CAP. 91 - Olhos Desfocados

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O carro estava em alta velocidade, os vidros estavam fechados com chuviscos cortando-os com o vento, e o silêncio era fatal.

Deveria ser quase de tarde, não sentia-me bem ali... Os olhos de Brahms, mesmo silenciosos, pareciam estar apreensivos, até mesmo irritados por estar fazendo aquilo.

O que teria de tão complicado em ir a um simples vilarejo... Não entendia Brahms...

Estávamos chegando, após um pouco mais de meia hora de viagem, em uma estrada sem visão. Conseguia ver algumas casas aumentaram conforme o carro aproximava-se das ruas povoadas.

Não encarava aquilo como um vilarejo, mas sim como uma pequena cidade, mesmo que afastada, teria lojas e pequenos prédios, os quais eram construções um tanto antigas.

- Vamos pegar isso logo e ir embora daqui.

- Mas.. Eu queria explorar o lugar com você.

- Posso te levar a qualquer lugar do mundo, menos nesse poço de merda.

Fico calada por alguns segundos, pensando em uma resposta plausível...

- Por que não gosta deste lugar?

- Chamaram uma criança de assassino por anos, sem nem sequer saber a real história. São pobres e nojentos.

- ... Brahms... O passado deve ficar no passado.

- NÃO FOI VOCÊ QUEM PASSOU POR ISTO! Então não fale o que não sabe.

Encolho os meus braços entre as pernas, ficando acanhada por alguns minutos... Eu até poderia compreender o fato dele não gostar deste lugar, mas guardar um rancor assim por tanto tempo...

Brahms deveria tentar superar e seguir em frente, por mais dolorido que fosse.

Escuto ele suspirar ao meu lado, apertando o volante em apreensão.

- Podemos ir em um lugar próximo daqui, assim que pegarmos os jornais. Você irá gostar.

- Está bem... Que lugar seria?

- Uma cachoeira.

- Hm, você conhece muito desta região, mesmo tendo ficado tanto tempo preso dentro daquela mansão...

- Preso? Não, Greta. Jamais estive preso naquele lugar.

- .. Você saia de lá?

- Sim, raramente, mas sim. Às vezes era bom respirar um pouco de ar puro do campo.

Pensei que Brahms ficasse preso dentro naquelas paredes desde que o incêndio aconteceu... Não cogitei que ele poderia sair de lá e ir sabe-se Deus para onde.

- E você gostava de ir para quais lugares?

- Hm, no começo, ficava perambulando pelo jardim, arisco... Mas assim que aprendi a dirigir, vim para o vilarejo.

- E o que você fazia aqui?

- Vingança.

Não quero imaginar qual tipo de vingança ele teria feito... Apenas pelas pessoas falarem por suas costas, não daria o direito de retirar as suas vidas.

- Acho que o rancor só está atrapalhando a sua vida.

- Por enquanto, não tenho mais rancor quanto a ninguém.

Brahms fala após estacionar o carro em frente a uma loja pequena, a qual vendia livros, parecendo ser um sebo cultural.

- Espere-me aqui.

- Não, quero ir junto.

- Você está testando a minha paciência.

- Senão o quê? Não tenho mais medo de você.

Falo puxando a trava do carro e indo em direção as portas de vidro da livraria, que continham cartazes e propagandas de filmes e livros.

Um pequeno sino é tocado assim que entro, escutando os passos de Brahms apressados atrás de mim.

?. - Senhora? Como posso ajudar?

Uma garota, jovem e de cabelos castanhos, estava em uma das estantes, arrumando alguns livros.

- Olá, você teria os jornais de toda a semana e os da semana passada?

?. - Claro, os dessa semana ainda temos em estoque, mas os de semana passada já acabaram.

- Ótimo. Gostaria de algumas revistas novas também.

Mas a moça que estava em minha frente não teria sua atenção focada em mim... Olho para trás e vejo que seus olhos estavam grudados na porta, a qual Brahms estava parado...

 Olho para trás e vejo que seus olhos estavam grudados na porta, a qual Brahms estava parado

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Brahms - Conexão FatalWhere stories live. Discover now