. Responde Josefa.

- O que eu faço então? Questiona Scarlett.

- Tire o poder de seu esposo. Responde prontamente Josefa.

- Mas não há como fazer isso, você sabe que nessas terras o homem é que detém o poder sobre as posses, mesmo que elas tenham originado da família da mulher.

- Isso quando o marido está vivo. Diz Josefa de forma enigmática.

- Você propõe que eu mate o meu marido? Questiona Scarlett.

- Você vê outra alternativa melhor? Questiona Josefa.

- Eu ainda nem tinha pensado nisso. Acredita? Questiona Scarlett de forma pensativa.

- Scarlett, qual a vantagem de você estar casada hoje, se até bater em você o seu marido bate. Não lhe dá nenhum poder, nem sobre os seus escravos. Hoje você tem menos poder do que todos os escravos de sua casa, já que nem neles você manda mais. Quando uma escrava está a pedir para que o seu marido a bata mais é porque você não é respeitada por mais ninguém.

- Eu nunca me senti tão humilhada em minha vida. Diz Scarlett ao abaixar a sua cabeça de forma envergonhada.

- Se quiser podemos fazer um plano para que você mate o seu marido.

Scarlett fica pensativa e depois diz a sua melhor amiga que vai pensar bastante nessa hipótese. Se despede de Josefa e vai para casa pensando no seu futuro.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now