A tentativa de recuperação

305 21 16
                                    

Aquela história de uma revolta impressionante que matou todos os protetores daquela casa a ponto do comandante ter que colocar um destacamento para proteger aquela casa grande, se espalhou como rastilho de pólvora por aquele Vilarejo. Então, Antônio Dias Filho, foi a casa de seu primo para comentar sobre aquela ocorrência:

- É primo, parece que os ventos estão mudando. Aquele Tenório finalmente morreu em uma rebelião de escravos ontem. Diz aquele jovem sorridente.

- Eu fiquei sabendo. Que coisa impressionante! A revolta dos escravos foi muito feroz primo? Ninguém imaginava que isso pudesse acontecer, logo depois dela demonstrar tanta força, após capturar aqueles escravos brancos que estavam a tamanha distância. Diz Matias surpreso.

- As versões são muito conflitantes lá no Vilarejo primo. Alguns falam que foi uma revolta de poucos escravos, mas que o ataque foi a traição, que eles invadiram a casa durante a noite, por isso conseguiram matar um grande número de pessoas. Dizem que não eram nem 20 escravos, o próprio comandante falou isso no vilarejo. Afirma Antônio Dias Filho.

- Eu não sei não viu primo, 20 escravos fazer esse estrago todo? Todos nós sabemos que Scarlett tinha mais de 60 homens naquela casa para a sua proteção. Essa história está muito mal contada. Afirma Matias.

- A versão oficial, normalmente, não condiz com a real. Muita coisa é ocultada meu primo. Os inquéritos são feitas por comandantes que não querem espalhar a informação de que os escravos se revoltaram e causaram estragos nas suas zonas de comando. Todos os números de revolta de escravos, quase sempre são subnotificados, ou ocultados totalmente, como os escravos juram que foram em outras revoltas que ocorreram naquelas terras e ninguém daqui do Vilarejo ficou sabendo. Diz Antônio Dias Filho.

- Eu posso imaginar que sim. Todo mundo morre de medo que esses escravos acreditem que é possível se rebelarem por serem a maioria em nossas terras. Portanto, nas cidades e Vilarejos, essas histórias que acontecem nas grandes fazendas nunca são contadas da forma que efetivamente foi, para não dar ainda mais moral aos negros. Mas, vosmicê ouviu alguma versão de alguém que não fosse a do comandante? Questiona Matias desconfiado.

- Pelo que eu fiquei sabendo, que estão falando aí, Scarlett cometeu um crime e isso fez os escravos revoltarem. Dizem que ela está toda machucada. Afirma Antônio dias Filho.

- Como assim meu primo? O que estão contanto lá no Vilarejo?

- Dizem que primeiro uma escrava atacou Scarlett. Atingiu ela com várias facadas. Ela revoltada, colocou essa escrava no tronco e bateu nela com 80 chibatadas. Depois disso mandou queimar essa escrava duas vezes com o ferro quente, mas ela não morreu.

- Que escrava é essa meu primo? Quem é que aguenta tanto sofrimento assim! Questiona Matias, impressionado com aquela história, interrompendo o seu primo.

- Dizem que a escrava era uma guerreira da África, que já tinha mostrado uma força incomum em outras punições que recebia. Eu não sei se isso é verdade. Só estou contando o que ouvi de um escravo que é amigo de um escravo de Scarlett e disse que ele contou tudo o que aconteceu.

- É um pouco difícil acreditar que alguém possa suportar tudo isso. Mas, o que aconteceu depois?

- Dizem que Scarlett, muito revoltada porque a escrava que quase a matou não morria, mandou que o capataz continuasse a castigar ela com aquele chicote cortante até a morte. Ele acertou nela mais de 100 chibatadas e só depois que ela morreu. Afirma Antônio Dias Filho com um semblante triste.

- Minha nossa meu primo! Mas, isso é muita coisa! A regra não era 80? Questiona Matias.

- Era sim primo! Vamos ver agora o que o comandante de polícia vai fazer né? Depois eu vou ter que perguntar a ele sobre isso.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now