O final daquele ano

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Ainda no dia 12 de dezembro de 1795, três dias após a travessia do Rio São Francisco realizada por parte de Artur e Pérola, dois trabalhadores de Scarlett e mais dois capturadores de escravos, finalmente chegam ao povoado de Bom Jesus e começam a questionar a aquele povo se eles haviam visto um casal branco como o do retrato falado andando por aquela região? Quando um daqueles homens diz que havia visto aqueles dois, que eles haviam passado naquele povoado há três dias e que haviam vendido os seus cavalos antes de atravessarem o rio.

Logo aqueles homens pedem para que eles os levem até o comprador do cavalo e aquele comerciante vai com eles até a casa do homem mais rico daquele povoado. Então eles verificam os cavalos e veem que eram mesmo os cavalos de Scarlett. Pérola e Artur fugiram naquela direção e estavam próximos daquela área. Imediatamente eles foram atrás dos canoeiros perguntar se eles viram para onde Artur e Pérola haviam ido e eles informaram que eles desceram o rio em direção a Minas Gerais pela sua margem. Aqueles homens pagaram eles a quantia oferecida por informações daquele casal e pediram um mensageiro para avisar a Scarlett a direção em que Pérola e Artur estavam. Logo, eles e mais uma legião de caçadores de recompensa daquele povoado atravessaram o Rio e foram em direção a capitania das Minas Gerais em busca daquele casal de escravos brancos.

Cada vez mais Justina e Francisco apareciam para aquela senhora vangloriando das ações tomadas pelo filho o que desestabilizava ainda mais Scarlett. Já haviam passado quatorze dias daquela fuga e aquela senhora não tinha nenhuma notícia daqueles escravos, quando ao escurecer o mensageiro após viajar com dois cavalos por dias e noites naquelas matas, chegou com o recado de que Pérola e Artur haviam sido vistos no povoado de Bom Jesus e desceram margeando o Rio São Francisco rumo ao Norte da Capitania das Minas Gerais. Scarlett pulou de felicidade naquele momento e deu um bom dinheiro a aquele mensageiro pelo recado.

Aquela fala foi escutada pela princesa que estava a passar ao lado do escritório. Ao ver a comemoração de Scarlett ela ficou muito preocupada. Se aquela senhora sabia o rumo em que Pérola estava, a sua captura era algo possível daquele momento em diante. A princesa sabia pela fúria demonstrada por aquela senhora naqueles dias, que se encontrasse aqueles escravos brancos, fatalmente ela os mataria, algo que preocupou muito o seu coração, pois ela aprendeu a amar Pérola depois de todo o cuidado que aquela escrava teve com ela desde que chegou naquela fazenda, tendo se tornado a sua grande amiga.

Scarlett chamou Tenório e contou pra ele a boa notícia, quando ele juntou mais cinco homens e naquela noite mesmo foi em direção ao Norte da Capitania das Minas Gerais, rumo ao Rio São Francisco, mais próximo de sua nascente, cortando o caminho até o local em que provavelmente Artur e Pérola estavam a se dirigir. Scarlett lhe deu uma verdadeira fortuna em moedas de ouro para que ele pudesse seguir com a expedição e pagar a recompensa a aqueles que passassem informação daquele casal e que efetivamente os capturasse. E então ele seguiu com uma fúria enorme, percorrendo mais de uma centena de quilômetros naquela primeira noite e madrugada com aquele grupo, em busca daqueles dois escravos brancos fugidos.

Sem o controle de Antônio sobre as finanças e se sentindo desafiada, Scarlett enviou outras expedições, mesmo após Tenório ter ido em direção ao local que Artur foi avistado a se dirigir, para que eles pudessem se juntar e percorrer um maior espaço quando chegassem a capitania das Minas Gerais. A medida que novos caçadores de recompensa iam chegando de suas buscas que estavam concentradas em outras regiões, Scarlett os dava algumas moedas de prata, para que eles fossem até a região em que, provavelmente, Pérola e Artur estariam, gastando ainda mais reservas de seus metais preciosos.

A aquela altura, no décimo quarto dia daquela fuga, Artur já havia saído da margem do Rio São Francisco e estava a caminhar para a região Centro-Oeste daquela Capitania, rumo a onde hoje fica o norte do Triangulo Mineiro, o que dificultaria ainda mais as buscas realizadas por aqueles homens. Com Artur já mais tranquilo, acreditando que por estar muito longe da Bahia, que estariam livres para sempre, ele começa a diminuir o ritmo da viagem e descansar com Pérola ao final de cada dia, em pousadas, muito comum na beirada dos trilhos, onde os tropeiros normalmente descansavam enquanto faziam as suas longas viagens. Caminhando menos quilômetros por dia e dormindo melhor em redes e outros lugares mais confortáveis, algumas vezes até com camas, eles estavam conseguindo descasar mais e aproveitar a viagem, estando muito felizes naquele momento em que a pressão por se distanciar das terras daquela senhora não eram mais tão grandes. A sensação de liberdade daquele casal e que estavam a caminhar para uma vida nova era cada vez maior. Aquilo os trazia uma felicidade enorme!

Miss Scarlett e a escrava brancaOnde histórias criam vida. Descubra agora