Scarlett visita Josefa

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Semanas depois daquela intensa briga, quando já estava quase totalmente recuperada, Scarlett foi a casa de Josefa, que novamente se surpreendeu com o estado de seu rosto, que ainda estava com marcas roxas.

- O que foi isso Scarlett? Francisco te bateu de novo? Questiona Josefa.

- Não senhora, muito pior do que isso. Aquela escrava me bateu dessa vez. Diz Scarlett demonstrando intensa vergonha.

- Eu não acredito nisso! Esse mundo está mesmo totalmente virado. Como deixou uma escrava te surrar dessa forma? Questiona Josefa.

- Na verdade eu fui pra cima dela, mas como ela está acostumada a brigar mais do que eu, ela me bateu bastante. Diz Scarlett quando foi interrompida.

- E ninguém fez nada para separar isso? Questiona Josefa.

- Aquela mulher hoje é quase dona daquela casa. Francisco deu todo o poder para ela. Ela gritou para que nos deixassem brigar e todos ficaram olhando ao nosso redor, sem nenhum movimento. Acredita? Questiona Scarlett assustada.

- E porque você não pediu para que eles entrassem e separassem vocês ao ver que estava a perder na briga? Questiona Josefa.

- Eu não iria me humilhar a esse ponto. Diz Scarlett.

- Realmente isso ficaria mesmo muito feio para você. E o que você fez? Questiona Josefa.

- Peguei uma barra de ferro que estava no chão e a acertei a traição, fui para cima dela novamente e ela tentou se esquivar, deitada, desesperadamente, depois de muito bater em seu corpo eu conseguir acertar, pelo menos umas três vezes em sua cabeça, foi quando ela caiu igual uma abóbora podre, desmaiada. Nesse momento, fui para cima dela para matar de vez aquela escrava, mas os trabalhadores e escravos que observavam a briga me separaram. Diz Scarlett ofegante ao lembrar com intensa raiva daquele contexto. Quando então Josefa responde:

- Eu não acredito que eles fizeram isso?

- Fizeram. Eles sabiam que Francisco está completamente apaixonado por aquela escrava e se eu a matasse, que ele poderia matar todos eles. Para falar a verdade foi melhor assim. Ele certamente poderia querer me matar também. Ele já disse que faria isso caso eu atentasse contra a vida de sua escrava favorita. Diz Scarlett.

Josefa coloca as suas mãos na boca demonstrando incredulidade perante a aquela situação. Ela nunca tinha visto uma realidade nem parecida com a que vivia a sua melhor amiga, mesmo sendo uma senhora extremamente experiente.

- Bem eu não vejo outra saída para você Scarlett, sendo surrada pela própria escrava! Isso para mim já passou de todos os limites aceitáveis. E o pior, eu já disse que isso iria acontecer com você quando veio até aqui em casa da última vez e me contou o que ela havia incentivado o seu marido a lhe bater ainda mais. Eu acho que você está a correr risco de vida em sua casa. O seu marido e essa escrava podem estar planejando te tirar do caminho. Diz Josefa.

- O meu pai foi muito esperto. Para garantir que ele cuidasse de mim por toda a minha vida, o meu pai colocou no contrato de casamento, que metade da fortuna, enquanto ele estivesse vivo, estaria alienada a ele, portanto, caso eu morra hoje, metade da fortuna volta ao meu pai. Descontrolado como é Francisco, se ele não está conseguindo manter as suas finanças nem com a fortuna inteira que meu pai lhe deu, imagina com metade dela. Ele sabe que perderá o padrão de vida. Acho que não tentaria isso. Diz Scarlett.

- Se o seu pai fez isso. Ele pensou muito bem. Por esse lado, acho que você tem razão. Mas continuo achando que você só conseguirá ter uma vida digna novamente, depois que tirar o poder do seu marido e só há uma forma de fazer isso. Caso opte por esse caminho, você ainda teria aquela escrava em suas mãos para cumprir o seu maior desejo, a de se vingar por todo o sofrimento que ela fez e está fazendo você passar. Diz Josefa.

- Penso nisso todos os dias. Todos os dias penso, em como fazer uma pessoa sofrer ao extremo, o mais extremo possível. Como aplicar tudo o que a minha imaginação for capaz de criar para fazer alguém sofrer na vida, caso eu consiga ter o meu poder de volta. Diz Scarlett com um olhar envolto de ódio, ao pensar em ter novamente o poder sobre a vida de Justina.

- É assim que se fala Scarlett, agora estou vendo uma mulher de fibra. Diz Josefa de forma agitada.

- Sim. Mas a vingança é um prato que se come frio. Hoje ela está protegida pelo meu marido e seria inútil eu tentar qualquer coisa contra ela. Vou tentar me esquivar nos próximos meses e ver se ela me deixa em paz. Quando tiver uma oportunidade, a mostro que ela é apenas uma escrava. Minha escrava, da forma mais cruel que alguém já demonstrou por essas terras. Diz Scarlett de forma direta e decidida.

- Eu estarei aqui para ver esse momento. Eu tenho certeza que vai recuperar o seu poder minha amiga e cumprir esse seu grande desejo.

- Hoje eu vivo em prol desse objetivo senhora. Tudo que mais quero nessa vida é demonstrar para aquela escrava, da pior forma possível imaginável, que ela é apenas uma escrava, um objeto, meu objeto! Diz Scarlett ao colocar a sua mão em punho, a fechando com toda a força, demonstrando o quanto queria ter a oportunidade de castigar sem limites aquela escrava.

Então a conversa continua e depois de um longo tempo Scarlett se despede de Justina e se dirige para a sua casa. Depois daquele acontecimento, os meses passam e parece haver um pacto tácito de não agressão da parte de Justina e também de Scarlett. As duas se cruzam pela casa, mas uma nem consegue olhar mais para a outra. Justina estava com medo e Scarlett estava com extremo ódio após sofrer toda aquela humilhação de uma escrava. E assim a vida das duas ia seguindo sem maiores transtornos.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now