Miss Scarlett e a escrava branca

Antônio Dias Filho prepara o plano de vingança

Na tarde de quarta-feira, Antônio Dias Filho conversava com um o seu primo, quando um dos trabalhadores de confiança daquela fazenda, tratado como da família, ouviu a parte em que eles conversavam sobre a vingança e se colocou a disposição em ajudar no plano:

- Estava escutando a conversa aí sobre uma vingança sua Antônio Dias, se precisar pode contar comigo! Diz aquele homem.

- Eu fico muito feliz que está disposto a me ajudar Hugo. Você é um grande amigo!

- Eu estou aqui para ajudar em qualquer coisa que precisar Antônio. Mas, me conte, o que aconteceu que quer tanto se vingar dessa senhora?

Antônio olha para o primo e ele diz:

- Pode contar tudo para Hugo, ele é um irmão pra mim. Eu não tenho segredos com ele. Pode confiar.

Então Antônio começa a explicar o que ocorreu:

- Eu tinha apenas 10 anos, quando o meu pai iniciou uma verdadeira guerra contra essa senhora. Sempre em casa, ele realizava reuniões com outras pessoas, criando estratégias para matá-la, pois ela estava a tomar ao seu espaço naquele vilarejo. Eu achava isso errado, mas acreditava que ele tinha os seus motivos.

Começando a demonstrar emoção ao rememorar aquele momento de sua história, Antônio continua a contar:

- Um dia vi que ele saiu de madrugada rapidamente, acompanhado de vários homens. Naquela noite eu nem consegui dormir direito, parecia que eu estava prevendo que algo de ruim poderia acontecer. Algumas horas depois da saída de meu pai, eu escutei a porta da casa batendo fortemente, ele entrando e correndo em direção a sala. Imediatamente eu levantei e vi a minha mãe passar correndo pelo corredor e chegando comigo na sala. Ela questionou a ele o que estava acontecendo e, enquanto ele colocava munição na sua arma, demonstrando desespero, pedia para que fossemos para o quarto. Naquele instante eu e minha mãe fomos correndo para o quarto, tentando nos proteger. Enquanto eu e minha mãe estávamos a correr para o quarto, percebemos que chegaram alguns homens e o renderam, mandando que ele colocasse as armas no chão e se ajoelhasse. Minha mãe me colocou no quarto e o trancou. Ali ficamos abraçados de tremendo de tanto medo naquele local. Depois de alguns segundos escutamos vozes de homens pedindo que abríssemos a porta e saíssemos ou eles iriam arrombar. Minha mãe muito trêmula e chorando muito, abriu a porta e fomos levados para a sala, onde meu pai estava.

- Meu Deus! Diz Hugo assustado.

- Ficamos na sala por um tempo, enquanto o meu pai estava desesperado, ajoelhado no chão. Depois de alguns minutos, pela primeira vez vi aquela mulher na minha vida. Ela era assustadora. Minha mãe estava desesperada e o meu pai também. Ele costumava a andar sempre acompanhado dos seus capatazes. Percebi que naquele dia ele estava desprotegido, provavelmente, os seus defensores estavam mortos. Eu estava muito assustado, quando um daqueles homens, Tenório, questionou. Matamos todos eles senhora?

Diz Antônio com um olhar fixo ao lembrar daquele fato, quando ele continua o seu relato:

- Scarlett olhou bem para mim. Viu que eu estava a tremer e desesperado a chorar. Ela olhou para o meu pai de forma fria. Eu nunca vi meu pai com tanto medo, ele estava tremendo e chorando muito. Scarlett então disse a ele. Eu quero que você implore pela sua família. Ele então, desesperado a chorar, pediu que ela o matasse, mas deixasse a sua esposa e seu filho vivos. Scarlett pensou bastante. Ao me ver chorar intensamente, acho que ela sentiu um pouco de piedade. Apontou para o meu pai e Tenório lhe deu um tiro na cabeça, na nossa frente.

- Que isso! Afirma Hugo impressionado com aquele relato.

- O desespero foi geral. Eu e a minha mãe, levantamos imediatamente e fomos para cima do corpo do meu pai e ele estava morto. Eu não entendia nada do que estava a ocorrer. Estava completamente desesperado. Tudo aquilo parecia um pesadelo. Mas, era real! O sangue dele espalhava sobre as nossas roupas e mãos. Não tinha mais volta. Scarlett tinha ordenado a morte do meu pai.