A recuperação de Pérola

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Depois daquele castigo extremo, Pérola limpou aqueles cacos de porcelana que estavam espalhados no chão e continuou a limpeza do quarto de Scarlett, a chorar de dor por mais alguns minutos. O simples toque do vestido nos pontos atingidos, já a trazia um sofrimento extremo.

Quando terminou de arrumar todo o quarto, ela foi para o seu, retirou as suas vestes e foi verificar com um espelho, os estragos que aquela punição havia causado em sua pele. Pérola ficou impressionada, como aquele instrumento poderia ser severo. Ela entendeu o porque algumas escravas chegaram a morrer em meio aos castigos ministrados por Scarlett. Quando se lembrou que Scarlett havia dito que aquele instrumento era o menos doloroso que ela castigava os escravos, ela ficou ainda mais aterrorizada.

Ela pegou então em suas pernas e os golpes que foram ministrados naquele local, fizeram marcas ainda mais intensas, na cor azul com pequenos cortes ao meio, onde, certamente, aquele instrumento havia acertado. Ela então pega uma água e passa naqueles locais, sentindo uma dor muito intensa, mas, de forma que pudesse limpá-los. Assim que Scarlett dormiu, após almoçar, Maria chegou com a comida e questionando o que aconteceu para que Scarlett a punisse daquela forma:

- O que aconteceu Pérola?

- Eu quebrei uma um prato de porcelana que ficava na mesa da senhora e ela ficou revoltada.

- Eu iria te dizer para tomar todo o cuidado do mundo, pois ela não suporta ver as suas coisas quebradas por uma escrava. Ela já me castigou severamente algumas vezes por isso.

- Eu imaginava que isso não poderia acontecer em hipótese nenhuma, mas, foi sem querer. Ela me chamou de forma ríspida e quando fui virar para ver o que ela queria, esbarrei na mesa e aquele prato começou a rodar em cima dela. Eu ainda tentei pegá-lo, mas foi em vão.

- Posso te dizer uma coisa?

- Claro amiga!

- Scarlett foi bem razoável no seu castigo. Acho que ela teve piedade de você! Eu lembro no dia que ela recebeu esse prêmio lá no Rio de Janeiro. Na viagem ela ficou a observar o baú que ele estava o tempo todo. Ela colocou ele no seu quarto de forma muito especial. Eu tomava o maior cuidado com ele, porque eu imaginava que ela mataria quem quebrasse aquele prato, tamanho o valor que ele tinha para ela.

- Se esse é o castigo razoável dela, eu nem imagino o que possa ser o severo. Eu achei que fosse morrer de tanta dor. E agora estou ainda mais preocupada, temo que ela nunca vai me perdoar por ter quebrado aquela peça de porcelana.

- Normalmente ela fica furiosa na hora do castigo. Quando ela solta a raiva, isso passa. Acho que já até te perdoou. Responde Maria de forma mais tranquila, já bastante acostumada com aquela senhora.

- Eu espero que sim. Diz Pérola preocupada.

- Agora me deixe ver como está isso aí. Nós precisamos cuidar disso.

Pérola então levanta o seu vestido e Maria fica impressionada. Na pele branca o contraste daqueles golpes é mais intenso. A impressão que dá é que o castigo foi muito mais severo. Então assustada ela diz:

- Parece que a senhora estava com muito ódio mesmo. As suas marcas estão horríveis. Eu trouxe aqui um remédio, vamos precisar passar nessas feridas, caso contrário, elas podem arruinar.

- Eu estou com medo Maria! Diz Pérola quando novas lágrimas caem dos seus olhos.

- Eu sei Pérola, mas vai por mim. Eu já tenho muita experiência nesse tipo de situação. Estou sendo castigada quase que constantemente por 3 anos. Sei como isso funciona. É melhor você cuidar do que isso arruinar. Além do mais, não quero te aterrorizar, mas não sabemos por quando tempo podemos ficar sem novos castigos, tendo Scarlett como a nossa dona. E digo a você, ela não tem piedade! Se tiver que te castigar de novo, mesmo ainda estando ferida, ela vai te castigar. E aí sim você vai saber o que é castigo de verdade, pois, apanhar com feridas ainda não cicatrizadas é terrível! Diz Maria assustada com essa hipótese.

Pérola fica estática e aterrorizada naquele momento. Ela ainda não tinha noção das maldades de Scarlett, mas depois de tamanho castigo, ela notou que aquela senhora era incrivelmente má e que não tinha limites para as suas ações maldosas. Com esses relatos de Maria, tudo ficava ainda mais claro e ela percebeu que tinha mesmo que se cuidar.

- Como eu faço para me cuidar?

- Retire o seu vestido e deite na cama. Assim como cuidou de mim eu vou cuidar de você. Você fica de bruços que eu vou passando esse remédio cicatrizante feito pela curandeira a base de ervas.

- Mas, isso dói?

- Não. O pior já passou. Não vai doer mais. Eu prometo que passo com bastante carinho, assim como você passou em mim. Rapidinho ele melhora.

Então Perola retira as suas vestes e Maria fica novamente impressionada, como aquele instrumento ao chocar naquela escrava branca, parece ser muito mais severo pelas marcas, do que quando esses castigos são ministrados em uma escrava negra. Ela então começa a passar aquelas ervas batidas na pele de Pérola, que solta alguns pequenos gemidos e faz alguns movimentos, respondendo a dor daquele toque.

Ao final, Maria pede que ela fiquei deitada por alguns minutos naquela posição, para que aqueles remédios secassem, pois, com eles secando, grudariam na pele e isso ajudava na cicatrização.

Pérola atende as recomendações e ao final daquele tempo já sente as suas dores a aliviar um pouco. Ela agradece a sua amiga, se levanta, coloca o vestido e se diz pronta a voltar ao trabalho. Agora elas colheriam algumas rosas pela fazenda para enfeitar alguns recipientes novos que Scarlett havia comprado.

Elas então saem daquele espaço para procurar as rosas. O restante daquele dia passa sem maiores novidades. Apenas Pérola que não se sentava em nenhum local para evitar o contato daqueles pontos atingidos e a dor que isso poderia trazer.

No final do dia, ela ficou a pensar em tudo que aconteceu. No medo extremo que teve ao ver aquele prato partido no chão. E na dor que sentiu em meio a aquele castigo. Parecia que as partes atingidas estavam a pegar fogo a cada golpe daquele. Por mais que ela imaginasse o quanto aquele instrumento pudesse ser doloroso. Ela nunca tinha chegado próximo da terrível sensação que era ser atingido por ele de forma tão severa. Depois de algum tempo a pensar, ela pede então proteção divina, repete as orações que sempre fazia e consegue pegar no sono, a dormir de bruços, para evitar contatos com aqueles pontos que foram atingidos no castigo ministrado por Scarlett.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now