Brahms - Conexão Fatal

CAP. 16 - Mortes Queridas

Andamos até o piso de baixo, chegando à rústica sala de jogos do patrono da mansão.

Mas assim que faço menção em continuar andando para o porão, Brahms agarra a minha mão mais forte ainda.

Encaro-o sem entender, apenas parando em frente a mesa de sinuca, seu peito transpira entre os músculos enquanto seus suspiros abafados saiam pelas laterais da máscara...

- Eu pensei que...

- Tome uma taça de vinho comigo.

Franzo o cenho, com a dúvida pairando em minha cabeça, mas não havia motivos para não aceitar o seu convite... A tarde havia sido tão satisfatória com ele.

- Está bem...

Brahms aponta para o sofá de couro, fazendo-me andar até a direção dele lentamente.

Observo-o ir até o bar no canto da grande sala, abrindo os enormes armários de vidro, com diversos tipos de bebidas, passando seus dedos por variados vinhos...

- Tem alguma preferência?

Sua voz grossa e autoritária vira-se para mim, deixando-me sem jeito sabe-se lá por qual razão...

- Confio no seu gosto.

Ele retira uma garrafa vermelha, com cristais escuros encravados na mesma, pegando duas taças dependuradas nos suportes sobre o balcão.

Brahms preenche os vidros, indo em minha direção, fazendo o meu coração pulsar mais forte ainda quando se senta ao meu lado...

Ele oferece a taça para mim, seguro no mesmo instante e dou um pequeno gole... Nossa, o gosto era realmente incrível, parecia ter morango suave misturado na bebida!

Observo-o levantar com cuidado sua máscara, levando a taça até os seus lábios... Mas antes que eu pudesse ver com mais detalhes o que havia ali embaixo, Brahms segura o meu queixo e o vira para frente.

- Não é educado encarar fixamente as pessoas, senhorita Greta.

Abaixo a minha cabeça, desapontada por apenas ter visto a silhueta de um queixo másculo entre as sombras da máscara...

- Sinto muito...

Falo tomando outro gole do vinho, como se aquilo fosse aliviar a situação... Escuto Brahms soltar um leve suspiro enquanto apoia seus braços sobre os joelhos.

- Senhorita Greta, prometo ser breve.

Ele coloca a taça de vinho sobre a mesa de vidro em nossa frente, cruzando os seus braços em seguida.

Olho para ele sem entender as suas intenções com aquele convite para beber.

- Você seguirá a risca o cronograma que fiz para nós.

- Ah... Como fazíamos antes?

- Não, comigo você terá novas experiências.

Coloco o meu vinho sobre a mesa também, quase me engasgando com aquela frase.

- Você poderia citar algumas delas, senhor Brahms?

Falo dando um sorriso de canto em sua direção. Logo ele retira do bolso da frente de sua calça um tanto larga, um papel dobrado.

- Para você.

Seguro a folha, a qual ele me oferece, passando os meus olhos por aquela grade de atividades...

Segundas-feiras:

- Escutar e tocar músicas clássicas, treinar e estudar instrumentos e livros musicais.

Terças-feiras:

- Passeios ao redor do jardim da casa, explorar o ar livre.

Quartas-feiras

- Leitura de poesias e livros de contos de histórias.

Quintas-feiras

- Limpeza da casa. Última quinta do mês ir até o vilarejo para fazer compras.

Sextas-feiras

- Leitura de livros estrangeiros e aprendizagem de novas línguas.

Sábados

- Repetir passeios ao redor da casa.

Domingos

- Descanso.

Nossa, isso realmente era bem meticuloso... Acho que Brahms não precisava de mim para fazer tudo isso.

- Isso é apenas para a parte da tarde.

- Mas... E durante as manhãs?

- Você irá retirar os ratos das ratoeiras dentro e ao redor da casa todos os dias.

- Eu me lembro quando seus pais falaram sobre..

- Meus pais estão mortos, agora eu dou as ordens aqui.

Encolho os ombros e apenas aceito aquela situação, afinal fui eu quem escolhi voltar para cá... Deveria acatar com as consequências disso.

- Está bem... Começamos amanhã então.

Levanto-me do sofá, esperando Brahms fazer o mesmo, mas ele apenas fica me encarando de onde estava...

- Não me decepcione.

Logo ele se levanta, passando sua mão por meu ombro e direcionando-me até o porão abaixo...

- Não vou...