O encontro de Pérola e Maria

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Na semana seguinte a aquele castigo, na terça-feira, Maria estava recuperada e conseguiu retornar ao trabalho. Depois de arrumar o quarto de sua dona, ela foi ao primeiro andar, quando encontrou Pérola com um semblante extremamente sério e preocupado. Maria então sorri para a sua grande amiga, demonstrando que não estava chateada com ela.Pérola fica um pouco menos triste ao ver aquela reação de Maria.

Na parte da tarde, Scarlett foi para o vilarejo e Maria pôde pela primeira vez ir ao quarto de Pérola para conversar com ela:

- Você está bem minha amiga? Diz Pérola a abraçá-la com cuidado para não tocar as suas costas.

- Eu estou bem melhor Pérola. Quase totalmente recuperada.

- Você fez tudo isso para me proteger! Diz Pérola a cair lágrimas nos seus olhos, demonstrando imensa emoção pelo ato de coragem e lealdade da sua melhor amiga.

- Como você sabe que tudo isso foi para te proteger?

- Eu suspeitei, quando no primeiro dia não me deixaram te ver. Está acontecendo alguma coisa estranha nessa casa.

- Scarlett descobriu de alguma forma que você pode estar a se relacionar com Artur, Pérola. Ela me castigou para que confirmasse isso para ela.

- E você aguentou toda aquela dor e não disse a ela o que ela queria saber?

- Claro que não, acha que iria entregar a minha melhor amiga! Diz Maria com um sorriso no rosto.

- Eu não sei como te recompensar por um ato de tamanha lealdade Maria.

- Que nada Pérola, eu faria tudo de novo. Você é a minha melhor amiga. Eu jamais te entregaria a nossa dona, sabendo que ela não teria piedade de você.

- Você é a melhor amiga do mundo, sabia! Diz Pérola a abraçar novamente Maria, ainda emocionada.

- Mas, acho que você precisa acabar com esse caso com Artur. Já sabemos as possíveis consequências que isso vai te trazer caso Scarlett descubra. Ela quase me matou apenas porque desconfiava que eu não estava a dizer a verdade. Eu não quero nem pensar o que ela faria com você se descobrisse isso.

- Eu também não posso imaginar amiga. Temos mesmo que parar com esses encontros. De hoje em diante eu não vou mais me relacionar com Artur. O que estávamos fazendo era uma loucura. Eu não vou mais cometer um ato tão temerário. Diz Pérola de forma decidida, quando algumas lágrimas começam a cair dos seus olhos, demonstrando que ela estava com o coração partido por não poder se relacionar com o amor da sua vida.

Maria tenta consolá-la, dizendo:

- Vai ficar tudo bem Pérola. Vai ficar tudo bem!

- Muito obrigada Maria. Muito obrigada por ter salvo a minha vida! De hoje em diante, não importa o que aconteça, eu devo tudo a você. Scarlett provavelmente me castigaria até a morte, se descobrisse que estou a me relacionar com Artur, depois de ela ter proibido qualquer escrava de se relacionar com ele.

- Pérola, eu não tenho dúvidas disso. Pela severidade que ela me castigou, provavelmente, ela te mataria mesmo. Portanto, você precisa mesmo se afastar de Artur.

- Você está certa amiga. Eu vou me afastar de Artur de uma vez por todas! Muito obrigada por tudo! E você está mesmo melhor?

- Estou sim. Foi o pior castigo que já levei na vida. Mas, estou bem melhor agora.

- Eu posso imaginar. Scarlett estava incontrolável. Eu rezei muito para que suportasse tamanha severidade da nossa dona.

- Eu senti forças vindo mesmo de algum outro lugar minha amiga. Provavelmente era uma energia sua que estava chegando de alguma forma para que eu suportasse tudo aquilo. Mas, já passou, agora estou bem. Diz Maria demonstrando animação.

- Me perdoa por ter te feito passar por tamanho sofrimento?

- Não precisa pedir perdão. Aconteceu. Isso não foi culpa sua. Eu tenho certeza que se pudesse evitar, teria evitado.

- Com certeza sim amiga! Eu te amo!

- Eu também te amo Pérola.

Dizem aquelas duas, quando se abraçam novamente, demonstrando toda a união e amizade que existia entre elas. As duas conversam sobre outros assuntos e depois de alguns minutos, elas vão realizar os seus trabalhos, uma em cada parte daquela casa.

Naquele mesmo dia, Scarlett estava a andar pelas ruas do vilarejo quando viu Juliano distante. Ela parou por um momento em meio a uma pequena praça que havia naquele centro urbano e ficou a observar aquele rapaz que estava encostado na parede a ver o movimento.

Scarlett tenta relembrar em sua memória quem aquele jovem parecia. Em sua cabeça, ela tinha certeza que já viu alguém parecido em sua vida, mas não conseguia relembrar quem. Ela olhava fixamente para Juliano. Quando aquele jovem percebeu aquele olhar fixo de sua desafeta, com medo de que ela o reconhecesse, ele logo entrou na hospedaria.

Imediatamente após Scarlett ver que aquele jovem saiu depois que percebeu que ela estava a observá-lo, ela diz a Tenório:

- Eu não sei porque, mas tenho uma séria impressão de que esse Juliano tem algo contra mim.

- O que te faz pensar isso senhora?

- Eu olhei para ele e logo que ele percebeu, entrou para a hospedaria.

- Deve ser impressão sua senhora.

- Não. Não é impressão. Esse rapaz me é familiar. Eu só não estou conseguido puxar na memória com quem ele se parece, mas, eu tenho a impressão de que ele parece com alguém muito familiar.

- Sinceramente eu não me recordo de ninguém parecido com ele senhora. Responde Tenório.

Após aquele diálogo, os dois partem daquele vilarejo em direção a fazenda.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now