O restante daquele dia

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 Após aquele acontecimento, Artur vai, muito preocupado, para o seu quarto querendo ver como a sua mucama estava e, ao abrir a porta, ele a encontra deitada de bruços com os cortes em suas costas expostos e a sair sangue intensamente, enquanto ela ainda estava desacordada. Aquela visão para aquele menino era traumatizante. Ele sentou na cama e ficou lá por muito tempo a olhar para aquela escrava desacordada sem saber o que fazer, em estado de choque.

Então depois de algum tempo, a curandeira chegou com alguns remédios e peguntou para ele, enquanto limpava e passava remédios sobre aquelas feridas:

- Está tudo bem com você Artur?

- Eu não estou bem senhora, acho que essas punições me afetaram muito no dia de hoje. Eu não sei como vou conseguir me dar com tudo isso. Isso foi tudo culpa minha.

- Não se sinta culpado Artur, você estava com o chicote nas mãos a bater nessa escrava a deixando cortada dessa forma?

- Não senhora. Mas...

- Não tem mas. Diz aquela senhora a interromper Artur o deixando atento ao que ela iria dizer: - Quem tem culpa de ela estar dessa forma é quem estava a chicoteá-la a ponto de ela ficar dessa forma. A desumana aqui é a nossa sinhá que teve coragem de fazer isso com uma escrava tão jovem.

- Mas, ela disse que só fez isso porque eu desrespeitei a sua ordem? Questiona Artur.

- Ela poderia ter feito outras coisas, ter prendido você no quarto, ter cortado o seu alimento, ter te dado alguns golpes de palmatória. Ela faz isso com outras crianças escravas, mas o que ela decidiu fazer, castigar essa escrava de forma cruel até que ela não suportasse mais e desmaiasse. Isso não é culpa sua. Não se culpe por isso. Ela é a culpada.

- Eu entendo senhora. Assim eu fico um pouco menos triste, mas, mesmo assim, estou muito triste com tudo o que aconteceu. Eu nunca mais vou descumprir uma ordem da minha senhora.

- É bom que você faça isso para se proteger Artur, ao fazer isso com essa mucama tão jovem, mesmo sem saber se ela iria suportar tamanha violência contra o seu corpo tão frágil, Scarlett demonstrou que não tem piedade de ninguém. Para ela fazer o mesmo com você é só ela colocar na cabeça que deve fazer.

Artur se assusta intensamente com aquela fala. Ele tinha certeza que não suportaria tamanho castigo com tão baixa idade. Quando ele diz:

- Eu sei disso, ela me disse que o próximo erro que eu cometer, sou eu que vou para o tronco. Eu tenho certeza que eu não suportaria tamanha violência senhora, eu não sei como a minha mucama suportou. Eu estava desesperado só em ver aqueles cortes e tanto sangue.

- Ela vai ficar bem, foi um castigo cruel, mas o nosso corpo tem muito mais força do que a gente imagina. Para sofrer ele suporta bem! Não sei se posso dizer que isso é felizmente ou infelizmente. Acho que para nós escravos isso é mais infelizmente, porque assim os nossos donos podem nos castigar de forma mais terrível, nos causando mais sofrimento, sem medo de nos perder.

Naquele momento Artur coloca as mãos sobre os joelhos, sentado no chão, em posição de defesa, encolhido nos pés da cama, aterrorizado com a fala daquela senhora, a pensar sem dizer mais nada. Aquela curandeira então acaba de passar aqueles remédios e ao ver que aquele menino estava estático a pensar, simplesmente sai daquele quarto sem dizer nada.

As duas escravas castigadas não acordaram mais naquele dia. Durante aquela noite elas tiveram uma febre intensa e muitos delírios. Pesadelos terríveis em que estavam a ser castigadas por Scarlett novamente, imaginando aquela dor horrorosa em seus corpos.

A curandeira naquela madrugada, passou a noite revezando do quarto daquela mucama para a senzala, para tentar cuidar daquelas duas escravas, durante boa parte da noite. Artur também ajudou, passando o pano com água sobre a testa daquela escrava para ver se ela abaixava um pouco aquela temperatura.

Naquela noite, Scarlett estava em seu quarto ainda revoltada com as afrontas de Justina. A maior revolta dela naquele momento é porque ela havia decidido parar aquele castigo após aquela escrava falar com ela daquela forma. Ela pensou naquela noite que poderia ter continuado e matado aquela escrava de uma vez depois de tamanha afronta. Depois ela chega a conclusão que pode ter sido melhor assim, que daqui pra frente ela terá condições de castigar ela sistematicamente até a sua morte.

Tudo que Scarlett faz naquela noite é ficar pensando em quais seriam os próximos castigos que aplicaria a aquela escrava, assim que ela melhorasse um pouco a sua situação. Ela tinha as mais variadas opções em sua cabeça. Ela seria implacável com aquela escrava daquele momento em diante após aquela afronta ainda no tronco a dizendo que ser vencedora com um chicote nas mãos e uma escrava amarrada era muito fácil. Daquele momento em diante Scarlett decidiu que não pararia de castigar aquela escrava de forma extrema enquanto ela não dissesse aquilo que aquela dona queria ouvir: que ela a fez arrepender de ter nascido e que implorava para que Scarlett acabasse de vez com a sua vida.  

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now