A greve

630 60 8
                                    


No quarto dia após aquela intensa violência, Justina já estava melhor, mas decidiu fazer greve de forme e não queria comer nada que traziam para que ela pudesse se alimentar. O seu corpo ainda estava muito fraco e com aquela ação, certamente ela estava a delongar a sua recuperação total, o que preocupava intensamente Josias, que estava ficando inquieto ao ver que aquela escrava não queria se alimentar direito. Ele chega a conversar com ela sobre isso:

- Porque não está comendo Justina?

- Eu não tenho fome.

- Mas você precisa comer para ter forças. Quando a senhora Scarlett for te castigar, como é que você vai sobreviver se estiver fraca?

- Talvez seja esse o motivo do meu corpo não querer se alimentar. Ele já foi tão violentado nesses dias, que talvez ele queira não aguentar mais nenhum tipo de violência.

- Mas, isso não foi o que foi combinado, o combinado é que a senhora faria tudo para suportar o tempo em que aquela senhora quisesse te castigar.

- Deixe de ser egoísta Josias! Por um acaso já levou uma chicotada naquele tronco algum dia? Questiona Justina de forma brava.

- Eu não. Nunca fiz por merecer.

- Pois espero que nunca leve para não saber o quão terrível aquilo é. Você não tem noção do que é ter algo a chocar a sua pele com o fundamente de dilacerá-la. Portanto, não me condene por não querer mais suportar esse tipo de violência contra o meu próprio corpo.

- Eu não estou condenando ninguém, mas a senhora não vai ficar nada bem quando souber que você não tá se alimentando.

- A senhora não tem nada a ver com isso. A senhora já controla o meu corpo, a minha liberdade, com o intenso sofrimento que tem me causado, hoje controla até os meus pensamentos, por não deixar que veja o meu filho. Não vai controlar o que tenho ou não tenho vontade de comer. Diz aquela escrava de forma direta, quando Josias fica calado.

Ao ver que aquela escrava estava recebendo tratamento da curandeira em seus ferimentos, Josias vai logo a falar com Scarlett. Ele sobe para o primeiro andar e percebe que ela estava a tomar um café na sala ao lado da cozinha, quando ele pede para falar com ela:

- Perdão senhora. Posso falar com a senhora um minuto.

- Sim, diga. Responde Scarlett em tom seco.

- É que Justina depois daquele dia que foi abusada por aquele monte de escravos não quer comer mais e está a ficar fraca. Eu estou com medo de que ela não aguente os castigos da senhora e morra antes da hora.

- Então quer dizer que Justina está a fazer birra dessa forma. Diz Scarlett em tom debochado. Quando complementa a sua fala, como se pensasse alto: - Eu vou mostrar pra ela como isso funciona de verdade. Amanhã eu mostro pra ela quem é que manda! Diz Scarlett em tom ainda mais sombrio.

- A senhora quer que eu faça alguma coisa? Questiona Josias.

- Não. Muito obrigado pela sua informação. Hoje estou muito cansada. Amanhã dou um jeito nisso. Pode voltar para o seu lugar e vigie aquela escrava, tudo que ela tiver fazendo. Se ela morrer, você já sabe.

- Eu sei sinhá. Ela num pode morrer não. Eu to de olho. Diz Josias ao sair em disparada em direção a senzala.

Aquele dia passa sem maiores acontecimentos.

Miss Scarlett e a escrava brancaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum