A história da intensa punição chega ao povoado

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Na terça-feira alguns fazendeiros e senhores da oligarquia do povoado ficam sabendo que Scarlett estava a punir os seus escravos de forma muito intensa e por horas, a partir da fala de um dos escravos daquela senhora, que se espalhou por aquele vilarejo como rastilho de pólvora.

Quando soube da notícia, um dos homens mais conservadores da região, Antônio Dias, grande fazendeiro e um dos homens mais influentes politicamente naquela região, logo se aproveitou dessa história para pressionar Scarlett. Eles sabiam que ela estava com ideias muito modernas para aquela época, inclusive, algumas pessoas diziam que ela queria administrar a sua riqueza sozinha, sem a ajuda de nenhum homem, algo que era muito mal visto naquele período.

Ele então juntou um grupo de homens sobre sua influência, alguns deles, solteiros e viúvos, interessados em se casar com Scarlett devido a sua riqueza e foi até o comandante da polícia local o questionar sobre as ações daquela senhora contra os seus escravos.

O comandante da pequena tropa daquele vilarejo, com 6 policiais, era Euzebio. Ele sabia muito bem os riscos que corria ao enfrentar os grandes fazendeiros que possuíam capatazes naquela região, em que a lei do mais forte, quase sempre imperava.

Então aqueles seis homens, de forma intimidadora, entram em sua sala e o questionam, através da fala de Antônio Dias:

- Senhor comandante, ficou sabendo que uma senhora está a castigar os seus escravos de forma cruel por horas no tronco de sua fazenda?

Euzébio fica um pouco assustado enquanto pensava no que dizer, ouve um segundo senhor, fazendeiro influente, chamado Carlos Garcia a falar:

- Senhor, ficamos sabendo que a viúva Scarlett está a fazer coisas absurdas com os seus escravos. Que ela juntou todos em seu tronco e espancou-os por mais de duas horas e meia. Isso é um absurdo! Afirma aquele senhor, viúvo, de mais ou menos 55 anos, muito interessado naquela rica mulher.

Os outros senhores presentes, começam a pressionar e há um barulho intenso naquela sala com várias vozes tentando falar ao mesmo tempo, sem que ninguém pudesse entender nada. Quando então Antônio Dias, o líder do grupo grita de forma ríspida:

- Silêncio. E todos param imediatamente, quando ele continua a sua fala: - Nós queremos saber qual a providência que o senhor vai tomar comandante Euzebio? Queremos saber se o senhor é a autoridade dessas terras ou não é? Questiona aquele senhor em tom intimidador.

O sargento que até aquele momento não havia dito nada ainda. Assustado, pois sabia que aqueles senhores tinham um poder enorme, conhecia a fama de má de Scarlett e que ela tinha contratado os dois melhores atiradores de toda a região para ser os seus matadores de aluguel, com medo, questiona:

- Mas não há nada de mal em punir escravos, todos fazemos isso. Até eu faço com os meus. Diz aquele homem demonstrando intenso nervosismo.

- Meu senhor, todos sabemos que há limites nas punições aos nossos escravos. A coroa só aceita que escravos recebam no máximo 80 chibatadas, o que é um número muito grande e que poucos resistem. O que Scarlett fez foi muito terrível. O senhor não deve ter visto a fala de quem estava presente. Ela usou todo o seu poder e puniu escravos de forma completamente desproporcional. Diz o senhor Gilberto, outro fazendeiro conhecedor das leis da coroa.

- Eu não ouvi mesmo quem estava lá e presenciou essas punições. Por isso não tenho como saber se ela ultrapassou esses limites ou não. Eu acredito que a senhora Scarlett não iria ir contra as leis. Diz aquele comandante tentando apaziguar as coisas.

- Se o senhor não sabe então cabe uma investigação. E queremos que o senhor faça isso imediatamente. Diz Antônio Dias de forma direta.

- Eu conversarei com a senhora Scarlett e verei o que aconteceu para ela agir dessa forma. Se ela ultrapassou os limites usarei o rigor da lei, se não, está tudo certo. Não há nada a ser feito. Diz o comandante.

- Se o senhor não quer fazer a sua parte, nós fazemos. Diz Antônio Dias se mostrando insatisfeito com o posicionamento de Euzebio, quando complemente: - Nós vamos convocar aquela senhora para uma audiência na câmara do vilarejo.

Essa Câmara existia para resolver as questões internas da região. Era formada pelos principais fazendeiros locais e tinha o poder de convocar as pessoas para a resolução de problemas ou  possíveis crimes. Caso alguém fosse intimado e não comparecesse ou em seu depoimento fosse descoberto algum crime, essa pessoa poderia receber voz de prisão dos seus membros e seria julgada por um juiz que viria da comarca da cidade mais próxima para fazer o julgamento. Entretanto, esse juiz normalmente era muito amigo desses grandes fazendeiros. Para prender Scarlett e condená-la, tudo que esses senhores precisavam fazer era arrumar um crime para ela nessa audiência e eles sabiam disso.

Então eles deixam a intimação para a reunião com o comandante, para que ele, em sua conversa que prometeu ter com Scarlett a entregue a intimação para que ela compareça a essa câmara da cidade na quinta-feira.

Sem ter muito o que fazer, o comandante vai até a casa daquela senhora para lhe dizer o que estava a acontecer e lhe entregar a intimação.

Miss Scarlett e a escrava brancaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora