O Domingo do acerto

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No domingo, Scarlett acorda extremamente feliz. Para ela hoje seria um belo dia. Ela sentia um prazer enorme em ver o sofrimento alheio e hoje certamente ela deixaria, pelo menos, 300 escravos em meio a uma enorme expectativa quanto a sua produtividade, que só seria dita após a punição do primeiro grupo que seria castigado por não cumprir a produtividade proposta no novo regime.

Scarlett vai logo tomar o café da manhã quando vê a movimentação distante dos seus capatazes e demais trabalhadores da fazenda, indo em direção as senzalas para recolher os escravos. As cozinheiras estavam a trabalhar desde muito cedo, para preparar aquele enorme banquete proposto por aquela senhora.

Depois de tomar o seu café, ela foi então ao seu quarto para se arrumar. Ela gostava de se mostrar bastante imponente naquelas ocasiões para os seus escravos, tentava sempre demonstrar a sua força e poder. Afinal de contas, a parte final do espetáculo, conforme Scarlett definia, seria protagonizado por ela mesma.

Aos poucos aqueles grupos de escravos iam chegando e se posicionando. Estrategicamente os grupos um e três, que cumpriram as metas, foram colocados na sombra, deixando o grupo dois para ficar no sol assim que chegassem, conforme Scarlett havia ordenado.

Ela chamou então os escravos que trabalhavam na casa, exceto as cozinheiras e algumas escravas que estavam a ajudar na arrumação do banquete. Justina também foi chamada e ficou amarrada em uma cadeira ao lado oposto da sua senhora. Quando os escravos a viram ficaram impressionados com o seu estado. Sempre muito bela e elegante enquanto estava com Francisco, aquela escrava estava acabada naquele momento. Parecia que havia envelhecido uns dez anos em pouco mais de dois meses, estava extremamente magra e com um semblante de profundo sofrimento.

Scarlett gostava que os escravos a vissem dessa forma. Pois, isso ainda dava mais vazão ao imaginário deles de que sua dona era invencível e que eles jamais poderiam ousar contrariá-la ou enfrentá-la, pois, Justina, que tentou, estava sentindo a amargura de um sofrimento profundo.

Quando todos os escravos chegaram e Scarlett já estava sentada, ela tomou o centro daquele espaço, um pouco a frente de onde estavam posicionados aquele três troncos e ao lado de Antônio, começou a falar, enquanto os dois olhavam para os rostos daqueles escravos, todos sentados e amarrados aos grilhões, demonstrando estarem ansiosos para saber o que estava por vir.

Nesse momento, apenas o grupo 2 estava no sol, que ainda era bem pela manhã e não os aquecia muito a ponto de que eles sentissem muito calor. Quando então Scarlett começou a se pronunciar, falando alto, de forma que todos podiam ouvir:

- Bem escravos. Como eu disse, ao final de cada mês nós faremos um balanço da produtividade de cada um dos grupos e aquele que não cumprir aquilo que foi planejado será castigado, pelo número de chibatadas que faltar de produção. Nós vamos falar um resultado de cada vez. Ao final do castigo de cada grupo nós falaremos o segundo resultado e depois o terceiro. Nesse momento os escravos estavam de olhos totalmente arregalados, alguns mais jovens e fracos estavam a tremer de medo intensamente. Quando Scarlett continua: - O grupo do centro, que é o grupo dois, eu quero que vocês tragam eles aqui ao lado dos troncos. Esse grupo será o primeiro que darei o resultado. Eles ficaram com uma produção de 93 e teriam que ter tido uma produção de 100, portanto cada escravo levará 7 chibatadas no dia de hoje.

Nesse momento, aqueles escravos ficam perplexos e começam a reclamar daquela marcação. Os demais escravos muito apreensivos sem saber se seriam punidos, preferem ficar quietos e em silêncio, quando em meio aos protestos Scarlett grita:

- Silêncio. Se vocês não ficarem calados e organizados agora eu dobro o castigo de cada um de vocês. Naquele momento os escravos ficaram extremamente preocupados e com o intenso medo todos se calaram, voltando a ficarem quietos e sentados. Quando aquela senhora continua: - Eu quero que vocês levantem vagarosamente e vêm andando em fila, na ordem que vieram das senzalas. Se fizerem algum movimento errado ou barulho, eu dobro o castigo de vocês. Se fizerem de novo eu dobro de novo. Eu estou doida para que vocês apanhem muito mais para aprenderem a respeitar as minhas ordens. Sinceramente, é uma pena que a produtividade de vocês não foi pior. Diz aquela senhora em tom de sinceridade, deixando todos aqueles escravos ainda mais perplexos e assustados.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now