Miss Scarlett e a escrava branca

A dúvida

Por questões políticas, Scarlett estava tendo a necessidade de comparecer cada vez mais a aquele vilarejo. Ela sempre que ia a aquele local questionava se alguém tinha notícias sobre as origens de Juliano. Scarlett estava muito desconfiada daquele jovem misterioso que apareceu naquelas terras sem querer falar de suas origens. Mas, todos que ela questionavam a respondiam que não tinham novidades sobre aquele jovem rapaz. Tudo que todos sabiam era aquilo que ele havia contado, que havia vindo do sul, sem mais detalhes do seu passado.

Scarlett de tanta curiosidade, resolveu entrar naquela pousada e pedir para que chamassem, pois ela queria conversar com ele. Naquela ocasião ela estava acompanhada de Tenório.

Ao ser chamado no quarto, Juliano vestiu uma blusa e desceu até a recepção, que era ampla e tinha uma mesa para o recebimento de convidados. Juliano se assustou ao ver aquela senhora, quando ele a cumprimenta gentilmente e se senta a mesa para conversarem:

- A que devo a honra de uma visita tão ilustre?

- Já me conhecer senhor?

- Mas é claro. E quem não conheceria a senhora mais falada e mais poderosa de toda a região. A senhora Scarlett. Todos que chegam nessas terras a primeira história que conhecem é a sua senhora. Juliano ao seu dispôr! Diz aquele jovem a abrir um sorriso enquanto cumprimentava aquela senhora com bastante gentileza.

- Encantada. Responde Scarlett também de forma gentil, quando complementa a sua fala: - Me disseram que você estava aqui no vilarejo há algum tempo e como ainda não te conhecia, resolvi vir lhe fazer uma visita. Vejo que é um homem de posses Juliano, pretende ficar aqui por muito tempo?

- Eu gostei daqui senhora. Na verdade estava a querer comprar algumas terras na região, estava procurando um lugar próximo a Salvador, mas as terras lá estavam muito caras. Resolvi sair do litoral. Ao seguir esse caminho cheguei a essas terras férteis. Gostei daqui, acho que é aqui que vou me instalar.

- O que fazia na sua cidade de origem? É do sul não é senhor? Qual a origem da sua família? Questiona Scarlett de forma desconfiada. No seu interior, Scarlett tinha a impressão de já ter visto aquele jovem alguma vez em sua vida, mas não sabia quando e nem onde.

Quando ele a responde:

- O meu pai é um grande fazendeiro lá no sul. Eu não queria viver nas suas fazendas. Queria ter a minha própria vida e minhas próprias escolhas. Então resolvi conversar com ele sobre a possibilidade de realizar investimentos aqui na região. Ele gostou da ideia e resolveu me emprestar recursos para isso.

Scarlett fica ainda mais desconfiada daquela conversa. Quando ela questiona:

- E quem é o seu pai?

- Senhora eu não quero ser indelicado, mas prefiro não falar sobre as origens da minha família.

- De maneira nenhuma, indelicada sou eu a vir aqui na sua casa e lhe inquerir sobre isso. Eu estou envergonhada. Diz Scarlett tentando passar credibilidade em sua fala.

- Não se preocupe com isso senhora. É que eu quero iniciar uma nova vida e para isso, prefiro deixar o passado lá. E viver o futuro aqui.

- Eu entendo perfeitamente. Diz Scarlett mais desconfiada do que nunca, quando complementa a sua fala: - Bem, eu gostei de você! O que precisar que estiver ao meu alcance eu estou à disposição.

- Eu agradeço senhora.

- Bem, agora preciso ir. Foi um prazer conhecê-lo. Até breve! Levanta Scarlett para sair, quando se despede daquele jovem.

- O prazer foi todo meu senhora. Até breve! Responde Juliano, quando vê aquela senhora sair daquela pousada.

Scarlett sai muito mais desconfiada do que entrou. Ela tinha certeza, com a sua experiência de vida, que aquele jovem não era quem dizia ser e que aquela história não era verdadeira. Ela só não conseguia entender quem ele poderia ser e o que estava querendo naquelas terras. Mas, faria o possível para descobrir.

Na fazenda, se sentindo confiante, Artur estava a se encontrar constantemente com Pérola no quarto dela, onde davam beijos e amassos naquele espaço, sempre julgando não estarem sendo notados por ninguém. Pérola no começo daqueles encontros, sempre o repreendia, dizendo que eles estavam a correr riscos ao se encontrarem daquela forma. Mas, Artur se aproximava e a tocava carinhosamente. Ela não resistia e logo sedia aos seus beijos calorosos.

Um dia, durante a tarde, Scarlett chegou da cidade e Catarina disse que estava precisando falar com ela:

- Senhora, desculpe por tomar o seu tempo, mas preciso conversar com a senhora.

Scarlett sentou em sua cama e disse:

- Pode dizer Catarina.

- Eu tenho notado que quando a senhora tem ido para a cidade, Artur tem saído do quarto em que dorme e ido constantemente ao quarto de Pérola para conversar. Eu não sei muito bem o que acontece lá dentro, porque eles costumam fechar a porta. Mas, acho que os dois estão muito próximos um do outro e é melhor a senhora tomar um certo cuidado com isso.

Aquela fala assusta intensamente Scarlett, que muda imediatamente o seu olhar para sombrio naquele momento, tamanho o ódio que se encontrava. Quando ela questiona com uma voz severa:

- Achas mesmo que Artur possa estar me traindo debaixo do meu teto com aquela escrava?

- Sinceramente eu não sei senhora. Se tivesse visto, poderia afirmar isso. Mas, tudo que tenho visto é ele ir constantemente ao quarto dela quando a senhora sai e fechar a porta, ficando com ela por algum tempo no quarto e depois saindo de lá.

- Eu mato esses dois! Essa Pérola não perde por esperar. Se ela estiver mesmo fazendo isso eu vou descobrir e essa escrava vai entender o que é trair uma dona como eu. Muito obrigada Catarina, hoje mesmo vou averiguar e descobrir o que está acontecendo. Se Artur estiver me traindo mesmo com Pérola, eles vão sentir na pele o que é serem castigados por Scarlett. Diz novamente aquela senhora demonstrando intensa revolta a andar para um lado e para o outro daquele quarto.

Catarina questiona se aquela senhora precisa de mais alguma coisa e ela diz que não, que ela poderia ser retirar. A escrava então sai a sorrir daquele quarto, imaginando que a sua dona seria implacável com aqueles dois traidores. Catarina não suportava a ideia de ter sido trocada por Pérola e naquele instante queria vingança contra ela, que julgava ter entrado no seu caminho e contra Artur, que havia a trocado por aquela escrava. Ela tinha certeza que em breve veria os dois serem severamente castigados, por terem decidido se amar contra a vontade de sua dona.