A produtividade

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Na terça-feira pela manhã, Scarlett acordou imensamente feliz e disposta. Nesse dia ela tinha em mente que voltaria a castigar aquela escrava, ação que não tomava a um longo tempo.

Ela recebe as informações sobre a produtividade por parte de Antônio:

- Senhora. Ainda estamos a quase uma semana antes do fim do período de análise de produtividade e todos os grupos já tiveram a produtividade que foi requisitada pela senhora.

- Eu não acredito. Diz Scarlett surpresa. Quando complementa: - Mas eles estão produzindo demais.

- Sim sinhá. Eu também estou impressionado. Eles tem trabalhado a toda a velocidade e ainda tem trabalhado muito mais horas do que o normal. Eles estão muito apavorados com os castigos que a senhora aplicou no mês passado.

- Eu sabia que eles agiriam assim. Nada como um exemplo para que as pessoas aprendam a não nos contrariar. Justina me fez o favor de mostrar para eles do que sou capaz. Ela tem crédito nisso. Talvez eu lhe dê mais um mês de vida pela ajuda. Ou atenda um dos seus desejos antes de sua morte. Diz Scarlett em tom direto.

- Acho que ela ajudou muito senhora. Todos os presentes naquele espaço ficaram impressionados com a severidade do castigo da senhora. Confesso que até eu fiquei, os capatazes e os matadores de aluguel, muito acostumados com tortura, também.

- Desculpe a franqueza, mas os senhores são todos uns fracos. Diz Scarlett em tom irônico a sorrir, quando Antônio acompanha o seu sorriso um pouco sem graça. Ele não concordava com esse tipo de postura de sua dona, não dizia nada, mas ele era muito humano e sofria muito com o sofrimento dos escravos. Por ele, Justina já havia sofrido o necessário e seria libertada imediatamente. Mas, ele não tinha nenhum poder para isso.

Então Scarlett diz que vai dar um novo banquete aos escravos e que dessa vez não haveria nenhuma punição. Na sexta-feira ela iria dar a boa notícia a eles para evitar que eles ficassem ansiosos para saber o resultado de suas produtividades. Afinal de contas, eles haviam feito um ótimo trabalho e mereciam ser recompensados por isso. Scarlett ganharia muito dinheiro daquele momento em diante, caso eles continuassem a produzir nessa intensidade. E Antônio diz que passará essa informação aos escravos na sexta-feira.

Scarlett então questiona:

- Você tem ido até a cidade?

- Sim senhora.

- Você sabe se as pessoas ainda estão a comentar sobre a minha pessoa, me acusando de alguma coisa?

- Diminuiu mais senhora. O padre disse que veio aqui a conversar com a senhora e não viu nenhum indicio de que a senhora estava a cometer qualquer ato de bruxaria. Depois ele disse na comunidade que levantar falso testemunho era muito feio e condenável pela igreja, então aquelas beatas pararam mais de falar sobre esse assunto.

- Que bom! Agora eu tenho mais certeza do que nunca de que ter o padre como aliado é fundamental. Temos que manter isso. Quando realizarmos a primeira venda eu quero que separe uma grande quantidade de dinheiro para as doações a igreja, precisamos ter uma boa relação com ele.

- Sim senhora. Eu vou providenciar isso.

- E Antônio Dias, tem o visto?

- Sim. Ele não gosta muito de mim por trabalhar com a senhora. Passa ao meu lado e nem me cumprimenta. Acho que ele vê a todos que são os seus aliados como inimigos.

- Esse eu acerto as minhas contas com ele no futuro.

- Eu precisaria resolver algumas coisas senhora. A senhora precisa de mais alguma coisa?

- Não. Eu gostaria que chamasse para mim o Tenório. Eu preciso falar com ele.

- Já vou chamá-lo senhora.

- Muito obrigado Antônio.

Minutos depois, Tenório entra naquela sala e questiona a aquela senhora como ele poderia servi-la, quando ela responde:

- Hoje no período da tarde eu quero que traga aqui em casa Justina e Albertina. Eu preciso acertar algumas contas atrasadas que elas tem comigo.

- Albertina senhora? Questiona aquele matador de aluguel.

- Sim. Ela me deve uma por não ter conseguido fazer Justina se alimentar quando ordenei. Hoje eu vou castigar as duas.

- Tudo bem, o seu pedido é uma ordem. Pode se as duas horas?

- Pode trazer às 3. Eu quero descansar um pouco depois do almoço para estar bem disposta. Eu quero literalmente cortar o couro dessas escravas.

- Da forma que a senhora ordena senhora. As três da tarde as duas estarão aqui para a senhora fazer o que quiser. Diz aquele capataz. Quando Scarlett se despede dele, se mostrando intensamente feliz pelo poder que poderia exercer sobre todos e pelo comando supremo que detinha naquele espaço. Tudo que aquela senhora queria, dominadora como era, era estender esse poder supremo as demais famílias daquela cidade, enquanto Scarlett não conseguisse isso ela não iria sossegar. Com o dinheiro, poder, ambição e a inteligência daquela senhora não teria muita dificuldade para colocar todos os moradores daquele vilarejo sob suas ordens.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now