O sábado

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No sábado Scarlett acorda logo pela manhã e vai tomar o seu café, acompanhada de Antônio que naquele dia havia prometido lhe mostrar o balanço da produtividade dos escravos no primeiro mês de trabalho no novo regime. Ela então questiona para ele:

- Olá Antônio, como foi a produção final dos escravos nesse mês?

- Foi muito boa senhora. Dos três grupos, apenas um não cumpriu com a produtividade ordenada pela senhora. O grupo 1 atingiu 110% do proposto. O grupo 2 de escravos, que ficaram na parte da sua fazenda, não conseguiu cumprir a proposta e com os trabalhos de hoje devem chegar a 93% do que a senhora colocou que eles deveriam fazer. O grupo 3, que ficou na parte das terras que pertenciam ao seu pai, teve a maior produtividade, atingindo 140% do que estava proposto para eles. A nossa produtividade geral foi muito maior do que o esperado senhora. Com esse avanço na produção, rapidamente vamos recuperar todos os investimentos dos últimos meses, com uma projeção de aumento de suas riquezas muito grande para os próximos anos.

- Muito bom! Diz Scarlett com um olhar sombrio ao pegar uma xícara de café e tomar um pouco dele, colocando-a de volta sobre a mesa. Quando complementa: - Eu quero a lista de todos os escravos que fazem parte desse grupo dois. Amanhã todos eles irão para o tronco. Os demais, terão mais comida e um tempo maior para descansar na semana que vem. Lhes darei o sábado e o domingo, já que amanhã eles perderão parte do dia para ver o castigo daqueles que não completaram os resultados solicitados. Diz aquela senhora com um semblante frio.

Antônio se assusta com a fala daquela senhora. Castigar 100 escravos depois de toda aquela produtividade, exagerada no total, era algo que ele não esperava. Mas, ele prefere não contrariar aquela senhora, questionando apenas:

- A senhora quer que eu traga todos os escravos para o pátio da fazenda amanhã para que eles assistam os escravos a serem punidos novamente como foi no mês passado?

- Sim. É exatamente isso. E digo mais. Eu não quero que você dê nenhum resultado a eles da produtividade de nenhum dos grupos. Eu quero vê-los na expectativa. Assim eles ficarão ainda com mais medo de serem castigados. E pensarão duas vezes em não trabalhar nos próximos meses. Só depois que castigar todos esses escravos com 7 chibatadas cada um, conforme prometi, que contarei aos demais que eles cumpriram o que estava planejado, os chamando para um banquete na parte de trás da fazenda. Para mostrar que não sou má, eu convidarei também os escravos punidos, mas só depois que os outros comerem. Antes disso, eles ficarão amarrados aos seus grilhões na parte da frente, embaixo do sol, para aprenderem que devem trabalhar melhor para terem direito a benefícios. Compre os animais necessários e os mantimentos para esse banquete, quero que os meus escravos tenham o melhor almoço que já tiveram na vida. Assim eles terão muito mais ânimo para trabalhar no próximo mês e cumprirem com aquilo que foi lhes passado.

- Sim senhora. Assim será. Vou providenciar tudo. A senhora precisa de mais alguma coisa?

- Não. Os outros pontos do dia de amanhã será surpresa. Essa parte eu quero acertar com Murilo e os outros capatazes. Não se preocupe que amanhã não haverá delongas como naquele dia. Chicotear um escravo de cada vez, realmente é muito cansativo. Eu estava cansada de ver aquilo. Amanhã eu ordenarei que se castigue três de cada vez. Assim tudo será mais rápido. Diz aquela senhora com um semblante totalmente sério, sem demonstrar nenhum sentimento de compaixão pelo sofrimento daqueles escravos.

- Sim senhora. Começam essas punições as 9 da manhã como foi da última vez?

- Sim. Na parte final é que farei um espetáculo para que eles jamais afrontem as minhas ordens. Na punição dos escravos, quero apenas que eles saibam que eu não vou perdoá-los caso eles não cumpram aquilo que foi estipulado. Foi muito bom esse grupo não ter conseguido. Assim ele serve de exemplo para que os demais não façam corpo mole. Com sete chibatadas, esses escravos poderão trabalhar na segunda-feira normalmente. A dor não os impedirá. Isso também é muito bom! Tenho certeza que na segunda-feira eles trabalharão muito melhor e com mais agilidade. Diz aquela senhora novamente com um tom frio.

- Certamente senhora. Responde Antônio engolindo seco. Ele não imaginava a dor que aqueles escravos sentiam a cada chibatada daquelas no tronco. Receber sete, o assustava ainda mais e ele tinha muita pena daquele grupo de escravos, que era formado por muitos adolescentes e alguns senhores já com a idade mais avançada. Esses sim sofreriam ainda mais intensamente esses impactos. Mesmo sendo poucos na visão de Scarlett, para Antônio isso era um sofrimento terrível.

Naquele dia Scarlett conversa com os capatazes e com os seus dois matadores de aluguel Murilo e Tenório, fazendo o planejamento completo de como seriam as atividades do dia seguinte. Logo na manhã de domingo às 8:00 horas, foi combinado que aqueles capatazes iriam a senzala, armados, junto com os matadores de aluguel e outros trabalhadores de fazenda, prenderiam aqueles escravos aos grilhões e os levariam, em três grupos, ao pátio da fazenda, onde ficavam aqueles três troncos para serem repassados os resultados finais da produção daquele mês. Depois dessa conversa, já no final da tarde quando os escravos haviam se recolhido para o descanso, Scarlett vai para o seu quarto animada, por saber que no outro dia ela sentiria um prazer enorme em ver aqueles escravos novamente em sofrimento profundo, graças ao poder que ela tinha sobre os seus corpos, e, em certa medida, também sobre as suas mentes.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now