Miss Scarlett e a escrava branca

O restante do dia

Scarlett consegue almoçar tranquilamente naquele dia. Ela tinha certeza que qualquer ameaça de investigação por parte da inquisição, depois daquela conversa com o padre, tinha diminuído muito as suas possibilidades. O próximo passo era fazer uma grande doação a igreja, para afastar de vez qualquer possibilidade de problema e Scarlett faria isso assim que conseguisse vender pela primeira vez a sua produção.

Após o almoço ela chamou então Murilo. Ela queria ir até a senzala para ver o estado da sua grande desafeta. Os dois então descem até a senzala e Scarlett vê a curandeira, Josias e Justina na parte debaixo daquela casa.

Justina estava a dormir deitada de bruços naquele chão, quando Scarlett se aproxima e começa a observar aquela ferida que havia feito na semana anterior. Aquela marca já estava quase seca e curada naquele dia. As marcas, na concepção de Scarlett, haviam ficado muito bonitas no corpo daquela escrava. Agora estava claro para todos de que o corpo de Justina a pertencia. Aquilo trazia uma sensação de poder enorme a aquela senhora, que ficou muito feliz ao ver aquelas marcas do ferro quente com as suas iniciais nas costas daquela escrava.

Scarlett então questiona a curandeira:

- Como está a escrava?

- Ela está bem melhor senhora. Eu achei que ela não fosse suportar nos primeiros dias, mas ela foi se recuperando e agora está sem febre e sem dores. A ferida não inflamou e ela já está quase totalmente recuperada.

- Está pronta para mais uma? Diz Scarlett em tom irônico, o que assusta intensamente aquela curandeira e Josias, que conhecendo aquela senhora, fica apavorado com aquela fala, achando que aquela senhora estava a falar sério.

Nesse momento, Justina acorda e se senta, olhando para aquela senhora assustada.

- Estou vendo que você está bem melhor Justina. Diz Scarlett.

- Sim senhora. Eu já me sinto melhor. Estou com algumas dores ainda nas partes em que foram queimadas pela senhora, mas agora elas estão mais suportáveis.

- Eu não fiquei nada satisfeita com você naquele dia em que te puni. Você foi uma insolente naquele dia! Diz Scarlett de forma ameaçadora.

- Porque senhora? Questiona Justina sem entender o porque daquela fala de sua senhora.

- Você desmaiou antes que eu acabasse com o seu castigo. Não me respeitou nem enquanto estava a ser castigada por mim. Você merece ser queimada novamente por isso. Pois essa segunda queimadura não teve nenhum valor, já que você estava inconsciente.

Essa fala de Scarlett assusta a todos novamente. Josias fica com os olhos completamente arregalados. A curandeira se assusta intensamente. Justina fica praticamente em estado de choque, quando depois de um tempo ao ver que todos estavam em silêncio ela responde:

- Senhora, essa dor é tão terrível, que é completamente insuportável. Não há quem suporte o castigo que a senhora me deu. Um deles eu suportei. Ser queimada por duas vezes é algo insuportável. O meu corpo apagou. A dor foi tão extrema que fiquei apagada por um dia inteiro.

- Você que é uma fraca Justina. Diz Scarlett em tom severo quase a interromper aquela escrava. Quando complementa a sua fala: - Eu não sei como uma escrava tão fraca foi capaz de me afrontar daquela forma.

Justina prefere não dizer nada. Ela imagina que qualquer coisa que dissesse só poderia complicar mais a situação em que se encontrava.

- Não vai dizer nada sua escrava insolente?

- Não senhora eu não tenho direito de contrariar a senhora. A senhora tem razão em pensar assim. Responde Justina de forma totalmente submissa.

- Ainda bem que não me respondeu. Senão a colocaria no tronco hoje mesmo e lhe aplicaria um novo castigo com o ferro quente. Mas, já que você está a entender que é apenas um objeto meu, eu terei compaixão. Eu te perdoo por não ter ficado acordada enquanto te punia naquele dia. Hoje eu recebi a visita do padre e estou com o coração bom. Além disso, a deixarei que se recupere por mais algum tempo, para mostrar a você o quanto sou uma boa dona. Mas, não se acostume com a vida boa. Em duas semanas eu retomo os seus castigos e te demonstro quem é que manda nesse seu corpo!

- Sim senhora. Eu estarei preparada quando chegar a hora para que a senhora possa usar o meu corpo e castigá-lo assim como a senhora deseja.

- É assim que quero ver você Justina. Completamente escrava das minhas vontades. Alias, posição essa que você nunca deveria ter alterado em sua vida.

- Hoje eu sei disso senhora. Eu jamais deveria ter enfrentado a senhora. Esse foi o maior erro da minha vida e hoje me arrependo intensamente de ter feito isso.

- Que bom ouvir isso. Bem, tem duas semanas para descansar, daqui duas semanas iniciarei novamente os seus castigos, espero que esteja preparada.

- Eu estarei senhora. Diz Justina em resposta demonstrando um estado de completa submissão.

- Vamos Murilo, eu não tenho mais nada a fazer nesse lugar com esses escravos. Diz Scarlett.

- Sim senhora, podemos subir. Responde Murilo.

- Fico feliz que tenha suportado os meus castigos Justina. Eu ficaria muito triste em te perder antes de te castigar mais severamente e de ouvir de você aquilo que prometi a mim mesma que um dia ouviria.

- Eu sou sua senhora e quando não suportar mais, direi aquilo que a senhora deseja.

- Espero que esse tempo demore muito a chegar, pois estou adorando te ver sofrer vagarosamente, assim como sempre sonhei enquanto estava casada e não podia te castigar severamente.

- Eu sei disso senhora. O quanto eu suportar, farei isso, também para atender as suas vontades. Diz Justina de forma completamente submissa, como nunca havia agido em sua vida.

- Estou gostando de ver você dessa forma. Assim, quem sabe eu não tenho um pouquinho mais de compaixão de você e te mantenha viva por mais algum tempo.

- É tudo que mais desejo senhora. É viver e ter a oportunidade de ver o meu filho mais algumas vezes durante a minha vida. Reponde Justina.

- Viver você viverá enquanto eu quiser e suportar os meus castigos. Ver o seu filho novamente é que não vai conseguir. Porque eu, nem sendo extremamente misericordiosa como sou, não deixarei. Diz Scarlett demonstrando intenso poder em sua fala.

- Eu ainda tenho esperanças que a senhora possa me conceder essa graça senhora. Responde Justina.

- Dizem que a esperança é a ultima que morre não é. Espere! Quem sabe ela não morra depois de você! Diz Scarlett em tom irônico ao virar de costas e sair daquele local em direção as escadas. Deixando Justina desolada de tanta humilhação que sofreu naquele momento a chorar intensamente após a sua partida, por diminuir as suas esperanças de encontrar Artur novamente. 

Justina amava intensamente o seu filho e tudo que estava fazer para resistir a todo aquele sofrimento era na vontade de poder ver e abraçar pelo menos mais uma vez na sua vida o seu amado filho. Esse sonho estava a ficar mais distante após a fala daquela senhora, demonstrando que ela não teria essa oportunidade. A saudade de Justina estava a lhe causar uma dor extrema. Ela não sabia se iria suportar mais tempo sem ter contato com o seu amado filho.