O sábado

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No sábado, Murilo acorda muito feliz. Abre a janela do seu quarto e vê os pássaros a voar e cantar. A liberdade que aqueles animais tinham, era o que ele previa ter com Justina naquele dia.

Ele então faz o seu lanche da manhã e vai ao porão para ver como a sua grande paixão estava. Quando diz a Justina:

- Justina, a sua dona quer que eu a leve para tomar sol hoje. A curandeira disse que tomar sol vai lhe fazer bem e lhe deixar mais forte para aguentar os novos castigos que ela pretende ministrar em você.

Justina achou tudo aquilo muito estranho. Em sua cabeça ela estava a pensar como Murilo conseguiu convencer Scarlett a deixá-la sair com ele. Muito assustada com aquela ótima notícia, Justina responde tentando disfarçar, em meio aos outros escravos e, principalmente de Josias, que ela sabia que falava de mais e poderia comentar alguma coisa para Scarlett caso ela demonstrasse felicidade. Quando ela diz:

- Como é má a minha senhora. Querer que eu cuide da minha saúde para ficar mais forte e aguentar ainda mais os seus castigos severos. Eu não quero isso. Eu quero ficar aqui nesse porão até o fim dos meus dias. Diz ela de forma teatral o qual ninguém desconfiaria que ela queria exatamente o contrário e já havia entendido o recado dado pelo seu amado.

- O pedido da nossa patroa é uma ordem. Eu cumpro tudo que ela ordena Justina. E eu mesmo serei o primeiro a te castigar, caso seja insolente ao ponto de questionar uma ordem da minha patroa. Diz Murilo tentando passar credibilidade em sua fala, o que assusta todos que estavam presentes, inclusive, Josias.

- Perdão senhor. Perdão pela minha insolência. Por favor não transmita essa fala minha a minha dona, pois ela pode ficar ainda mais irritada e me castigar ainda com uma fúria maior. Perdão senhor.

- Eu perdoo e não vou dizer nada a Scarlett, mas, hoje atarde esteja preparada. Lhe castigarei, lhe fazendo caminhar por muitas léguas por esses pastos, para que aprenda a não questionar uma ordem da nossa dona.

Então Justina fica com um olhar triste e Murilo caminha saindo daquele espaço com uma passada severa, demonstrando estar irritado. Aqueles dois por dentro estavam a sorrir intensamente daquela situação em que apenas eles haviam entendido do que se tratava. A felicidade dos dois era algo irradiante.

Josias assustado então diz para Justina:

- Depois de tudo que te aconteceu, você ainda fica a questionar as ordens da nossa dona. Quer morrer é?

- Eu falei sem pensar Josias, eu não vou mais fazer isso. Responde Justina.

- É bom mesmo. Porque eu não aguento mais rezar para que fique boa de novo.

- Eu vou me cuidar. Eu prometo. Diz Justina tentando encerrar aquela conversa.

Ainda na parte da manhã daquele dia, Scarlett chama Tenório ao seu quarto, pois queria ter uma conversa particular com ele:

- Olá Tenório, tudo bem com você?

- Tudo bem minha patroa e com a senhora?

- Eu estou bem também. Mas, estou um pouco desconfiada. Eu posso confiar no senhor? Eu preciso me abrir com alguém! Diz Scarlett demonstrando intensa confiança naquele homem que era pago para a protegê-la.

- Claro senhora. Pode confiar em mim o tempo todo. Além de ser seu funcionário eu gosto muito da senhora e tenho total lealdade.

- Eu estou a gostar de um homem da nossa fazenda.

- Mas, isso é muito bom senhora. Fico feliz que tenha encontrado um amor.

- Eu estou gostando do Murilo. Eu não sei o que acontece comigo, mas quando o vejo o meu coração bate mais forte, eu começo a suar intensamente. Eu acho que estou como os livros dizem que ficamos quando estamos apaixonadas. Diz Scarlett com um sorriso carinhoso em seu rosto.

Miss Scarlett e a escrava brancaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora