O destino de Scarlett

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Depois de muito orarem na igreja, com a sua mãe tendo feito várias promessas pela saúde da filha, no mês de outubro, Scarlett começou a apresentar uma pequena melhora, conseguindo se alimentar melhor.

Com a alimentação, logo ela foi estabelecendo os seus movimentos e um pouco de sua força. Em um mês, ela já havia recuperado mais de 10 kg, conseguindo se sentar na cama, pela primeira vez, depois de muito tempo de debilidade.

Em meados do mês de novembro, ela conseguiu chegar a 60% do seu peso normal, o que seria o ideal para uma senhora com a sua altura. Como ela era obesa antes, se mantivesse esse peso, estaria de acordo com os padrões definidos pela sociedade, mais, muito diferente daquela Scarlett que aquele vilarejo conhecia. Naquele mês ela conseguiu recuperar todos os seus movimentos, recebendo alta, no primeiro dia do mês de dezembro de 1793.

O seu aniversário, na casa de uma de suas amigas, foi muito comemorado. Ela dizia o tempo inteiro que a festa teria que ser muito alegre, pois, toda a sua família estava reunida e ela havia nascido novamente. Scarlett precisava fazer alguns exames antes de retornar para a sua casa, algo, que, se tudo desse certo, estava previsto para ocorrer no mês de janeiro do ano seguinte.

A aquela altura, Artur já não aguentava mais de saudade de Pérola. Ele sabia que agora estava tão perto e ao mesmo tempo distante de sua amada. Muito triste, ele ficava pelos cantos daquele espaço, sem dar nenhum sorriso para aquelas pessoas e sem conversar com ninguém.

Na fazenda, Pérola também estava triste, por não poder ver o seu amado. As notícias de que Scarlett estava a melhorar, entristecia aquele grupo de escravos, que tinham esperanças de finalmente poderem se livrar daquela mulher tão cruel. Após o natal, eles recebem a notícia de que, em poucos dias, aquela senhora estaria de volta as suas terras, o que caiu como um balde de água fria nas expectativas dos escravos daquela fazenda.

Ao saber dessa notícia, a única que conseguiu ficar feliz foi Pérola, pois, sabia que assim que Scarlett estivesse melhor e que retornasse para a sua casa, Artur também retornaria com ela. Finalmente, ela conseguiria pelo menos ver o seu amado, já que, era muito temerário, tocá-lo ou realizar qualquer outra ação, que era o que ela efetivamente desejava mais do que tudo naquele momento.

No dia 15 de janeiro de 1794, com 45 anos, Scarlett já totalmente recuperada dos seus problemas de saúde, muito diferente da forma que havia saído daquelas terras, por estar bem mais magra, peso esse, que ela disse que manteria por se sentir mais bonita daquela forma, no período da tarde, chega em suas terras, para a tristeza geral dos seus escravos.

Antônio a recepcionou logo na entrada de suas terras, Pérola esperava na parte debaixo daquelas escadas com um guarda-sol. Assim que desceu da carruagem, aquela escrava branca se aproximou e começou a proteger aquela senhora dos raios solares, quando conseguiu trocar os olhares com Artur por alguns segundos. Os olhos daqueles dois, mesmo que por um curto espaço de tempo, pareciam conversar. Era impressionante a energia que eles conseguiam trocar. Ao ver que Scarlett a observava atentamente, logo ela olhou para a sua senhora e disse:

- Seja bem-vinda senhora! Estava com saudades!

- Não seja dissimulada Pérola, eu sei que vosmicê como todos os outros escravos estavam doidos que eu morresse para se livrarem de mim. Sinto muito lhe dizer, mas, ainda durarei muito tempo.

- Como pensa tão mal de mim senhora? Jamais desejaria a sua morte ou de quem quer que fosse nessa terra. Sou uma mulher religiosa. Afirma Pérola demonstrando verdade em seu coração. Mesmo em meio a tanto sofrimento Pérola tinha um coração muito nobre a naquela fase de sua vida não desejava que a vida daquela senhora fosse ceifada.

- Vindo de vosmicê eu posso até acreditar, mas, dos demais, tenho certeza que a maioria queria que eu nunca mais voltasse para essas terras. Não duvido nada que tudo isso que sofri não foi até um feitiço realizado por esses escravos. Eu nunca imaginei que passaria por tanto sofrimento em minha vida! Mas, Graças a Deus, me sinto bem melhor.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now