A quinta-feira

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 Na quinta-feira pela manhã Scarlett acorda e vai tomar o seu café. Enquanto estava na copa daquela casa a saborear deliciosos biscoitos, ela recebe as notícias da manhã por parte de Antônio:

- Senhora a produtividade da fazenda continua muito boa, os escravos estão trabalhando intensamente.

- Fico feliz por isso. Eu me esforcei muito para que eles tivessem aquele banquete espetacular, trabalhar era a mínima resposta que eles poderiam me dar. Como estão as coisas no vilarejo?

- Estão bem senhora, das últimas vezes que fui lá, nenhum incidente e não comentam mais nada com relação ao que aconteceu nessa fazenda. Parece que as pessoas esqueceram daquelas falas espalhadas pelo senhor Antônio Dias.

- Ainda bem, porque no domingo quero retornar a missa e ir também na casa da minha melhor amiga Josefa. Estou com saudades dela, pois há algum tempo não a vejo.

- Acho que não terá mais nenhum problema senhora. Faça como sempre fez, leve os seus dois matadores de aluguel e será bem tranquila a sua ida pelo que tenho visto naquela cidade.

- Eu preciso saber se posso me comprometer com um virtuoso recurso junto ao padre. Eu quero anunciar naquele local, no domingo, quando todos estiverem presentes que eu doarei os recursos para a pintura de toda aquela igreja, inclusive os desenhos das paredes, do teto e da nave. Nós temos condições de nos comprometer com isso, contando com a próxima venda?

- Sim senhora. De acordo com as minhas anotações, com as vendas que já iniciarão nessa semana teremos um bom lucro para poder fazer novos investimentos e doações. A senhora pode sim se comprometer a doar recursos virtuosos ao padre.

- Eu vou chamar um pintor famoso de Salvador para realizar essas pinturas, eu quero impressionar a todos com o meu poder!

- A senhora tem condições de fazer isso! A doação pode ser até esse valor aqui, diz Antônio, quando demonstra uma anotação para aquela senhora.

- Mas isso é muito dinheiro! Tem certeza?

- Sim senhora, isso é dez por cento do seu lucro previsto para a venda desses três meses de produção após o falecimento de seu esposo.

- Mas, é muita coisa. Se continuar assim eu serei rapidamente a mulher mais poderosa de todas essas terras.

- Eu não tenho dúvida nenhuma disso minha senhora. Responde Antônio com um sorriso no rosto, quando diz: - A senhora precisa de mais alguma coisa?

- Não Antônio, muito obrigado. Eu estou bem!

- Então vou indo senhora. Até logo.

- Até logo Antônio. Responde aquela senhora com um sorriso no rosto.

Logo após a saída de Antônio, ela pede uma de suas escravas para chamar Josias. Minutos depois, Josias entra naquela copa, com um semblante amedrontado, quando Scarlett questiona:

- Eu quero saber de Justina. Como ela está? Pronta para mais castigos?

- Não senhora. Justina está muito fraca e com muita febre. As feridas dela inflamaram muito, ela está tendo febres constantes e alucinações enquanto dorme. Se ela não tomar remédios de um médico, acho que dessa vez ela pode morrer. Responde Josias em tom muito preocupado.

- Eu não acredito que terei que comprar remédios de novo para essa insolente. Você acredita que ela me destratou enquanto eu estava a chicotear ela no tronco? Questiona Scarlett em tom revoltado.

- Justina fez isso senhora? Questiona Josias impressionado com a audácia daquela escrava.

- Pois fez, me disse que era muito fácil vencer quando uma escrava estava amarrada e se estava com um chicote nas mãos. Que ódio que eu tenho dessa escrava, cada dia mais. Responde Scarlett em tom irado, o que assusta ainda mais intensamente aquele escravo. Ela fica a pensar por alguns instantes, quando complementa a sua fala: - Chame a curandeira e questione a ela que tipo de remédio que Justina precisa. Eu sei que estou com muita raiva daquela escrava, mas não quero que ela morra. Eu quero ela bem. Eu não vejo a hora de castigá-la de novo. Responde Scarlett em tom seco, o que assusta ainda mais intensamente Josias, que sai correndo daquele espaço para encontrar com a curandeira.

Depois daquela afronta de Justina, tudo que Scarlett queria era sentir o poder que tinha sobre aquela escrava de novo. Ela queria voltar a castigar Justina severamente, até que ela pedisse perdão pelo que disse. Scarlett não iria sossegar enquanto aquela escrava não retirasse o que disse naquele dia no tronco.

Josias minutos depois, ainda desesperado, trouxe as informações dos remédios recomendados pela curandeira para que Justina tomasse e aquela senhora pediu imediatamente que um dos seus trabalhadores fosse adquiri-los junto ao médico da cidade.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now