Um novo encontro de Catarina e Pérola

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Catarina, ao ver que a sua dona saiu e estando muito chateada com Pérola, resolve ir ao seu quarto tirar satisfação com ela. Após subir as escadas, ela encontra a porta do quarto da escrava branca aberta e entra de forma abrupta já gritando:

- Porque está a arrumar o seu quarto quando deveria estar a arrumar o quarto da nossa dona?

- Catarina, me deixe em paz. Eu estou trabalhando aqui enquanto Maria está a arrumar o quarto da nossa dona.

- Quer dizer que você acha que Maria é uma escrava de segundo nível e coloca ela para arrumar o quarto de nossa dona enquanto você está a arrumar o seu?

- Nós revezamos Catarina. Um dia eu arrumo, no outro ela arruma o quarto da nossa dona. Nós trabalhamos assim. Em regime de igualdade. Eu não gosto de ter regalias. Nós duas somos mucamas da senhora Scarlett e trabalhamos de forma igual, em regime de cooperação.

- Não venha com esse papinho para cima de mim não Pérola, que eu sei que não é assim. Você se acha especial por ser branca. Você está de olho no meu homem por ser branca como ele. Mas, ele já me disse que gosta é das negras. Ele gosta é de mim.

- Pois bem. Eu estou muito feliz por isso. Será que agora você pode sair do meu quarto que eu estou a arrumá-lo? Diz Pérola de forma direta.

- É assim que você me trata Pérola? Você não me engana escrava, eu sabia que você sempre se achou superior. Mas, também, desde que chegou nessa casa já teve logo um quarto para você, não poderia ser diferente.

- Catarina, eu vou ser sincera com você. Eu não estou aqui porque quero e sim porque a minha dona quer. Eu estou do lado da nossa dona o tempo inteiro e já fui mais castigada nessa casa desde que cheguei do que qualquer outra escrava aqui. Desde que cheguei, por exemplo, você não sofreu nenhum castigo e eu já sofri vários. A única vantagem real que tenho é esse quarto, mas, sinceramente, eu não me importaria de dormir na senzala, como você! Quer trocar comigo? Questiona Pérola demonstrando nervosismo em sua fala.

- Você só fala isso porque sabe que a nossa dona jamais aceitaria. Retruca Catarina.

- Pois se ela aceitasse eu acharia ótimo! De verdade, não estou mais a suportar ficar morrendo de medo da nossa dona toda vez que ela chega sabendo que ela pode virar pra mim e querer me castigar a qualquer momento, eu tendo feito alguma coisa de errado ou não. Longe dela, ela, pelo menos, pode me esquecer assim como você. Reafirma Pérola demonstrando uma ira ainda maior.

- Não seja hipócrita Pérola. Eu sei que você não pensa isso de verdade. Diz Catarina demonstrando nervosismo em sua fala.

- Pergunto de novo, quer trocar? Se quiser eu proponho isso para a minha senhora imediatamente.

- Repito que você só diz isso porque sabe que ela jamais aceitaria, porque ela te comprou pra ser uma escrava de luxo e quer você ao lado dela.

- Como te disse Catarina, se for avaliar bem eu só tenho desvantagem com isso. Enquanto você está a arrumar a casa e trabalhar na cozinha eu estou diretamente a trabalhar com a minha dona, correndo muito mais risco de ser castigada por ela. E vou dizer a você ela não economiza quando o assunto e castigar. E bate de verdade! Se quiser trocar comigo para dividir um pouco as punições eu aceito.

- Se você apanha da nossa dona é porque não sabe cuidar dela direito. Se fizesse tudo certo não seria castigada. Eu sim saberia cuidar da nossa dona. Eu te garanto que não cometeria nenhum erro para ser punida como você. Nós temos uma ótima dona é só você que não reconhece isso e é exatamente você que tem as maiores regalias.

- Acho que você não viu que ela me castigou a um tempo atrás sem eu ter feito nada não foi?

- Você mereceu. A afrontou quando ela propôs o castigo. Não sabe o seu lugar de escrava nessa casa. Merece mesmo ser castigada. A nossa dona fez muito bem! Diz Catarina a provocar Pérola.

Pérola engole seco naquele momento. Pela primeira vez ela ficou revoltada com Catarina. Era uma injustiça ela ter apanhado daquela forma e ainda ter uma escrava a dizer que a sua dona estava certa ao castigá-la sem nenhum motivo. Então, ela perde a cabeça e começa a gritar com Catarina:

- Você é uma invejosa Catarina. É isso que você é! Não se aguenta porque não consegue ter aquilo que deseja e fica a invejar as pessoas que acha que tem mais do que você! Inveja é muito feio! Diz Pérola demonstrando imenso nervosismo.

- Não grite comigo escrava.

- Saia do meu quarto agora Catarina! Eu não quero mais você aqui! Grita novamente Pérola de forma ainda mais extrema.

- Quem disse que esse quarto é seu? Essa casa é da nossa dona e assim como você pertence a ela, esse quarto também a pertence. Retruca Catarina.

- Então saio eu! Diz Pérola revoltada a caminhar em direção a porta de saída, quando Catarina a segura pelo braço e diz:

- Eu não vou aceitar que você chegue perto de Artur. Entenda bem, se chegar perto dele eu acabo com a sua vida!

- Eu não tenho nada com Artur. Se ele é seu e de nossa dona, que vocês duas façam bom proveito.

Então Maria chega no quarto e separa as duas, questionando imediatamente:

- O que está acontecendo aqui?

Antes que elas respondam, uma outra escrava chega em frente a porta, depois de escutar aquela gritaria e diz:

- Se a nossa dona souber que vocês estão arrumando esse escândalo, ela vai castigar as duas. Se comportem vocês duas.

Pérola e Catarina se assustam depois de imaginarem o risco que estavam correndo de serem castigadas e então Catarina diz:

- Eu já estava de saída, mas estou de olho em você viu escrava! Diz ela ao sair daquele quarto, indo em direção as escadas.

Assim que ela sai com a outra escrava, Maria questiona para Pérola o que ocorreu e a escrava branca responde que perdeu a cabeça com as acusações de Catarina, que precisava se controlar melhor das próximas vezes. Maria aconselha que ela mantenha a calma, pois sabe como Scarlett gosta de castigar os escravos, até mesmo quando não tem motivos, ainda mais com motivos aparentes. Se ela souber de alguém que as duas estavam a brigar ou se ouvir as duas aos berros daquela forma, certamente aplicará as duas um severo castigo. Aquela fala faz Pérola sentir um frio na barriga, de tanto medo, o que a faz entender de forma ainda mais profunda que precisava controlar mais quando fosse provocada daquela forma.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now