CAP. 11 - Jantar Corrosivo

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As comidas estavam dispostas sobre a mesa em cada lado dela, tendo a mesma proporção para nós dois. Brahms não queria sentar perto de mim e isso era óbvio.

Agora encaro-o na outra ponta da mesa, não podendo notar se ele olhava para mim ou não. Mas só de pensar que ele havia feito toda essa comida para nós... Parecia algo feito até mesmo por um restaurante.

- Não olhe para mim. Coma.

- Você não irá comer?

- Vou.

Abaixo a minha cabeça e encaro o meu prato deparando-me com outro problema... Haviam vários tipos de talheres e três copos diferentes, eu não sabia como usar aquilo...

Acho que Brahms não vai notar se eu usar qualquer um deles, talvez ele nem perceba com a distância em que estamos.

Pego o maior copo e coloco um pouco de vinho, mas escuto uma batida na mesa do outro lado.

- Irei deixar um livro de etiquetas na sua cama.

- Está bem...

Para mim o que importava era comer, não essa idiotisse de pegar cada comida com um garfo diferente, eu não havia crescido assim.

Tento olhar de relance para Brahms, ele segurava sua máscara um pouco acima do seu rosto, aparecendo apenas a sua boca...

Ele parecia um homem normal de qualquer forma, mas eu sabia que ele não era...

Começo a me servir, eram tantas opções... Ainda estou intrigada pelo motivo dele ter feito esse jantar para nós dois, ele não queria apenas me alimentar ou então só teria levado a comida lá embaixo.

Destampo os pratos em minha frente, o cheiro era maravilhoso... E para a minha surpresa tinham alguns dos meus pratos preferidos, camarão ao molho, carne feita na mostarda que se dissolvia na boca, era tudo perfeito.

- Está delicioso Brahms, isso é incrível.

Tento puxar algum assunto elogiando ele, mas nada responde, apenas comendo a sua comida também...

Aos poucos vou terminando de comer, meu estômago já estava ficando cheio e eu não poderia mais fazer esforço com toda aquela comida.

- Muito obrigado pelo jantar...

Falo passando um guardanapo em minha boca. Brahms larga os seus talheres, fazendo um pequeno barulho sobre a mesa.

- Por que voltou aqui?

Meu corpo congela por alguns instantes, não esperava essa pergunta tão repentinamente.

- Eu prometi para os seus pais, Brahms... Prometi que cuidaria de você.

- Não preciso mais que alguém cuide de mim.

Ele fala ainda na mesma posição com a sua voz ecoando pelo salão...

- Senti que não poderia deixar você...

- Então depois que você rasgou o meu estômago, foi isso o que sentiu?

- Brahms, eu não tive opção naquela noite! Você iria matá-lo!

- Se você se preocupa tanto assim com aquele idiota do mercado, não deveria ter voltado.

- Voltei porque me preocupo mais com você!!

- Como irei saber se é realmente isso o que quer aqui, Greta?

- Por qual outro motivo eu voltaria??

Agora Brahms levanta-se da cadeira e começa a ir em minha direção lentamente...

- Para ver se eu já estava morto e levar a minha herança.

Contraio os meus olhos sem acreditar no que eu estava ouvindo dele...

- Se eu realmente quisesse isso, teria trazido a polícia junto comigo! E eu fui entrevistada por eles no hospital, protegi você! Eles nem se quer sabem de sua existência...

Falo tudo isso de uma só vez... Seja lá qual fosse a teoria de Brahms, ele estava errado sobre mim e minhas intenções.

Brahms - Conexão FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora