Os dias seguintes

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Na madrugada da segunda-feira, dia 11 de abril de 1796, às 3 horas da manhã, os homens de Antônio Dias Filho vão até a casa do registrador e a reviram com cuidado para não chamar a atenção dos vizinhos, levando dinheiro, joias e outros pequenos materiais de valor daquele homem, enquanto ele ainda encontrava-se no cativeiro.

Naquele dia, um dos vizinhos daquela casa percebeu a movimentação estranha e olhou discretamente pela janela, quando observou homens a entrar e sair da sua casa, encapuzados. Em um primeiro momento, ele não conseguiu identificar quem eram. Com medo, ele continuou observando, quando viu aqueles homens saíram levando alguns pertences.

Depois dessa ação, eles vão para a casa do seu patrão levando todos aqueles pertences e logo em seguida retornam ao cativeiro colocando aqueles dois homens amarrados, vendados e amordaçados na carroça, os levando para o vilarejo. Ao chegar no Vilarejo que encontrava com as suas ruas completamente vazias, eles entraram pela porta da frente da casa do registrador e prenderam o cavalo dele, como normalmente ficava na parte de fora daquela casa em sua lateral.

Após essas ações, eles tiraram o registrador e o seu escravo da carroça, ainda presos e amordaçados e os levaram para dentro da casa, onde foram amarrados. Antes de irem embora, os trabalhadores de Antônio Dias Filho, deixaram todas as portas e janelas daquela casa abertas, para que alguém pudesse entrar e libertar aqueles homens assim que o movimento naquele vilarejo iniciasse.

Novamente aquele vizinho, ainda acordado, percebeu aquela movimentação estranha na casa, mas, achou que aquilo fosse ação do registrador e seu escravo que estavam a chegar de algum lugar. Como estava muito escuro, ele não conseguiu identificar quem era que realizava aquela ação, haja vista que não existia iluminação pública naquele período e as ruas eram extremamente escuras naquele vilarejo.

Os capatazes de Antônio Dias Filho sabiam que, certamente, no dia seguinte, ao verem que a porta da casa e do comércio daquele registrador estava aberta, alguma pessoa entraria e os encontraria daquela forma em casa, já que o estabelecimento ficava no centro daquele vilarejo, em um local muito movimentado. Com a casa toda revirada, na concepção deles, o comandante trabalharia com a hipótese de sequestro seguido de roubo. Pelo fato dos sequestrados terem ficado vendados o tempo inteiro e não terem escutado qualquer fala dos sequestradores, já que eles se mantiveram o tempo inteiro em silêncio, qualquer pista quanto aos executores daquele ataque seria muito difícil.

Na segunda-feira, logo pela manhã, conforme previsto, um homem foi até aquele local de registro e não encontrou ninguém. Achando estranho que o cavalo daquele senhor estava ao lado da casa e as janelas estavam todas abertas, ele foi entrando e chamando aquele registrador pelo nome, quando encontrou aquela casa completamente revirada. Assustado, ele entrou mais um pouco por aqueles cômodos e encontrou aqueles homens vendados, amarrados e amordaçados, desesperados, tentando pedir socorro. Imediatamente aquele homem libertou o registrador, que com o seu escravo, foi até o comandante prestar queixa daquele sequestro.

Muito atarefado e envolvido com o caso do incêndio a casa de Scarlett, aquele comandante pediu que um dos seus assistentes fizesse o atendimento inicial, tomando o depoimento daquele registrador. Logo em seguida, eles conversaram um pouco e ele entendeu que aquele senhor foi sequestrado para que os seus pertences valiosos fossem roubados, não conseguindo encontrar nenhuma ligação daquele roubo com o caso de Scarlett. Ele afirmou então que faria uma investigação minuciosa do caso, quando aquele registrador ficou satisfeito e foi para casa. O comandante chegaria lá horas depois para iniciar as investigações.

Naquele dia o doutor continuava a cuidar de Scarlett, que parecia melhor, tendo a sua febre reduzido e as queimaduras a cicatrizar em seu corpo, enquanto era acompanhada por uma assistente que foi contratada para acompanhá-la. Entretanto, ela ainda estava com febre alta e não acordava. O comandante foi algumas vezes naquela clínica questionar se ela havia acordado, pois ela era a peça chave para descrever o que aconteceu naquela casa. Na visão do comandante de polícia, se ela foi encontrada no chão é porque estava lúcida e pode ter visto a origem daquele fogo. Apenas com essa conversa aquele comandante teria a certeza do que aconteceu, conhecendo os detalhes daquele incêndio. Entretanto, Scarlett ainda estava entre a vida e a morte, e ele não sabia quando, e se ela iria mesmo despertar daquele sono profundo.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now